Usiminas tem preço-alvo rebaixado e recomendação de venda
O Safra passou a ter uma visão mais negativa quanto à melhoria dos lucros da Usiminas após o primeiro trimestre
25/04/2025
As ações da USIM5 subiram 13% desde o início do ano (18% até quinta, dia 24), apesar da pior perspectiva para os resultados | Foto: Getty Images
O Banco Safra revisou o preço-alvo da Usiminas (USIM5) para o final de 2025 de R$ 6,80 para R$ 5,00 por ação, implicando uma queda de 14%, e rebaixando a ação para Venda.
As ações da USIM5 subiram 13% desde o início do ano (18% até quinta, dia 24), apesar da pior perspectiva para os resultados, o que os analistas do Banco Safra consideram injustificado.
O Safra passou a ter uma visão mais negativa quanto à melhoria dos lucros da Usiminas após o primeiro trimestre, pois esperam que os preços do aço doméstico caiam ainda mais e compensem uma redução nos custos, e o banco projeta que essa perspectiva se estenda até 2026.
O Safra reduziu as previsões de EBITDA em ~11% em média, implicando uma queda de 9%–13% em relação às previsões de consenso. Embora acredite que as estimativas do lado comprador estejam mais próximas das novas estimativas, portanto abaixo do consenso, os analistas do Safra temem que notícias marginalmente negativas sobre preços possam penalizar a ação devido à alta alavancagem operacional da empresa (ou seja, cada queda de 1% nos preços realizados domésticos reduz o EBITDA trimestral em R$55 milhões, ou 7%).
Além disso, os rendimentos de fluxo de caixa livre não parecem atraentes em 1% em 2025 e -3% em 2026, após considerar um capex ajustado para condições de mercado desafiadoras para o período, em R$1,5 bilhões.
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Sentimento de demanda mais fraco + disponibilidade crescente = preços mais baixos
As importações de aço permanecem em níveis alarmantes, e as tarifas do sistema de cotas implementadas em 2024 se mostraram ineficazes até agora. Por exemplo, o consumo de aço plano cresceu 14% a/a em 3M25, mas as vendas domésticas cresceram 4pps menos.
O cenário parece desfavorável para os fabricantes de aço locais, à medida que o preço do HRC da China cai (-5% Desde o início do ano) e as exportações do país aumentam (+6% a/a em março; 126mt anualizado).
O Brasil também tem ficado atrás de outros países em tarifas protecionistas contra importações de aço. Perspectivas de demanda mais fracas, juntamente com oferta abundante e um BRL mais forte, contribuíram para uma queda de 7% no preço do HRC no Brasil desde os picos de março.
Os analistas do Safra acreditam que a tendência de queda pode continuar nas próximas semanas, uma visão cautelosa compartilhada pela administração da Usiminas durante sua teleconferência de resultados. As importações de aço plano por dia útil cresceram 28% a/a nas primeiras 3 semanas de abril, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), implicando que a penetração das importações de aço pode atingir um recorde no mês.
Usiminas tem estimativas reduzidas e preço mais baixo do aço supera custos mais baixos
O Banco Safra reduziu a previsão de EBITDA para 2025 em 8% para R$ 2,54 bilhões (9% abaixo do consenso), ao considerar a recente queda nos preços domésticos e as expectativas de novos descontos, com os preços caindo no 2T25 e recuperando no 4T25 à medida que medidas antidumping são implementadas.
Os analistas reconhecem uma perspectiva melhor para os custos respaldada por um BRL mais forte e preços mais baixos de matérias-primas, mas acreditam que isso não é suficiente para compensar a queda esperada nos preços.
Assumindo uma redução adicional de 1% nos preços domésticos da Usiminas durante o 2T25–4T25, o Safra cortaria a estimativa de EBITDA para R$ 2,4 bilhões.
Mais importante, o Safra está reduzindo a visão dos preços do HRC chinês estruturalmente, comprometendo ainda mais o EBITDA de 2026, agora em R$2,7 bilhões (~14% abaixo das estimativas anteriores e do consenso).
Em uma nota positiva, o Safra aumentou a previsão de EBITDA de Mineração para refletir preços mais altos em 2025 (qualidade e preços de mercado).