O plantio da nova safra avança em ritmo assimétrico pelo país, marcado por irregularidade nas chuvas no início de outubro e previsão de normalização pluviométrica na segunda quinzena. As principais regiões produtoras já começam a sentir os efeitos das primeiras precipitações consistentes — passo essencial para a implantação das culturas de verão.
Clima:
A NOAA/CPC aponta que a La Niña permanece ativa até o início de 2026, com probabilidade superior a 70% no trimestre set–dez. A partir de janeiro, há tendência de neutralidade climática e elevação da probabilidade de El Niño no início do segundo trimestre. Esse movimento exige atenção, principalmente para a janela de plantio da 2ª safra de milho, que depende de chuvas bem distribuídas até abril.
Soja:
Com área em expansão, a semeadura avança de forma desigual: normalizada em boa parte do Sul e Centro-Oeste, mas ainda limitada em trechos do MATOPIBA pela irregularidade hídrica. A expectativa do setor é de que o Brasil renove o recorde de produção, impulsionado pelo aumento de área e melhor cenário climático na virada do ano. O preço médio da soja no Paraná (CEPEA) gira em torno de R$ 133/sc em meados de outubro.
Milho 1ª safra:
A implantação está ligeiramente abaixo da média histórica cerca de 53% da área já semeada, 1 p.p. abaixo da média das últimas cinco safras. Sul e Sudeste avançam bem, enquanto parte de GO e MG ainda enfrenta janelas mais estreitas de plantio.
Algodão:
Produtores sinalizam manutenção ou leve ampliação de área, com forte intenção de plantio em polos tradicionais do MT, BA e PI. A estratégia de soja precoce seguida de algodão de ciclo curto ganha espaço como forma de otimizar o uso da área agrícola.
Trigo:
Com 2,5 milhões de hectares cultivados, a produção nacional está estimada em 7,9 milhões de toneladas, refletindo produtividade elevada especialmente no Paraná. O clima seco na reta final favorece a colheita.
Cenário global:
O USDA/WASDE indica um quadro confortável de oferta global de grãos e oleaginosas, com prêmios internacionais mais ajustados, mas suscetíveis a revisões futuras com base no desempenho climático da América do Sul. Isso tende a manter a paridade de exportação como vetor de preços internos.
Leitura prática:
• Aproveitar boas janelas de plantio onde o regime de chuvas já normalizou;
• Avaliar estratégias de comercialização antecipada, especialmente em soja, onde a exportação segue forte;
• Monitorar La Niña e neutralidade para ajustar a estratégia de milho 2ª safra e algodão.
Fontes: Conab (1º levantamento safra 2025/26), IBGE (LSPA set/25), NOAA/CPC (ENSO), CEPEA/ESALQ, USDA-WASDE.