close

Juro alto já afeta grifes, academias e perfumaria

Banco Safra analisa ações das empresas de consumo discricionário (não essencial), e as projeções de resultados para o terceiro trimestre

consumo analise banco safra

Resultados do setor de consumo discricionário indicam mudança em relação à resiliência dos trimestres anteriores | Foto: Getty Images

O Banco Safra divulgou as projeções de desempenho das empresas listadas em bolsa do setor de consumo discricionário, ou seja, de produtos não essenciais, como roupas de grife, perfumaria, academias de ginástica e outras.

Os resultados apontam os estágios iniciais de uma desaceleração mais ampla na demanda do consumidor, considerando o ambiente macroeconômico desafiador, caracterizado por taxas de juros elevadas.

Segundo a análise, a rentabilidade das ações dessas empresas dependerá da capacidade de cada uma delas de implementar iniciativas que melhorem a eficiência de custos e reduzam despesas de gerais, com vendas e administrativas. Confira abaixo mais detalhes da análise e as projeções para as ações cobertas pelos especialistas do Banco Safra.

Saiba mais

Consumo não essencial: resultados mistos no 3T25

No 3T25, o crescimento das vendas entre as empresas de consumo discricionário sob cobertura do Banco Safra deve apresentar um quadro misto, com algumas indo bem enquanto outras ficam atrás.

Isso marca uma mudança em relação à resiliência consistente observada em trimestres anteriores. Os diferentes desempenhos devem ser parcialmente impulsionados por dinâmicas microeconômicas específicas de cada subsetor.

Empresas com crescimento mais fraco nas vendas também enfrentam pressão da alavancagem operacional, o que impacta ainda mais as margens.

No geral, espera-se que Smartfit (SMFT3), Guararapes Confecções (GUAR3) e Vivara (VIVA3) sejam os melhores desempenhos do trimestre.

Natura (NATU3), Azzas (AZZA3) e Grupo SBF (SBFG3) devem apresentar resultados pressionados.

Recomendação de compra para SMFT3 e neutra para VIVA3

Vivara e Smart Fit têm registrado consistentemente crescimento de dois dígitos nos últimos trimestres, e o afra espera que essa tendência continue no 3T25.

Para Vivara, o banco projeta crescimento consolidado de 12% a/a no 3T25, com o segmento “Life” devendo permanecer como o principal impulsionador da receita. Paralelamente, o crescimento esperado da receita da Smart Fit, de 29% a/a no 3T25, deve ser sustentado pelo ritmo robusto de abertura de unidades e por seu modelo de assinaturas resiliente.

O Safra espera que a margem bruta da Vivara se expanda 320 bps a/a, principalmente apoiada pela maior eficiência na planta após o aumento de pessoal no 2S24. Enquanto isso, a margem EBITDA da Smart Fit deve se expandir 120 bps a/a devido à maturação das lojas.

O Safra projeta que a Vivara registre expansão de lucros de 5% a/a, enquanto acredita que a Smart Fit terá um aumento de +60% a/a no lucro líquido, dado o crescimento nominal nas vendas e no EBITDA.

GUAR3, CEAB3 e LREN3 têm recomendação de Compra

As vendas das varejistas de vestuário devem ser prejudicadas por temperaturas voláteis no 3T25.

As três empresas do setor devem reportar crescimento mais lento das vendas, impactado por uma base de comparação difícil do 3T24 e pela volatilidade das temperaturas, já que dias persistentemente frios dificultaram as vendas da nova coleção de primavera.

As vendas de vestuário da Guararapes devem ser as mais resilientes, apoiadas por sua maior exposição de vendas às Regiões Norte e Nordeste.

O safra projeta crescimento de vendas de 7% a/a para Guararapes (GUA3), 6% a/a para Renner (LREN3) e 2% a/a para C&A (CEAB3), principalmente devido às mudanças na Fashiontronics e ao fim da parceria com o Bradesco (BBDC4).

Todas as empresas devem apresentar rentabilidade estável ou ligeiramente superior, apoiada sobretudo pela maior eficiência no lucro bruto, com expansão de 40 bps na margem EBITDA para Renner, 10 bps para Guararapes e margem EBITDA estável para C&A.

Alpargatas: ALPA4 tem recomendação neutra

A alpargatas deve apresentar resultado misto, com ganhos sólidos de rentabilidade, mas contração de volumes.

O Safra espera que a empresa apresente crescimento de receita de 8% a/a, apoiada principalmente por um aumento no ticket médio, já que os volumes domésticos provavelmente continuarão em queda, refletindo o fraco desempenho de sell-out observado no 2T25.

Embora antecipe uma recuperação nos volumes internacionais, ela deve ter impacto limitado devido à sazonalidade, resultando em uma queda consolidada de 3% a/a nos volumes.

O Safra espera que a companhia mantenha as sólidas eficiências demonstradas em trimestres recentes. Como resultado, projeta expansão de 260 bps na margem EBITDA e crescimento de 70% a/a no lucro líquido do 3T25.

AZZA3 tem recomendação neutra

O Grupo Azzas, resultado da fusão entre Arezzo e Grupo Coma, deve apresentar contração na receita, com leve expansão de margem devido à base de comparação mais fácil.

Após a desaceleração da receita no 2T25, o Safra espera agora que AZZA apresente queda nas vendas no 3T25, devido ao desempenho fraco das divisões “calçados e acessórios” e “democrática”.

No geral, o banco projeta uma redução de 1% a/a na receita. Enquanto isso, espera que a margem EBITDA se expanda 50 bps a/a e o lucro líquido cresça 3%, principalmente devido à base de comparação mais fácil, dado as despesas relacionadas à fusão incorridas em 2024.

SBFG3 tem recomendação neutra

O Grupo SBF deve apresentar resultados de um trimestre difícil devido à sazonalidade e ventos contrários cambiais.

O safra espera que as vendas do Grupo SBF cresçam 9% a/a, sustentadas por um ponto de inflexão na divisão atacadista da Fisia, que voltou a crescer no 2T25, além dos investimentos feitos para melhorar o nível de serviço nas lojas Centauro.

A rentabilidade deve continuar sendo um obstáculo no trimestre, com margem EBITDA caindo 320 bps a/a e lucro líquido ajustado diminuindo aproximadamente 21% a/a. Esse desempenho se explica pela sazonalidade do 3T, pela perda de alavancagem operacional na divisão Fisia, que ainda não se recuperou totalmente, e pela taxa BRL/USD mais alta em 2024, quando os estoques para o 3T25 foram adquiridos.

NTCO3 tem recomendação neutra

A Natura enfrentou um trimestre difícil na América Latina após a venda da Avon International.

A venda da Avon International é um desenvolvimento positivo, pois elimina a queima de caixa persistente da divisão, segundo o Banco Safra. No entanto, o banco permanece cauteloso com a empresa devido aos desafios contínuos nos ativos remanescentes na América Latina.

O Safra espera uma desaceleração nas vendas da marca Natura no segundo semestre de 2025, impulsionada pela demanda mais fraca do consumidor em meio aos ventos macroeconômicos adversos. Além disso, a marca Avon na América Latina continua apresentando tendência de queda nas vendas.

O Safra projeta uma redução de 6% a/a na receita líquida, contração de 60 bps na margem EBITDA ajustada e lucro líquido ajustado positivo de R$ 232 milhões.

CTA Padrão CTA Padrão

Assine o Safra Report, nossa newsletter mensal

Receba gratuitamente em seu email as informações mais relevantes para ajudar a construir seu patrimônio

Invista com os especialistas do Safra