Mercado de trabalho perde fôlego, mas rendimento médio cresce
Taxa de desemprego aumentou de 5,8% em agosto para 5,9% em setembro e comércio elimina cerca de 102 mil postos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
31/10/2025
Apesar da piora marginal nos indicadores de ocupação, os rendimentos mantiveram trajetória positiva | Foto: Getty Images
A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD Contínua) de setembro confirmou os sinais de perda de dinamismo do mercado de trabalho.
O principal sintoma desse enfraquecimento é a redução da população ocupada em 106 mil pessoas no mês passado, acumulando queda de 230 mil pessoas nos últimos dois meses, com ajuste sazonal.
Assim, a taxa de desemprego aumentou de 5,8% em agosto para 5,9% em setembro, ajustada sazonalmente (permaneceu em 5,6% sem ajuste).
Esse aumento da taxa de desocupação foi suavizado pela queda da força de trabalho. O destaque negativo na abertura por setor foi o comércio, que eliminou cerca de 102 mil postos em setembro.
Já na abertura por posição, houve retração mais intensa no emprego informal, especialmente com o recuo de 54 mil pessoas no setor privado sem carteira assinada.
PNAD Contínua mostra aumento do rendimento médio
Apesar da piora marginal nos indicadores de ocupação, os rendimentos mantiveram trajetória positiva. O rendimento médio efetivo nominal avançou 0,7% m/m na margem com ajuste sazonal, acelerando frente ao mês anterior (0,4% m/m).
Na comparação interanual, houve alta de 8,8% a/a, também acima do resultado anterior (8,6% a/a).
Os especialistas do Banco Safra destacam que o crescimento dos salários foi puxado pelos trabalhadores informais, sugerindo que parte da alta dos rendimentos pode estar associada a um efeito-composição — com a saída de trabalhadores de menor rendimento.
Os microdados que serão divulgados no próximo mês ajudarão na análise eventuais efeitos-composição.
Perda de dinamismo do mercado tende a se intensificar
Nos próximos meses, a perda de dinamismo do mercado de trabalho deverá se intensificar, segundo a projeção do Banco Safra.
O ciclo de aperto monetário, que já está arrefecendo a atividade e tem prejudicado a confiança dos empresários, continuará impactando o emprego ao longo do quarto trimestre.
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