close

Eduardo Yuki

Panorama macroeconômico para 2025

O ano de 2025 será marcado pelo arrefecimento da demanda interna e aceleração do volume exportado, permitindo um desempenho modesto do PIB real

Família compras

O ciclo de aperto monetário aumentará o comprometimento de renda das famílias com serviço da dívida | Foto: Getty Images

O resultado primário do governo central do Brasil deverá atingir-0,5% do PIB em 2024, dentro da banda da meta ajustada (inclui despesas extraordinárias de ajuda ao Rio Grande do Sul). Para 2025, incorporamos parte do pacote de contenção de despesas aprovado pelo Congresso, o que permite estimar que a despesa do governo central continuará em 19,0% do PIB e o déficit primário ficará em 0,6% do PIB, também próximo da banda inferior da meta ajustada aos precatórios.

Apesar disso, a necessidade de medidas adicionais de contenção de despesas obrigatórias para a manutenção do arcabouço fiscal no médio e longo prazo gerou incerteza e contribuiu para a desvalorização cambial.

A nossa moeda depreciou cerca de 27% em relação ao dólar americano em 2024, sendo metade desse movimento apenas no último trimestre, o que pressionará a inflação ao longo do primeiro semestre de 2025.

Isso levou a autoridade monetária a elevar a taxa Selic para 12,25% a.a. em dezembro e sinalizar aumentos de mesma magnitude nas próximas duas reuniões do Copom. Dessa forma, esperamos que a taxa básica de juros caminhe para 14,75% a.a. em maio de 2025.

O ciclo de aperto monetário aumentará o comprometimento de renda das famílias com serviço da dívida. A consequência natural será o arrefecimento da concessão de crédito, de forma que o consumo das famílias crescerá apenas 0,9% em 2025.

O elevado custo de capital também prejudicará as decisões de investimentos e contratação de novos trabalhadores pelas empresas. Assim, esperamos que a demanda doméstica cresça apenas 1,0% no próximo ano, praticamente o carrego estatístico. Por outro lado, o forte crescimento da produção da commodities agrícolas e energéticas impulsionará nossas exportações.

Estimamos crescimento do PIB real em1,5%no próximo ano. A inflação será pressionada pelos impactos diretos e indiretos da desvalorização cambial na primeira parte do ano.

O esfriamento da demanda interna ajudará a conter essas pressões no segundo semestre. Assumindo uma taxa de câmbio de R$ 6,10, projetamos IPCA de 4,5% em 2025.

Eventual alteração no valor da moeda poderá alterar este número. Outro efeito positivo da expansão da produção de commodities acontecerá na balança comercial, que apresentará um robusto superávit em torno de US$ 75 bi em 2025.

A conta corrente deverá ter déficit em torno de 2,5% do PIB, integralmente financiado pelo ingresso de investimento direto em torno de 3,0% do PIB.

Portanto, incertezas externas e internas pressionaram a taxa de câmbio, com reflexos sobre as expectativas para a inflação e a taxa de juros.

O ano de 2025 será marcado pelo arrefecimento da demanda interna e aceleração do volume exportado, permitindo um desempenho modesto do PIB real.


Eduardo Yuki é Superintendente Executivo de Economia do Banco Safra. Atua há mais de vinte anos no mercado financeiro. Possui mestrado em Teoria Econômica pela Faculdade de Economia e Administração (FEA), da USP.

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra