Localiza e JSL são as preferidas no setor de transportes
O Safra reitera Localiza e JSL como top picks no setor de transportes, após debates e reuniões durante a J.Safra Investment Conference
24/09/2025
O repasse de preços da Localiza (RENT3) e da Movida (MOVI3) parece estar desacelerando no segundo semestre de 2025, segundo análise do Safra | Foto: Getty Images
A J. Safra Investment Conference 2025 contou com a participação da gestão das principais empresas listadas do setor de transporte: Localiza, Movida, Vamos, Rumo, Motiva, Ecorodovias, JSL e Simpar.
Nos dias 16 e 17 de setembro, a conferência do J.Safra sobre investimentos reuniu investidores e especialistas com equipes de gestão das principais empresas de diferentes setores.
Os principais tópicos discutidos foram os seguintes, segundo relatório do Banco Safra:
(i) Infraestrutura
A gestão da Rumo (RAIL3) manteve uma postura conservadora em sua estratégia tarifária, priorizando competitividade e plena utilização da malha, enquanto as perspectivas de volume permanecem construtivas, impulsionadas pelos fluxos de grãos e pela entrada gradual do STS11. Na Motiva, as discussões se concentraram no reequilíbrio regulatório e em aditivos contratuais, com ajustes de curto prazo nas concessões da ViaQuatro, rodovias de São Paulo e concessões do Sul, que devem compensar atrasos nas Barcas e no Metrô Bahia.
Dito isso, a baixa probabilidade de recuperação da indenização das Barcas pode levar a litígios. Para a Ecorodovias (ECOR3), o destaque foi a conclusão próxima da gestão de passivos, estendendo prazos da dívida e aumentando a exposição a dívida indexada ao IPCA. A empresa continua altamente seletiva em novos projetos, dado seu balanço ainda alavancado, enquanto segue otimizando a performance operacional.
(ii) Aluguel
O repasse de preços da Localiza (RENT3) e da Movida (MOVI3) parece estar desacelerando no segundo semestre de 2025, com aumentos tarifários sequenciais mais graduais, enquanto os volumes de diárias podem estar subindo modestamente no trimestre. Sobre impairment da frota após a redução do IPI, as mensagens da gestão divergem: a Localiza indicou que um impairment é necessário, dado o declínio observado nos valores dos veículos, enquanto a Movida reiterou que não é necessário, pois o comportamento atual dos preços permanece dentro das premissas de depreciação.
Para a Vamos (VAMO3), as retomadas de ativos permanecem elevadas — especialmente em carteiras ligadas a grãos — embora a taxa tenha moderado em julho e agosto. Um efeito secundário do alto volume de ativos colocados à venda tem sido o aumento dos custos de retrofit. Como resultado, a margem EBITDA no segmento de aluguel deve cair no 2S25 em relação ao nível histórico.
(iii) Logística
A gestão da JSL (JSLG3) sinalizou uma mudança contínua para leasing de ativos, reduzindo a necessidade de expandir sua infraestrutura de reciclagem de ativos e diminuindo o capex líquido — uma dinâmica que apoia o caminho de desalavancagem. Olhando à frente, a JSL espera um crescimento razoável da receita em 2026, sustentado por um movimento de “flight-to-quality” de clientes que buscam reduzir riscos com operadores logísticos menores no atual ambiente econômico desafiador.
Quanto à Simpar (SIMH3), os recursos da venda da Ciclus Rio estão destinados à redução da dívida no nível da holding, reforçando a agenda de desalavancagem. A gestão deve manter a meta de monetizar outros ativos não core, o que pode levar à venda da Ciclus Amazônia e de ativos da CS Infra.
Na visão do Banco Safra, a perspectiva é neutra para o setor. Os analistas saíram das reuniões mais construtivos em relação às tendências operacionais de curto prazo na maioria das empresas, mas as taxas de juros ainda elevadas devem limitar o momentum dos lucros.
O Safra mantém cautela no curto prazo com a Rumo (tarifas provavelmente estáveis a/a apesar do suporte de volume) e com a Vamos (dado o nível ainda alto de retomadas de ativos e os custos associados de retrofit).
Localiza e JSL são as top picks no setor de transportes
O Banco Safra reitera Localiza e JSL como top picks, sustentadas por forte execução operacional, um setup favorável de lucros no curto prazo e posicionamento estratégico em segmentos com pistas de crescimento estrutural.