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As melhores ações para investir no cenário de disputa eleitoral

Relatório do Banco Safra apresenta as perspectivas para o Ibovespa em meio à disputa eleitoral de 2026 e sugere ações com potencial de valorização

Banco safra aleições

A volatilidade média do Ibovespa aumenta cerca de 14% em anos eleitorais, crescendo mais intensamente em maio, após a definição das candidaturas, e permanecendo em níveis elevados até o resultado da eleição | Foto: Getty Images

As eleições presidenciais podem aumentar a incerteza, trazendo volatilidade e impactando o fluxo de capitais. Para orientar investidores sobre como investir no atual cenário, o Banco Safra preparou um relatório com análise do desempenho do Ibovespa nas últimas oito eleições presidenciais no Brasil e a performance dos diferentes setores durante as últimas cinco a fim de nos preparar para o ciclo de 2026.

Na avaliação do Safra, o cenário de juros parece refletir cautela, dado que o rendimento real da NTNB ainda está acima de 7%. O mesmo ocorre com o dólar futuro, ainda em patamares elevados próximos de R$ 5,95, acima das estimativas da maioria dos economistas (Focus: R$5,60).

Apesar de o cenário variar bastante em anos de eleição, o Ibovespa historicamente apresentou performances positivas no ano seguinte ao da definição dos vencedores (+39,3% de alta em média).

Como é de se esperar, a performance média do Ibovespa nos anos de eleição foi mais positiva quando houve alternância de poder (+9,8% vs. -0,6).

Apesar da amostra bastante limitada (apenas oito eleições desde a redemocratização), os especialistas dizem poder afirmar que a volatilidade aumentará ano que vem: a volatilidade média aumenta cerca de 14% em anos eleitorais, acelerando após a definição das candidaturas (maio), mantendo-se em níveis elevados até o resultado da eleição, como mostraremos mais à frente.

Performance setorial passada reflete cautela

Historicamente, nos seis meses que antecedem as eleições, o dólar tende a se valorizar frente ao real, enquanto a bolsa, de forma geral, apresenta desempenho fraco, exceto em setores como Utilidades Básicas, Bancos e Farmácias (betas baixos e menos dependentes da atividade), além dos setores como Papel e Celulose, Petróleo e Gás e Bens de Capital (expostos ao dólar).

Já setores ligados à economia doméstica, como Saúde e Educação, costumam ter performances piores, pois dependem mais de agendas econômicas (e políticas).

Contudo, no período pós-eleitoral (de outubro até abril), a bolsa tende a se recuperar, com destaques para Utilidades Básicas, Papel e Celulose, Bancos e outras empresas “bond proxy” (por conta da reprecificação da curva de juros, muitas vezes refletindo uma agenda de reformas e/ou de redução de incertezas).

Como se posicionar?

Apesar do aumento da volatilidade, a melhora do Ibovespa no ano subsequente ao da eleição costuma ser expressiva. O Safra observa que papeis defensivos, com maior previsibilidade de resultados ou dolarizados escolhidos de forma mais criteriosa – como fazemos em nossa carteira Top 10 ações – costumam performar melhor no período como um todo.

Independente das eleições, os especialistas do Banco Safra selecionaram nomes para um cenário de corte de juros mais célere e com menor incerteza e um cenário mais conservador, de juros caindo menos e mais incerteza.

Para o cenário de juros mais baixos, o Safra seleciona:

  • Hapvida
  • Cyrela
  • C&A
  • Petrobras
  • XP
  • Banco do Brasil
  • Localiza
  • Marcopolo
  • Allos

Para o cenário mais conservador, o Safra seleciona:

  • Suzano
  • JBS
  • Direcional
  • Multiplan
  • Prio
  • Sabesp
  • Copel
  • BB Seguridade
  • Motiva
  • Embraer

O que indica a performance histórica do Ibovespa?

O Safra analisou a performance histórica do Ibovespa em anos eleitorais, nos anos imediatamente seguintes ao da definição do vencedor e durante os mandatos completos a fim de entender como o mercado acionário brasileiro se comporta nesses períodos.

Nos anos eleitorais, em média, o índice costuma performar melhor quando há alternância de poder e, no ano seguinte ao da eleição, a performance do índice tem sido positiva, uma vez que a incerteza diminui e possibilita uma melhor alocação de recursos por parte de investidores.

No caso de mandatos completos, o Ibovespa performou historicamente melhor em períodos em que houve alternância de poder, como ocorrido em 1994 e 2002, embora o desempenho do índice ainda tenha sido positivo (+25,1%) em eleições em que houve continuidade de poder.

Os especialistas acreditam que a diferença de performance possa estar ligada ao fato de que a alternância de poder normalmente leva a redefinições de agendas e à implementação de novos projetos ou reformas que usualmente impulsionam a economia.

Calendário eleitoral, um guia para a alocação e performance da bolsa

O calendário eleitoral irá se intensificar a partir do início de 2026, quando os partidos começarão a se organizar para definir os possíveis candidatos. O prazo final para registro das candidaturas é maio, mês que geralmente coincide com o aumento da volatilidade do mercado.

A partir dessa data, as pesquisas eleitorais se tornam mais frequentes até agosto, quando começa a campanha eleitoral, que se intensifica em setembro com a realização de debates e a maior participação dos candidatos em eventos.

Aumento da volatilidade em anos eleitorais

Historicamente, a volatilidade é maior em anos eleitorais, justificada pelo aumento das incertezas relacionadas às políticas que serão implementadas, como fiscais e monetárias, e reformas estruturais, privatizações, dentre outras medidas, que poderiam afetar de forma expressiva o desempenho da economia.

A volatilidade média aumenta cerca de 14% em anos eleitorais e, na análise do Safra, ela começa a crescer mais intensamente em maio, após a definição das candidaturas, permanecendo em níveis elevados até o resultado da eleição.

Desempenho setorial

O Safra analisou os movimentos setoriais em dois períodos para entender o desempenho dos setores durante os ciclos eleitorais: de abril a outubro, e de outubro a abril.

Os especialistas observam que, historicamente, no período que contempla os seis meses anteriores à eleição, em média, o dólar tende a se valorizar perante o real.

Em relação à bolsa, os setores não apresentaram desempenho geral tão bom, com exceção de Utilidades Básicas, Papel e Celulose, Bancos, Petróleo e Gás, Bens de Capital e Farmácias – os papéis dos dois últimos setores estão concentrados em poucos nomes ao longo das janelas observadas.

Na visão do Banco Safra, o desempenho é explicado pelo fato de os setores de Papel e Celulose e Petróleo e Gás tenderem a refletir o movimento do dólar e pelo fato de Utilidades Básicas possuir receitas mais previsíveis e, como os Bancos, tender a apresentar caráter mais defensivo. Do outro lado, os setores que apresentam as piores performances estão mais ligados à economia local, como Saúde e Educação.

No segundo período de análise, de outubro a abril, imediatamente após às eleições presidenciais no Brasil, a bolsa apresenta performance positiva de forma difundida em diferentes setores.

Mais uma vez, Utilidades Básicas, Papel e Celulose e Bancos são os destaques, mas o Safra ressalta a performance de diversas empresas consideradas “bond proxies” (que costumam ser negociadas em linha com a curva de juros), dado que a percepção de menor incerteza por parte dos investidores ajuda a reprecificar esse tipo de ação – além das ações de Utilidades Básicas, o banco inclui Shoppings Centers e Concessionárias. Do outro lado, Saúde e Educação são os destaques negativos.

Dois fatos históricos que merecem destaque:

  • (i) em 2022, a Selic subiu de 2% no primeiro trimestre de 2021 para 13,75% a.a. em agosto de 2022 e, dada a magnitude da mudança, não podemos inferir que o desempenho do Ibovespa tenha sido impactado apenas pela incerteza; e
  • (ii) em 2014, o dólar apresentou forte alta, mas os setores de Petróleo e Gás e Siderurgia e Mineração, que possuem receitas dolarizadas, foram mais impactados pela performance do petróleo e minério de ferro e aço nos mercados local e internacional do que pela variação no preço da moeda.

Recomendações de investimentos no cenário eleitoral

Independentemente do cenário eleitoral, o Banco Safra acredita que o que ditará a performance do mercado será a evolução e a intensidade da expectativa para a redução dos juros, que reflete mais ou menos incerteza do mercado.

Com base nessa premissa, os especialistas do Safra montarem duas carteiras sugeridas de ações: uma para um cenário de expectativa de cortes de juros mais célere e intenso, refletindo menor incerteza, e outra para um cenário mais conservador, em que a expectativa com os juros caem gradativamente e em menor magnitude, por conta da maior incerteza.

Dessa forma, para o cenário de cortes de juros mais célere o Safra selecionou: Hapvida, Cyrela, C&A, Petrobras, XP, Banco do Brasil, Localiza, Marcopolo e Allos.

E para um cenário de corte de juros de forma mais gradual, o banco seleciounou: Suzano, JBS, Direcional, Multiplan, Prio, Sabesp, Copel, BB Seguridade, Motiva e Embraer.

Suzano (SUZB3)

O Safra vê a companhia como a mais bem-posicionada para capturar um possível ciclo de alta da celulose, mesmo em um cenário em que o real se valorize ante o dólar. As ações estão sendo negociadas a um VF/EBITDA de 5,0x em 2026e, abaixo da média de cinco anos de 6,0x, possivelmente convergindo para a média, à medida que a alavancagem diminuir.

JBS (JBSS32)

A diversificação geográfica e de proteínas deixou a JBS mais resiliente ao longo dos diferentes ciclos. A listagem na NASDAQ evidenciou o grande desconto de avaliação da companhia em relação aos pares norte-americanos e até em relação à própria subsidiária. A companhia está sendo negociada a um VF/EBITDA de 5,1x em 2026e, enquanto seus pares são negociados de 20% a 50% acima desse patamar, o que nos traz conforto para acreditar em uma convergência no médio prazo.

Direcional (DIRR3)

A estrutura de custos da Direcional é mais dependente de materiais, o que ajudou a companhia a manter sua inflação de custos abaixo do INCC, consequentemente garantindo níveis mais elevados de margem bruta. O Safra estima que o maior rendimento de dividendos, de cerca de 11%, ocorrerá no fim de 2025, e projeta um sólido crescimento anual composto de 20% no lucro líquido entre 2024 e 2027.

Multiplan (MULT3)

O Safra gosta da tese de Shoppings e considera o portfólio da MULT um dos mais equilibrados entre as companhias sob sua cobertura. A perspectiva de um resultado robusto, combinado com a queda do papel, abre uma oportunidade de entrada. A companhia está sendo negociada a uma rentabilidade (FFO yield) de 10,8% e um prêmio de 3,3% sobre a NTN-B 2035, mais do que o dobro de sua média histórica de 1,5%.

PRIO (PRIO3)

A companhia possui o melhor nível de entrega entre as juniores de petróleo. O Safra vê uma sólida geração de caixa e crescimento de produção de forma orgânica e inorgânica. O banco projeta o início da produção no campo de Wahoo em 2026 e espera que a companhia desalavanque rapidamente, possibilitando que avance em seu projeto de crescimento.

Sabesp (SBSP3)

Os fortes investimentos previstos para os próximos anos se converterão em incrementos de receita rapidamente, o que é muito positivo para a ação, mesmo com o crescimento já incorporado nos preços. A velocidade de corte de custos também nos anima. Por fim, o Safra vê a Sabesp sendo negociada a uma taxa interna de retorno (TIR) real de 12% a.a. O risco para a tese é a falta de chuvas no Sudeste, algo que ainda não nos preocupa.

Copel (CPLE6)

O Safra vê ganhos para as ações por meio do aumento de liquidez decorrente da migração para o Novo Mercado. Além disso, a nova política de dividendos deve gerar rendimento médio de dividendos de 8,5% ao ano para os próximos três anos, o que deixa os especialistas bastante confortáveis com o carrego da ação. Por fim, o nível de contratação das receitas da companhia gera confiança de que mesmo em um cenário mais negativo para bolsa, no geral, as ações devem proteger a carteira. Atualmente a companhia está sendo negociada a uma TIR real de 12%.

BB Seguridade (BBSE3)

BBSE está entregando um nível muito elevado de pagamento de dividendos, de 12% em 2025 e 13% em 2026, o que, aliado a um múltiplo atrativo inferior a 7x o lucro de 2026, deixa os especialistas bem confortáveis com a recomendação. O Safra gosta da defensividade da companhia e de seu alto retorno histórico e projetado que geram uma forte capacidade de pagamento de dividendos.

Motiva (MOTV3)

A tese da companhia é corroborada por sua avaliação atrativa, que implica uma TIR de 16,1% — 8,5 p.b. acima do rendimento das NTN-Bs com vencimento em 2035 — e justifica a recomendação de Compra. O Safra espera melhoras operacionais após a conclusão da concessão de Barcas e a aceleração da concessão da MSVia sob um arcabouço contratual mais eficiente. Ambos os fatores devem impulsionar a expansão de margens e o crescimento do EBITDA.

Embraer (EMBJ3)

A tese da Embraer é baseada no forte backlog de vendas que a companhia já apresenta, que dá sustentação para as receitas nos próximos anos. A performance da companhia não está relacionada com o cenário nacional, o que oferece diversificação para o portfólio.

Hapvida (HAPV3)

O Safra vê os resultados da companhia voltando para um nível normalizado, com sinistralidade sob controle e redução do peso da judicialização, o que dá uma visão mais clara para os resultados dos próximos trimestres, que ainda devem ser positivamente impactados pela adição de vidas. O múltiplo P/L está atrativo em 11x para 2026e (vs. sua média histórica de 31x).

Cyrela (CYRE3)

De um lado o Safra vê a Cyrela apresentando um ritmo de vendas saudável, mesmo com juros mais elevados – que impactam mais os segmentos que estão fora do escopo do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV). Do outro, o banco acredita que a companhia deve acelerar lançamentos no MCMV, o que pode representar 40% de seu EBIT e aumentar a consistência de sua performance em diferentes ciclos, embora a companhia continuará se beneficiando de um cenário macro mais favorável.

C&A (CEAB3)

O Safra tem uma visão positiva para CEAB, corroborada por fundamentos sólidos e progresso contínuo em iniciativas que visam impulsionar a produtividade das lojas e aprimorar seu mix de produtos, que são os principais determinantes da expansão de margem. O banco considera o múltiplo P/L da companhia de 8,5x em 2026E como atraente e significativamente abaixo da média do setor.

Petrobras (PETR4)

O Safra vê a companhia ampliando seus investimentos apenas se o petróleo continuar em patamares elevados, possibilitando a continuidade da forte geração de caixa. O banco acredita também que a companhia continuará entregando bons dividendos com o petróleo próximo dos níveis atuais. Sua ação segue descontada em comparação com seus pares internacionais, sendo negociada a um VF/EBITDA de 3,1x em 2026e (vs. a média histórica de 5,4x de seus pares).

Energisa (ENGI11)

É um nome de qualidade dentro do segmento de Distribuição devido ao seu excelente histórico de alocação de capital e execução. O Safra mantém uma visão construtiva para o setor (dado o menor risco regulatório) e para a companhia (devido à perspectiva positiva relacionada aos seus resultados, decorrente dos volumes e do bom controle de custos). O banco vê também o papel sendo negociado a uma TIR real atrativa de 10%. XP. Em um cenário macro mais construtivo, a companhia é um nome que desponta devido ao seu foco no segmento de maior valor agregado de investimentos para pessoas físicas, que possui maior demanda em momentos de juros mais baixos. Ao múltiplo P/L abaixo de 10x em 2026e, a avaliação nos parece confortável para exposição à tese.

Banco do Brasil (BBAS3)

Após resultados frustrantes, ajustes para conter a inadimplência no agronegócio e melhorar a carteira de crédito são o foco no curto prazo. O Safra vê o BB sendo negociado ao maior desconto sobre o patrimônio líquido entre os incumbentes, em 0,7x P/VP e 5x P/L em 2026e, o que deixa os especialistas confortáveis com a alocação em um horizonte de prazo mais longo.

Localiza (RENT3)

A tese de Localiza é fundamentada em sua liderança consolidada no setor de mobilidade, com um modelo de negócios resiliente e escalável. A companhia combina eficiência operacional com disciplina financeira, o que garante margens saudáveis e geração de caixa consistente. O Safra tem uma visão positiva em relação ao papel considerando os possíveis cortes de juros globais que vemos no horizonte, que podem beneficiar a companhia, ainda mais por estar sendo negociada a um P/L de 8,3x em 2026e.

Marcopolo (POMO4)

O Safra vê a Marcopolo como uma ótima opção no setor de Bens de Capital devido à necessidade de renovação da frota de ônibus envelhecida do país, o que deve impulsionar as vendas da companhia. O banco vê a POMO4 como um player resiliente devido à sua baixa alavancagem, além de estar sendo negociada atualmente a 5x o EBITDA projetado para 2026 vs. sua média histórica de 8,5x.

Allos (ALOS3)

O Safra gosta da qualidade do portfólio da Allos, que, aliada a uma gestão focada em gerar valor para o acionista, tem entregado resultados consistentes. O Safra vê o papel sendo negociado a um rendimento (FCL yield) de 11,8% para 2026, 1 p.p. acima da média histórica e a um prêmio de 3,3 p.p. sobre a NTN-B.

O imponderável

O relatório do Banco Safra analisa o histórico de retornos do Ibovespa em anos eleitorais, mas diversos outros fatores locais e internacionais afetam a performance da bolsa brasileira: (i) o aumento dos juros impacta diretamente o resultado financeiro das empresas e a percepção de risco pelos investidores; (ii) o preço das commodities pode afetar setores específicos mais do que a variação cambial; e (iii) aversão a risco internacional, como muitas vezes vista na década de 1990, além das eclosões das bolsas internacionais em 2001 e 2008, por exemplo, têm a capacidade de influenciar muito mais o mercado brasileiro do que o cenário local, considerando a participação de 57% do investidor estrangeiro no bolsa brasileira.

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