A nova temporada agrícola já mostra que será marcada por contrastes. De um lado, projeções apontam para uma safra de grãos ainda mais robusta no Brasil; de outro, os custos seguem pressionando margens e exigem cautela na estratégia comercial.
Perspectiva de produção
A Conab indica que o Brasil poderá superar o recorde histórico de produção de grãos observado em 2024/25, com expansão de área e recuperação de produtividade.
Em paralelo, o USDA projeta aumento global na oferta de soja: para 2025/26, a estimativa é de cerca de 426,8 milhões de toneladas, contra 421,99 milhões da safra anterior.
Formação de preços e receitas
Os preços da soja no Brasil mantêm sustentação diante da demanda para esmagamento e do ambiente cambial favorável ao exportador.
Em agosto de 2025, a soja chegou a ultrapassar R$ 140,00 por saca, atingindo máxima do ano e superando os níveis observados no mesmo período de 2024.
Contudo, o mercado futuro mostra deságio crescente frente ao mercado físico, reflexo de expectativas de preço mais contido à frente.
Pressão nos custos agrícolas
Os insumos agrícolas seguem sob forte tensão: fertilizantes, defensivos e combustíveis contribuem para a elevação do pacote tecnológico.
Esse cenário encurta a margem operacional, especialmente em regiões onde a relação de troca (sacas produzidas versus insumos) já começa a ficar desfavorável.
Plantio em ritmo incipiente
Segundo a consultoria AgRural, até meados de setembro o plantio da soja atingia apenas 0,12% da área estimada, liderado pelo Paraná, com entraves de umidade no Mato Grosso.
Em termos de projeção, há estimativa de que o país possa produzir até 180 milhões de toneladas de soja na safra 2025/26, se condições climáticas e logísticas permitirem.
O que acompanhar de perto
- Janelas de aquisição de insumos: negociar fertilizantes e defensivos antes de novas altas.
- Estratégias de hedge/barter: aproveitar períodos de firmeza no mercado físico para travar margens.
- Levantamentos oficiais (Conab): ajustar projeções próprias à evolução dos dados públicos.
- Relação de troca local: regiões com custo mais elevado de insumos podem exigir ajustes no pacote tecnológico.