Ação da XP cai mais de 50% em 2024 e tem recomendação neutra
O Safra vê a XP sendo negociada a 8x a relação entre preço e lucro, semelhante ao primeiro trimestre de 2023 e próximo aos níveis mais baixos; recomendação é neutra
20/01/2025
O Safra verifica um valor acima da média dos últimos 2 anos para a ação da XP, mas abaixo do nível de 7% do primeiro trimestre de 2023 | Foto: Getty Images
As ações da XP (XPBR31) caíram mais de -50% em 2024, principalmente devido à mudança de uma perspectiva de ciclo de flexibilização para um aperto monetário, com a consequente deterioração na perspectiva de crescimento de receitas da empresa.
Ainda assim, os especialistas do banco Safra notam uma maior resiliência nas estimativas de lucros da empresa com base no consenso, apoiada por fortes esforços em termos de eficiência de custos e otimização de capital.
Assim, após a redução do múltiplo, o Safra vê agora a XP sendo negociada a 8x P/L, semelhante ao primeiro trimestre de 2023 e próximo aos níveis mais baixos.
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É o momento de compra da ação da XP?
O atual cenário se repete para a maior parte das ações brasileiras, em função das perspectivas para o cenário fiscal do país e para a taxa Selic em 2025.
Analisando o atual prêmio de risco implícito em ações, o Safra verifica um valor de 5,5%, acima da média dos últimos 2 anos de 2,8%, mas abaixo do nível de 7% do primeiro trimestre de 2023.
O rendimento dos lucros é praticamente o mesmo em 12,5%, mas a taxa livre de risco real é 150 pontos base mais alta agora. Além disso, podemos argumentar que o crescimento dos lucros da XP nos próximos 2 anos ficará aquém do desempenho do BTG Pactual (também em 8x P/L) nas previsões do Safra, ou similar ao Itaú Unibanco, que é mais barato a 7x P/L e tem um sólido rendimento de dividendos de 11%.
Em comparação com o último ciclo de aperto, os players tradicionais melhoraram suas plataformas de investimento, força de vendas e prateleira de produtos, aumentando a concorrência por novas entradas de capital.
Lucros da XP permanecem estáveis, mas a receita perde força
O Safra revisitou as previsões para os próximos anos, e a conclusão é que o lucro líquido permanece praticamente inalterado em R$ 4,945 bilhões em 2025 e R$ 5,556 bilhões em 2026 (ambos com variação de -1% desde nossa última atualização), crescendo 9% A/A e 12% A/a, -1% e -2% vs. consenso, respectivamente.
No entanto, a receita deverá ficar abaixo das estimativas anteriores do Safra em -4% em 2025 e 2026. Isto é em grande parte explicado pela menor atividade em DCM, pois o banco espera que as novas emissões caiam -20% em relação a 2024, sem mencionar incerteza quanto a um potencial fim da isenção fiscal sobre os FIIs sob a reforma tributária iminente.
O Safra vê a entrada de dinheiro novo contraindo -15% em 2025, à medida que os investidores tendem a gravitar em direção a produtos mais seguros em condições de mercado mais desafiadoras, como CDBs.
Assim, os especialistas do Safra esperam forte pressão sobre as receitas de renda fixa e de serviços de emissão pesando sobre lucro bruto.
O mau remédio: controle rigoroso de custos
A XP tem insistido no “mantra” de expansão da margem EBT, uma das métricas das projeções (guidance) de 2026 compartilhadas no último dia do investidor. Num cenário de receita mais fraca, o Safra acredita que a XP focará no controle de os custos.
Conforme o Safra observou no início da cobertura da ação da XP, as estimativas continuam aquém dos intervalos da orientação, principalmente em termos de receitas, devido aos fatores acima mencionados e uma falha nas iniciativas de venda cruzada.
Especificamente na margem EBT, consideramos uma melhoria nos próximos dois anos, chegando a 29,7% em 2026 (-30 pontos base abaixo do limite inferior da orientação).