Mercado de trabalho começa a perder dinamismo como efeito dos juros

A taxa de desemprego ficou estável em 5,6% em agosto, sem ajuste sazonal, em linha com a expectativa do Banco Safra. Na série com ajuste sazonal, a taxa de desemprego também se manteve constante em 5,8%. A estabilidade da taxa de desemprego ocorreu devido ao recuo de 118 mil pessoas na força de trabalho, magnitude semelhante à queda da população ocupada de 120 mil, com ajuste sazonal, segundo análise do Safra.

Os rendimentos nominais efetivos cresceram 0,3% m/m com ajuste sazonal, ritmo de crescimento menor do que o observado no mês anterior (0,9% m/m). Em termos reais, os rendimentos efetivos recuaram 0,1% m/m – a primeira queda em seis meses.

O mercado de trabalho, que demonstrava resiliência ao arrefecimento da atividade econômica, apresentou sinais nítidos de perda de dinamismo em agosto. Essa acomodação foi corroborada pela desaceleração na criação líquida de postos de trabalho formais observada no CAGED, que registrou apenas 56 mil vagas abertas no mês passado, com ajuste sazonal.

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PNAD mostra primeira queda na população ocupada após seis meses

O destaque da divulgação da PNAD foi a queda da população ocupada em 120 mil pessoas, com ajuste sazonal, interrompendo a sequência de seis meses de expansão. Esse resultado não gerou aumento da taxa de desemprego devido à queda em magnitude semelhante do número de pessoas na força de trabalho.

Essa menor procura por emprego deve ser um fator temporário, relacionado ao início do ciclo de arrefecimento do mercado de trabalho. Na abertura setorial, destaque para a queda da ocupação nos setores de comércio e indústria, que refletem o desaquecimento pretérito da atividade desses setores.

Rendimento real recua

Já na abertura por posição ocupada, o destaque foi o quarto mês seguido de queda da ocupação no setor privado sem carteira. Os rendimentos também corroboram os sinais de arrefecimento no mercado de trabalho.

Os rendimentos efetivos reais recuaram 0,1% m/m, com destaque para a forte queda da remuneração dos trabalhadores no setor privado sem carteira (-1,1% m/m), que estava crescendo em um ritmo forte.

Nos próximos meses a perda de dinamismo do mercado de trabalho deve se intensificar, segundo análise do Banco Safra. O ciclo de aperto monetário, que já está arrefecendo a atividade, continuará impactando o emprego ao longo do segundo trimestre.