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Versão final da taxonomia sustentável brasileira é aprovada

Brasil aprova primeira edição de documento que será referência para investimentos sustentáveis, com inovações a serem apresentadas na COP 30, em Belém

Taxonomia sustentável

Atividades econômicas contempladas pela taxonomia sustentável serão amliadas, incluindo minerais críticos, veículos e setores de bioeconomia, biodiversidade, economia circular e uso sustentável do solo | Foto: Getty Images


O Comitê Interinstitucional da Taxonomia Sustentável Brasileira (CITSB) concluiu a aprovação final dos cadernos técnicos da Taxonomia Sustentável Brasileira (TSB). O instrumento estabelece critérios para classificar atividades econômicas de acordo com seus impactos socioambientais e climáticos no País.

A taxonomia sustentável brasileira deu prioridade, na primeira edição, a três grandes objetivos: mitigação e adaptação à mudança do clima e redução das desigualdades socioeconômicas, considerando aspectos de gênero e raça. “A nossa taxonomia das finanças sustentáveis não reproduz tão simplesmente outras métricas, mas olhou e se preocupou em atender as prioridades nacionais”, afirmou a subsecretária de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Ministério da Fazenda (MF), Cristina Reis.

Foram produzidos oito cadernos técnicos setoriais, dois temáticos, um de salvaguardas e anexos, totalizando 880 páginas. O processo envolveu mais de 350 pessoas de 63 instituições, incluindo representantes da sociedade civil, governo, consultorias e especialistas.

O documento é uma construção coletiva que abrange oito setores, organizados conforme a Classificação Nacional das Atividades Econômicas (CNAEs): agricultura, pecuária, proteção florestal, pesca e aquicultura; indústria extrativa; indústria de transformação; eletricidade e gás; água, esgoto, resíduos e descontaminação; construção; transporte, armazenagem e correio; e serviços sociais, incluindo turismo, planejamento urbano e tecnologias de informação e telecomunicações.

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Taxonomia sustentável brasileira terá implementação gradual

A implementação da taxonomia sustentável será gradual, com adaptação de regramentos pelos reguladores financeiros, alcançando empresas de grande porte e instituições financeiras e respeitando prazos para monitoramento, relato e verificação.

Entre os próximos passos, está prevista a ampliação das atividades econômicas contempladas, incluindo minerais críticos, veículos automotores e setores ligados à bioeconomia e biodiversidade, economia circular e uso sustentável do solo. Também haverá instrumentos para facilitar o reagrupamento das CNAEs, além de diretrizes específicas para micro, pequenas e médias empresas.

COP 30 e inovação

No cenário internacional, a taxonomia sustentável será um dos destaques do Brasil na COP 30, em Belém. Segundo Cristina Reis, o país está liderando o esforço de construir uma “super taxonomia”, capaz de promover interoperabilidade entre diferentes sistemas pelo mundo.

A proposta brasileira apresenta inovações reconhecidas globalmente, como a inclusão da indústria extrativa e mineral e a incorporação de objetivos sociais inéditos. “É a primeira taxonomia a trazer o aspecto racial, em conformidade com o ODS 18, que a presidência do Brasil já incorporou e vem discutindo no âmbito da ONU. Então, na COP 30, a gente vai tentar avançar esses princípios de interoperabilidade”, destacou.

O coordenador-geral de Análise de Impacto Social e Ambiental do MF, Matias Cardomingo, reforçou o caráter inovador do documento. “Não só nós somos o primeiro país a incluir o objetivo de raça, mas nós somos o primeiro país a publicar o caderno de metodologia e a explicação dos critérios da seleção das atividades”, salientou.

Além disso, o Brasil é pioneiro em oferecer uma definição de salvaguardas mínimas, indicando as legislações e os indicadores demonstrados. “Somos o primeiro país a fazer uma publicação do caderno de monitoramento, relato e verificação junto com a ferramenta, com aprofundamento conceitual e com robusto engajamento dos reguladores do sistema financeiro nacional”, acrescentou.

Instituído pelo Decreto n° 11.961/2024, o Comitê Interinstitucional da Taxonomia Sustentável Brasileira é responsável pelo desenvolvimento e acompanhamento da implementação do sistema de classificação de atividades, ativos e projetos alinhados à estratégia brasileira para a sustentabilidade.

Presidido pelo Ministério da Fazenda e formado por 27 entidades governamentais, o Conselho incluiu 18 entidades da sociedade civil em seu Comitê Consultivo – quatro organizações representativas das instituições financeiras, oito organizações representativas dos setores de atividade econômica abarcados na taxonomia, duas organizações sindicais e/ou de movimentos sociais, duas organizações do terceiro setor e duas organizações do setor acadêmico.

O que é a Taxonomia

A Taxonomia Sustentável Brasileira é um sistema que classifica quais atividades econômicas são sustentáveis. É um catálogo que identifica e define, com base científica e de forma objetiva, atividades econômicas, ativos e projetos que contribuem para objetivos ambientais, econômicos e sociais estabelecidos pela sociedade brasileira.

A ferramenta orienta investidores e empresas na escolha de investimentos que realmente beneficiem o planeta e a sociedade, reduzindo os riscos do chamado “greenwashing” – prática em que empresas alegam adotar medidas sustentáveis, mas não as implementam de fato.

  • Ajuda o Brasil a cumprir seus compromissos internacionais de redução das emissões de gases de efeito estufa;
  • Evita barreiras ambientais para exportações e investimentos internacionais ao dialogar com taxonomias de outros países;
  • Responde aos desafios ambientais e sociais do país, alinhando-se a objetivos e planos prioritários nacionais.

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