Copom eleva hoje Selic a 13,25% ao ano e Fed deve deixar juros onde estão
Nesta superquarta, haverá decisões de política monetária no Brasil e nos EUA. O Copom deve elevar os juros em 1 ponto porcentual, e FOMC deve manter a taxa atual
29/01/2025
Banco Central deve elevar a taxa básica de juros em um ponto percentual na reunião desta superquarta, segundo o consenso do mercado financeiro | Foto: Getty Images
O calendário econômico no Brasil e nos Estados Unidos coincide nesta superquarta, quando haverá decisões do Comitê de Política Monetária do Banco Central do Brasil (Copom) e do FOMC, o comitê do Federal Reserve, nos EUA. Será a primeira decisão sobre a taxa básica de juros (Selic) do Copom com o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, nomeado pelo governo Lula.
Nos Estados Unidos, será a primeira reunião de política monetária neste segundo governo de Donald Trump. O presidente americano recém-empossado criticou as altas taxas de juros em discurso por vídeo no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, na semana passada. Trump disse que vai “exigir” taxas de juros mais baixas no país.
No Brasil, o mercado espera que o Banco Central deverá seguir a orientação dada na reunião anterior e elevar a Selic em 1 ponto, para 13,25%. Para as próximas reuniões, a leitura da ampla maioria é de que o ciclo de aperto dos juros pode chegar a 15%, bem acima dos 14,25% indicados pelo Banco Central, por causa da pressão da inflação.
Nos Estados Unidos, o Fomc deve anunciar às 16 horas de hoje uma pausa no ciclo de cortes de juros, mantendo a taxa no intervalo entre 4,25% e 4,50%. O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, fala em seguida e a expectativa do mercado é a de que ele dê alguma sinalização do que poderá vir pela frente. O aumento da incerteza, com maior risco inflacionário, já foi observado pelo Fed, que sinalizou redução no ritmo de flexibilização dos juros.
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Copom deve elevar os juros na primeira superquarta de 2025
Uma pesquisa do jornal Valor Econômico com 120 instituições mostra que todas esperam que o Banco Central eleve a taxa básica de juros em um ponto percentual na reunião desta superquarta. A mediana das respostas para a taxa de juros no fim de 2025 está em 15% – 0,75 ponto percentual acima dos 14,25% já sinalizados pela orientação futura do Copom emitida em dezembro. Apenas 13 das 120 instituições esperam que a Selic termine o ano abaixo de 14,25%, ou seja, a grande maioria do mercado vê pouco espaço para um afrouxamento monetário neste ano.
Nos EUA, repressão aos imigrantes ilegais reduz oferta de mão-de-obra
Nos Estados Unidos, os dados de mercado de trabalho vieram mais fortes em dezembro. O crescimento do número de posições ocupadas reportado pelas empresas excluindo o setor agrícola (pesquisa payrolls) foi de 256 mil, valor mais alto que a mediana das previsões de mercado e do que os 212 mil do mês de novembro, que já havia sido mais forte por devolver os fatores climáticos e de greves que haviam prejudicado o saldo em outubro.
Essa métrica é importante, pois reflete o nível da atividade do ciclo econômico. O fato de ter permanecido em patamar baixo foi destacado por membros do Fed para justificar a menor preocupação com o risco de desaquecimento excessivo do mercado de trabalho.
O número de postos em aberto também voltou a aumentar na divulgação mais recente da pesquisa JOLTS, referente ao mês de novembro. Esse número voltou a ficar acima de oito milhões, embora muito dessa alta tenha sido concentrada na categoria de serviços profissionais, segundo relatório do Banco Safra. Dessa forma, o excesso de demanda por mão de obra voltou a subir, contrariando a tendência de queda que sugeria esse excesso vir a desaparecer no final do ano.
A oferta de mão de obra cresceu nos últimos anos, muito em razão do aumento de imigrantes na força de trabalho. Em regra, a taxa de participação no mercado de trabalho é maior para os imigrantes em comparação com a dos americanos natos. Dessa forma, o aumento da entrada de imigrantes a partir de 2021 refletiu em mais pessoas dispostas a trabalhar na economia, o que foi importante para aliviar a pressão no mercado de trabalho e, consequentemente, desacelerar o custo trabalhista.
A entrada de imigrantes nos EUA cresceu consideravelmente nos últimos anos. Isso aconteceu em razão de uma série de flexibilizações na política imigratória a partir do início de 2021. Conforme os dados das autoridades imigratórias dos EUA, entre os anos de 2012 e 2020, a média de imigrantes identificados cruzando a fronteira sul foi de aproximadamente meio milhão por ano, número multiplicado por cinco em 2022 e 2023.
Esse crescimento foi objeto de muitas críticas, que levaram o governo a recuar nessas flexibilizações, especialmente ao longo de 2024. O maior rigor nas regras de permanência já fez com que a entrada de imigrantes caísse nos últimos meses. Assim, é possível que isso se transforme em um fluxo menor de trabalhadores na força de trabalho nos próximos trimestres, segundo análise dos especialistas do Banco Safra.
Uma política imigratória mais restritiva tende a diminuir a oferta de mão de obra, com possíveis reflexos em salários e na inflação. O impacto na oferta de trabalho pode ser ainda maior com o plano de deportação maciça de imigrantes irregulares. Também há a possibilidade de que um endurecimento no combate à imigração ilegal seja acompanhado de alguma facilitação para a imigração legal de trabalhadores altamente qualificados.
Para os especialistas do Banco Safra, os dois meses após o início do governo em 20 de janeiro poderão dar mais clareza aos rumos da economia dos Estados Unidos, facilitando que o Fed anuncie eventuais ajustes na trajetória de juros por volta da reunião programada para março.