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Sucessão familiar desafia 90% das empresas no Brasil

Apenas 3% das companhias de perfil familiar chegam à quarta geração; Protocolo Familiar estabelece regras que cooperam com transição

Protocolo Familiar cumpre função de regulamentar negócios dentro do âmbito de planejamento familiar | Foto: Getty Images

Protocolo Familiar cumpre função de regulamentar negócios dentro do âmbito de planejamento familiar | Foto: Getty Images

Nove em cada dez empresas no Brasil têm perfil familiar, segundo dados do IBGE, e todas compartilham um desafio: a sucessão da liderança para membros da família. Somente 12% conseguem fazer a transição para os netos dos fundadores, a terceira geração. Neste contexto, o Protocolo Familiar pode cumprir um papel importante na transição de liderança para futuras gerações no comando das companhias.

Empresas de perfil familiar são negócios em que uma família é a proprietária e controladora dos negócios, com membros da família sendo parte da administração, operação ou até mesmo investimento. Essas companhias são responsáveis por cerca de 65% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro e empregam 75% da mão de obra no País – ainda segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Se índice de transição para a terceira geração já chama atenção, os para a quarta são alarmantes. As empresas que conseguem passar o comando para a geração dos bisnetos são uma raridade, com apenas 3% alcançando esse feito.

Elaboração de um Protocolo Familiar deve ter envolvimento de todos os membros da família maiores de idade envolvidos nos negócios | Foto: Getty Images

Entre as dificuldades nessa passagem de bastão para as gerações futuras, se destacam a preparação de líderes dentro do âmbito familiar e as diferenças em formatos e conhecimentos de gestão de negócios em gerações variadas. É nesses aspectos – e outros – que o Protocolo Familiar pode agir para diminuir interpretações.

O que é o Protocolo Familiar?

É um documento formal que estabelece as regras da governança familiar em um sistema de regras baseado nos procedimentos alinhados pelos valores, visão e missão compartilhados pela família.

Além disso, o Protocolo Familiar cumpre o papel de planejamento, estabelecendo limites claros na separação de assuntos de âmbito exclusivamente familiar daqueles que digam respeito à sociedade e à gestão.

O objetivo é garantir que o negócio seja sustentável para as próximas gerações, com metas e normas em comum, transformando o documento em um relevante instrumento para resolver conflitos familiares.

Saiba mais

Como iniciar um Protocolo Familiar

Não há um modelo de como elaborar um Protocolo Familiar, pois ele deve atender às particularidades da família e dos negócios, mas é importante o consenso de todos os membros da família empresária maiores de idade e a constituição de um Conselho de Família comprometido a seguir as regras estabelecidas.

Resoluções do Protocolo Familiar podem ser reduzidas ou mais extensas e devem considerar particularidades dos negócios | Foto: Getty Images

A extensão de temas e resoluções pode ser mais resumida, abordando assuntos como capacitação e empregabilidade de membros da família, questões de conflitos de interesses e ampliação e/ou uso de bens vinculados aos negócios atuais, ou até mesmo mais ampliada, chegando a contextos de qual legado que a família quer deixar, o uso de nomes e sobrenomes em empresas e produtos e ações de filantropia.

É recomendado que o protocolo familiar seja desenvolvido com a ajuda de profissionais especializados em sucessão familiar e Wealth Management, que podem trazer mais neutralidade ao processo, e com um prazo de vigência definido para atualizações.

Quão amplo e utilizável é?

O Protocolo Familiar não tem execução jurídica, cumprindo uma função importante ao evitar conflitos familiares e no estabelecimento de regras que auxiliam na transição da liderança dentro do âmbito da família.

Não é possível, por exemplo, perder o direito de herança por descumprimentos em relação ao documento. Por isso, é fundamental que o consenso da constituição do documento envolva todas as gerações, já que sua efetividade e produtividade também dependem do comprometimento de todos.

Muito embora seja um documento escrito e assinado pelos membros da família, o Protocolo Familiar cuida dos familiares como família. É um dos pontos que o diferencia do Acordo de Acionistas, que trata dos familiares como sócios e estabelece as premissas e normas para orientar as decisões na direção da gestão da empresa familiar.

Portanto, uma boa-prática em Protocolos Familiares é não avançar em regras de convivência entre sócios – independentemente de serem também familiares.

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