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Empresas ligadas à economia doméstica são destaques positivos

Relatório com balanço final da J. Safra Brazil Conference 2024 reflete o interesse dos investidores por setores e companhias atreladas ao desempenho da economia doméstica

Relatório Safra

Navio cargueiro no Porto de Santos: relatório da J. Safra Brazil Conference 2024 mostra tendências da economia brasileira | Foto: Getty Images

Relatório do Banco Safra destaca tendências positivas para os setores de Alimentos e Bebidas, Construtoras, Shoppings, Utilidades Básicas, Concessões, Indústria e Setor Financeiro. O relatório toma por base os resultados da J. Safra Brazil Conference 2024, realizada nos dias 24 e 25 de setembro, que debateu o cenário econômico e promoveu encontros entre investidores e as principais empresas brasileiras.

A conferência contou com discussões aprofundadas sobre o cenário econômico, a política monetária tanto local quanto
global, além de atualizações estratégicas das companhias presentes. O evento reuniu mais de 2.300 participantes e contou com a presença de mais de 120 empresas, governadores de diferentes estados, além do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos. Economistas e gestores renomados do mercado também participaram, enriquecendo os painéis de debate.

As empresas ligadas aos ciclos da economia doméstica foram as mais demandadas na J. Safra Brazil Conference 2024, refletindo o interesse dos investidores em companhias atreladas ao desempenho da economia doméstica.

As dez empresas mais demandadas no evento anual mais importante do Banco Safra foram Localiza, Azzas, Hapvida, Assaí, Eletrobras, Bradesco, Equatorial, Natura, Iguatemi e Grupo Mateus.

Saiba mais

O relatório de avaliação final do evento destaca que tendências positivas foram confirmadas para os setores de Alimentos e Bebidas, Construtoras, Shoppings, Utilidades Básicas, Concessões, Indústria e Setor Financeiro.

O relatório consolida as impressões dos analistas do Safra sobre as empresas e suas expectativas para cada setor e, no geral, reforça algumas das tendências positivas apresentadas nos últimos trimestres. Consequentemente, o Safra reforça uma visão
positiva
para os setores de:

  • i) Alimentos e Bebidas (o equilíbrio entre oferta e demanda continua positivo para frangos e suínos, enquanto os custos de grãos continuam beneficiando os spreads);
  • ii) Construtoras (o ambiente segue favorável para moradias populares e nota-se forte demanda nos segmentos de baixa e média/alta renda);
  • iii) Shoppings (indicadores operacionais saudáveis, espera-se aumentos reais dos aluguéis);
  • iv) Utilidades Básicas – Distribuição (volumes sólidos no segmento de distribuição em função das altas temperaturas);
  • v) Concessões (expectativa de alto volume de tráfego no 2S24); e
  • vi) Indústria (continuidade da forte demanda).

Os destaques negativos foram:

  • i) Educação (arrefecimento da demanda, incertezas sobre a regulamentação das regras sobre ensino à distância) e
  • ii) Mineração (condições de mercado desafiadoras no curto prazo para a demanda e para os preços de seus produtos).

O sentimento de pessimismo em relação à política fiscal brasileira permanece entre os gestores. Durante painéis e conversas informais, a questão fiscal foi apontada como o principal fator limitante para a valorização dos ativos no mercado doméstico. Contudo, muitos ainda enxergam a bolsa brasileira negociada a níveis atrativos, com oportunidades em ativos de alta qualidade, sugerindo pontos de entrada interessantes e retornos interessantes.

Adicionalmente, o fluxo de capital estrangeiro esperado em decorrência do início do ciclo de cortes na taxa de juros dos EUA deve desempenhar papel fundamental para o desempenho do Ibovespa.

A visão dos gestores é de que um cenário de soft landing para a economia norte-americana parece cada vez mais provável, enquanto a eleição nos EUA poderia trazer volatilidade aos mercados.

Expectativa de cenário macroeconômico desafiador

Em linha com a visão dos gestores, os principais economistas que participaram da conferência esperam um cenário macro mais difícil, principalmente considerando o crescimento do PIB acima do potencial, as expectativas de inflação desancoradas e a necessidade de uma taxa de juros ainda mais restritiva – visão bem alinhada com o resultado da Pesquisa de sentimento de mercado, realizada durante o evento.

Visão setorial

Alimentos e Bebidas e Agribusiness

As conversas foram construtivas sobre manutenção do momento positivo de resultados para frigoríficos. O equilíbrio entre oferta e demanda continua positivo para frangos e suínos, enquanto os custos de grãos continuam beneficiando os spreads. Os ciclos do gado no Brasil e na Austrália continuam mantendo uma oferta ampla de carne bovina, enquanto a retenção de fêmeas nos EUA deve seguir pressionando margens nos próximos anos. De modo geral, o Safra acredita que investidores saíram da Conferência com uma impressão moderadamente positiva das empresas desses setores.

Saúde

O sentimento geral em relação ao setor é de otimismo cauteloso, com as empresas se concentrando em consolidação, crescimento orgânico e disciplina operacional para navegarem o complexo panorama que têm pela frente. Investidores prestaram muita atenção ao recente aumento dos depósitos judiciais que afetaram as operadoras de saúde, em grande parte relacionados a períodos de carência e discussões sobre cobertura assistencial. Outro tema foi a integração dos ativos adquiridos. Além disso, muitas empresas mostraram-se cautelosamente otimistas, esperando crescimento nas taxas de ocupação, expansão orgânica e melhorias nas margens nos próximos trimestres.

Educação

O setor está enfrentado um arrefecimento na demanda de programas de ensino presencial e à distância. Além disso, a incerteza regulamentar em relação às regras do ensino à distância foi um dos temas mais perguntados pelos investidores, já que as potenciais alterações devem se centrar na melhoria da qualidade, o que poderia resultar em aumento da exigência de interações presenciais nos cursos e, como consequência, mensalidades médias mais elevadas. Apesar desses desafios, há um
otimismo cauteloso em relação aos avanços operacionais e à rentabilidade, impulsionados por uma melhor gestão dos custos. Muitas empresas estão buscando expansão das margens através de melhorias no mix de cursos, em especial nos segmentos premium e de medicina. Além disso, as empresas parecem empenhadas numa alocação de capital disciplinada, ao passo que investidores parecem considerar que potenciais fusões e aquisições são um gatilho para as ações.

Construtoras

Construtoras que atuam no segmento de baixa renda seguem em evidência. O ambiente favorável para moradias populares continua encorajando todas as incorporadoras de baixa renda que compareceram à conferência a aumentar seu volume de lançamentos, tendo em vista seu desempenho de vendas impressionante nos últimos trimestres. Os executivos das empresas não estão preocupados com uma eventual escassez de financiamento para o programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), destacando o recente aumento de R$ 20 bilhões no orçamento anual do programa e reforçando que o balanço do FGTS continua sólido, o que comportaria um aumento do financiamento. O Safra mantém a perspectiva positiva para o nicho de renda média/alta, apesar das tendências macroeconômicas desfavoráveis. Embora o novo ciclo de aperto monetário adie qualquer queda de curto prazo nas taxas dos juros imobiliários, a forte demanda de vendas nos últimos trimestres contribuiu para reduzir os níveis de estoque das empresas, o que aumenta seu apetite por lançamentos futuros e, consequentemente, impulsiona seus resultados daqui para a frente.

Shoppings

O momento operacional dos shoppings também continua encorajador. Todos os três operadores de shoppings reforçaram que a demanda por novos espaços comerciais continua alta, o que deve impulsionar as taxas de ocupação, enquanto o crescimento das vendas dos inquilinos continua superando os níveis de inflação, reduzindo assim os custos de ocupação. Esse cenário, juntamente com taxas de inadimplência menores, permite que as empresas continuem pressionando por aumentos reais de aluguel. Os executivos também notaram que a elevação do IGP (usado para ajustar os contratos de aluguel) nos últimos meses deve começar a ter um impacto mais positivo no crescimento da receita já no 2S24. Por outro lado, investidores também demostraram preocupação com o impacto do ciclo de aperto nas novas emissões de fundos de investimento imobiliário (“FII”), o que pode desacelerar o ritmo de novos desinvestimentos e aumentar os cap rates de saída.

Utilidades Básicas

Em Utilidades Básicas, investidores concentraram-se principalmente em entender a dinâmica dos preços de energia e contratos de compra e venda, a situação atual da hidrologia, os impactos e as soluções para os eventos de curtailment, a situação do processo de renovação das concessões das distribuidoras, a estratégia de alocação de capital das empresas e a prévia dos resultados do 3T. As geradoras confirmaram a tendência positiva dos contratos de compra e venda de energia decorrente da piora na hidrologia, que tem resultado em preços mais altos. O cenário atual aponta para um maior despacho térmico. Em relação aos cortes na geração, o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) já implementou um novo procedimento que está reduzindo os impactos individuais nas empresas, provavelmente aliviando a pressão vista no 3T24. De modo geral, os resultados do 3T24 devem ser mistos para as geradoras. Empresas sem energia contratada devem se beneficiar dos preços mais altos, enquanto os eventos de corte de curtailment devem impactar negativamente as companhias expostas a fontes renováveis. No caso das distribuidoras, as principais discussões foram sobre o processo de renovação das concessões. Na visão do banco Safra, haverá apenas pequenas mudanças nos termos de renovação em comparação com os acordos atuais. Quanto às discussões sobre a nova legislação que pode potencialmente reduzir tarifas, acreditamos que ela envolverá iniciativas para diminuir os impactos de encargos regulatórios, impostos e outros itens da Parcela A, com impacto neutro sobre a avaliação das distribuidoras. Os resultados do 3T24 devem ser bons, com potencial para volumes sólidos no segmento de distribuição (em função das altas temperaturas, embora o 3T23 tenha sido uma base de comparação difícil). No caso das transmissoras, as empresas devem participar dos próximos leilões, mas a concorrência deve continuar acirrada (similar à do último leilão de transmissão), e, por isso, os retornos podem permanecer apertados. Consequentemente, algumas empresas estão buscando oportunidades na América Latina e focando em despesas de capital (capex) de reforço. Em relação aos resultados do 3T, as transmissoras devem apresentar resultados estáveis, com aumento da receita explicado pela entrada em operação comercial de novos projetos e pelo repasse da inflação para as receitas. No setor de saneamento, as empresas devem focar no desenvolvimento de capex para as próximas revisões tarifárias, ao mesmo tempo em que buscam oportunidades nas próximas privatizações.

Varejo e Farma

Foram debatidas as tendências atuais e futuras e e o novo cenário macro, que se apresenta como um desafio para o varejo em geral em comparação aos períodos recentes, principalmente devido ao aumento das taxas de juros (especialmente para aquelas empresas com balanços alavancados). Por outro lado, as revisões para cima no PIB e os números que mostram pleno emprego (desemprego em 6,6%) devem impulsionar o consumo, pelo menos no curto prazo, apesar do nível ainda alto de renda comprometida com o serviço da dívida. O feedback dos investidores que compareceram à conferência foi misto. Por um lado, nota-se investidores mais otimistas com o desempenho das empresas (exceto para ASAI e CRFB devido ao cenário competitivo mais difícil) e, por outro lado, preocupações com as perspectivas e avaliações atuais em razão de um cenário macro mais difícil (política fiscal do governo e aumentos nas taxas de juros). Portanto, o Banco Safra continua preferindo nomes com melhor dinamismo de lucros, avaliação atraente, claros impulsionadores de crescimento e alavancagem sólida: GMAT, CEAB, LREN e PNVL. Embora os representantes da LREN e da PNVL não tenham comparecido à conferência, o Safra espera que as empresas apresentem resultados positivos nos próximos trimestres.

Infraestrutura

Durante a conferência, as perspectivas para as empresas de concessões rodoviárias acompanhadas pelo Safra apresentaram poucas novidades, as quais, segundo seus executivos, devem continuar se beneficiando de um forte volume de tráfego no 2S24, já que seguem favorecidas pelo crescimento do volume de exportação de grãos e pelo crescimento da produção no setor industrial. No segmento ferroviário, o destaque foram as perspectivas em torno da renegociação antecipada de tarifas em contratos de take or pay firmados entre a Rumo e seus clientes. Apesar do otimismo da Rumo devido à manutenção da capacidade logística e às perspectivas positivas para a safra de 2024/2025, essa negociação tende a se alongar até o fim do ano, em virtude da percepção mais cautelosa das tradings para fechamento desses contratos. Por fim, o destaque da Santos Brasil foram as consequências da negociação da venda da participação do grupo Opportunity na companhia para a CMA CGM. Segundo seus executivos, a conclusão do negócio deve ocorrer no 1T25 e, até lá, as operações da empresa devem seguir sem alterações. Os executivos destacaram que mesmo após a conclusão da operação, a CMA CGM deve continuar operando carga de terceiros de forma a maximizar o resultado do ativo, uma vez que ela não tem volume suficiente para preencher a capacidade do terminal.

Locadoras

As locadoras de veículos leves se mostraram otimistas em relação às perspectivas para os resultado no restante de 2024, considerando o impacto positivo do contínuo aumento de tarifas em suas margens operacionais no segmento de locação e, consequentemente, em sua lucratividade. As principais perguntas ainda ficaram em torno da expectativa em relação à depreciação dos ativos e aos potenciais efeitos do maior volume de veículos seminovos sobre seu preço de venda, o que ainda traz bastante incerteza. Já no segmento de locação de veículos pesados, a Vamos sinalizou que deve continuar apresentando uma performance negativa, ainda influenciada pela retomada de ativos que estavam em grande parte alocados para contratos com empresas do agronegócio. Por fim, a Armac deve seguir com uma estratégia de alocação de capital mais conservadora, focada na expansão de contratos de longo prazo, trazendo mais resiliência para seus resultados. O mix de clientes da empresa, porém, deve se manter em 70% no longo prazo e 30% no mercado à vista, e as margens operacionais devem, consequentemente, se manter estáveis nos próximos trimestres.

Logística

Os executivos da JSL se mostraram otimistas com a expectativa para os resultados do 2S24 e esperam uma gradual elevação das margens operacionais da empresa nos próximos trimestres, impulsionada pela aceleração dos projetos implementados no 1S24. Além disso, destacaram que a companhia visa reduzir gradualmente sua alavancagem, estimando um índice dívida líquida/EBITDA de cerca de 2,5x no fim de 2025 (vs. 3,3x atualmente). Já os executivos da Simpar reforçaram sua intenção em desalavancar o balanço da companhia com a monetização ou a formação de associações estratégicas com suas subsidiarias não listadas, descartando a possibilidade de realizar uma oferta de ações.

Petróleo e Gás

Nas reuniões com empresas do setor de petróleo e gás, o principal assunto em comum com os produtores independentes foram as perspectivas para produção e geração de caixa. Para a Petrobras, as discussões se centraram no que se pode esperar do novo plano estratégico, que será lançado em novembro. A empresa afirmou a intenção de apresentar premissas realistas para despesas de capital (capex) e produção. Quanto aos dividendos extraordinários, uma decisão sobre o pagamento também é esperada com a conclusão do plano. A empresa também reforçou sua intenção de trabalhar para repor reservas. A Brava Energia comentou que Papa Terra deve retomar a produção em dezembro e o FPSO Atlanta deve iniciar as operações até 1Q25. A PetroReconcavo reforçou seu objetivo de aumentar as atividades de perfuração e workover, bem como o avanço na melhoria da confiabilidade operacional. Do lado negativo, os preços baixos do petróleo e as possíveis restrições de produção continuam sendo preocupações em todo o setor.

Distribuidoras de Combustíveis

As empresas de distribuição de combustíveis se mostraram otimistas em relação aos resultados do 3Q24, já que o mercado se beneficia de um ambiente competitivo mais saudável, diminuição de práticas irregulares e aumentos de preços que ocorreram no trimestre. Nas discussões com empresas do setor de açúcar e etanol, os principais pontos positivos foram a expectativa de impacto limitado dos incêndios sobre o ano-safra de 2024 e a perspectiva otimista para os preços do açúcar e para a demanda por etanol. No entanto, se a seca persistir, isso poderá impactar negativamente os volumes da safra de 2025/26.

Petroquímicos

No setor petroquímico, o principal destaque positivo foi a recuperação sequencial dos spreads e os efeitos positivos decorrentes do aumento da alíquota do imposto de importação sobre produtos petroquímicos. Por outro lado, não se espera que os spreads retornem para o patamar de meio de ciclo antes de 2026.

Indústria

Os executivos da Embraer parecem estar otimistas com relação a todas as suas linhas de negócios. Na divisão comercial, que concentrou a maioria das perguntas, as campanhas de vendas se intensificaram, com 300 aeronaves em negociação no total. No segmento executivo, a demanda continua forte, e as mudanças estruturais do mercado devem levá-la a se estabilizar acima dos níveis históricos de mercado. O segmento de defesa, a Embraer continua observando oportunidades no mercado dos EUA, e acreditamos que aquisições devem ser um caminho potencial. Além disso, os executivos também responderam várias perguntas sobre as restrições na cadeia de suprimentos, indicando que, apesar dos desafios, eles não veem riscos adicionais relacionados às suas entregas neste ano.

Autopeças

Os executivos da Marcopolo parecem otimistas com relação aos volumes daqui para a frente, pois as fortes vendas no segmento rodoviário compensaram a redução das entregas para o programa Caminho da Escola (atualmente são esperadas 2.500 unidades para 2024). A principal dúvida girou em torno da nova margem estrutural da empresa, para a qual os executivos esperam estabilização acima dos níveis históricos. Quanto à Randon, o backlog da empresa para caminhões basculantes e graneleiros está atualmente limitado, o que deve pressionar para baixo as margens do segmento pelo restante do ano. Finalmente, com relação à Frasle, os analistas saíram da reunião com a impressão de continuidade do bom momento operacional, e a principal questão girou em torno do cronograma para a integração da Kuo Reffaciones, que ainda é incerto, mas deve ocorrer entre dezembro e janeiro.

Terceirização

As principais discussões com a GPS foram relacionadas à integração da GRSA, que está progredindo conforme o planejado. A integração física foi concluída, mas os sistemas ainda estão separados e o mapeamento operacional ainda está em andamento. Dito isso, a nova empresa adquirida deve sustentar o nível de margem atual até o fim do ano, com alguma contração no início do 1T25 relacionada a rescisões de contratos e ajustes antes de retornar aos níveis regulares da GPS ao longo do ano. A GPS planeja retomar sua agenda de aquisições apenas no ano que vem.

Setor Financeiro

No setor financeiro, as reuniões sugeriram que os lucros dos bancos devem continuar crescendo de forma sequencial, mesmo para Bradesco e Santander, que tendem a ser impactados negativamente pelos altos juros. Entre as empresas não bancárias, Porto foi o nome mais citado pelos investidores, refletindo o bom desempenho da companhia, especialmente nos segmentos fora do setor automotivo, onde há maior expectativa de crescimento e rentabilidade. Outro destaque foi a possível venda da Linx pela Stone, que, dependendo da estrutura da transação, poderá gerar um benefício de ágio de aproximadamente R$1 bilhão para o comprador.

Telecom e Tecnologia

No setor de Telecom, os principais temas discutidos foram a migração para o regime de autorização, que está sob análise do TCU, com aprovação esperada para meados de novembro (4T24), e a possível desaceleração do crescimento da receita no 2S24, após um forte desempenho no início do ano. Ainda assim, esperamos que o crescimento continue acima da inflação.
A Totvs expressou interesse em avaliar a venda da Linx, mas considera ã avaliação sugerida (13x–15x EBITDA) elevado. Em contraste, a LWSA destacou suas iniciativas para melhorar a rentabilidade, com foco em precificação, vendas cruzadas, expansão do mercado potencial e soluções financeiras. com relação à Eletromídia, as discussões abordaram as dinâmicas do setor de Out of Home (OOH), novas frentes de crescimento e a atual posição acionária da Globo.

Mineração

No setor de mineração, o destaque positivo foi a CBA. Saímos da reunião com otimismo renovado sobre as perspectivas de curto e médio prazos para os preços do alumínio, devido a fatores sazonais e indicações de oferta e demanda de longo prazo, respectivamente. Os resultados operacionais da CBA devem se beneficiar de preços mais altos, e os analistas notam que essa tendência pode ser fundamental para compensar a pressão adicional sobre os custos do alumínio provenientes da
energia. A alavancagem da CBA deve diminuir no 2S24, mas dividendos podem não ser distribuídos devido a prejuízos acumulados.

Siderurgia

A Gerdau foi o destaque positivo entre as empresas de aço, pois os analistas saíram da reunião com a impressão de que os resultados mais fortes da divisão de negócios do Brasil devem mais do que compensar os números mais fracos da divisão de negócios da América do Norte no 2S24. No Brasil, além dos preços realizados e da demanda local mais altos, a empresa deslocou a produção para usinas mais eficientes, o que reduzirá os custos no 2S24. No geral, esperamos que as margens melhorem sequencialmente no 3T24 e atinjam 18%–20% no 4T24. Por outro lado, com relação à divisão de negócios da América do Norte, a empresa notou desaceleração, mas ainda vê fundamentos fortes no futuro devido a programas governamentais. As margens nessa divisão devem enfrentar alguma pressão sequencial à medida que a empresa aumentar sua exposição a vergalhões e cortar os preços de barras comerciais. As divisões de negócios de Aços Especiais e América do Sul devem ver resultados estáveis no 3T24, mas o Safra se diz otimista com o crescimento dos lucros nessas divisões em 2025.

Papel e Celulose

O Safra vê a Dexco como o destaque positivo entre as empresas de Papel e Celulose que participaram da J. Safra Conference 2024, pois a dinâmica positiva na divisão Madeira e a recuperação da Deca devem continuar impulsionando melhorias sequenciais nos resultados, potencialmente surpreendendo as expectativas do mercado. Por outro lado, a perspectiva de resultados para a divisão Revestimentos continua desafiadora. A divisão de Madeira da Dexco deve se beneficiar de fortes aumentos de preços. Os resultados da Deca se recuperaram, embora estejam longe dos picos anteriores, mas estamos otimistas com os resultados futuros dessas divisões à medida que os investimentos feitos durante o ciclo de investimentos e a reestruturação operacional que ocorreu em 2023 amadurecem. A divisão de Revestimentos enfrenta desafios devido à fraca demanda e à perda de participação de mercado, e acreditamos que uma melhora significativa seja improvável no curto prazo. A Dexco anunciou recentemente a reestruturação da dívida da LD Celulose para otimizar a estrutura de capital da JV, e acreditamos que isso poderá viabilizar uma antecipação do fluxos de dividendos da LD e, assim, incentivar os investidores a incorporar a JV na avaliação da Dexco, gerando valor.

Saiba mais sobre a J. Safra Brazil Conference.

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