Instituto Victor Brecheret quer levar mostra da fase indígena para a Itália
Exposição "Brecheret Modernista - A Imagem Indígena como Símbolo de Brasilidade", do artista ítalo-brasileiro, já passou por Belém, São Luís e Belo Horizonte
08/07/2025
Em evento com apoio do Banco Safra, a curadora Maria Izabel Branco Ribeiro e Victor Brecheret Filho falaram sobre a obra do escultor ítalo-brasileiro | Foto: Cley Scholz
A exposição “Brecheret Modernista – A Imagem Indígena como Símbolo de Brasilidade”, poderá ser levada para a Itália, depois de passar por Belém (PA), Belo Horizonte (MG) e São Luís (MA). O projeto foi apresentado no auditório do Museu de Arte de São Paulo (MASP), em evento gratuito com apoio cultural do Banco Safra, dia 1 de julho.
A exposição reúne esculturas e desenhos originais que apresentam um panorama da trajetória do artista ítalo-brasileiro, destacando seus vínculos com as propostas modernistas e seu interesse no universo indígena.
Brecheret nasceu em 15 de dezembro de 1894, cidade de Farnese, província de Viterbo, Itália, e muito criança ficou órfão de pai e mãe, indo morar com os tios. Desde pequeno adorava fazer bonecos de barro, que queimava no forno de sua casa. Um dia, encontrou na rua uma revista com imagens de obras de Auguste Rodin. Esta teria sido sua primeira inspiração para tornar-se escultor.
Em 1920, o trabalho do artista chamou a atenção dos modernistas Oswald de Andrade, Di Cavalcanti, Helios Seelinger e Menotti del Picchia. Quando Brecheret foi estudar na Itália, Mário de Andrade escreveu uma carta a ele com um pedido: “Não se esqueça dos nossos indígenas”.
A apresentação no MASP contou com a presença de Victor Brecheret Filho, presidente do instituto que leva o nome do seu pai e tem como objetivo realizar e promover pesquisas, estudos, consultorias, cursos, conferências, avaliações e implementações de projetos destinados à divulgação e incentivo de atividades artísticas e culturais relativas às artes e artistas plásticos em geral, especialmente à obra do escultor Victor Brecheret.
Brecheret Filho relata como o pai se inspirou em fotos jornalísticas
Brecheret Filho lembrou de como seu pai se inspirou em fotos de indígenas brasileiros de autoria de Jean Manzon publicadas na revista O Cruzeiro, em reportagens do jornalista David Nasser relatando as descobertas da Expedição Roncador, criada em 1941 pelo governo de Getúlio Vargas. A expedição fazia parte do processo de interiorização do Brasil, e contou com a participação dos irmãos Villas Boas. “Ele olhava aquelas imagens e ficava horas e horas fazendo desenhos e estudos que depois viraram esculturas”, lembrou.
A curadora da exposição, Maria Izabel Branco Ribeiro, graduada em Artes e doutora em História da Arte, destacou a presença das obras do escultor em diversos pontos da cidade de São Paulo, e sua trajetória desde a formação no Liceu de Artes e Ofício de São Paulo e estudos na Itália a partir de 1913, sempre com grande interesse pela anatomia.
A temática indígena já aparece na obra de Brecheret no princípio da década de 1920, quando, ao compor a maquete para o Monumento às Bandeiras, incluiu grupos de indígenas e mestiços.

Após o retorno ao o Brasil, em 1936, Brecheret passou a retratar em suas obras os povos do Brasil Central e da Amazônia. Foi naquele ano que ele iniciou a construção de uma das suas obras mais famosas e grandiosas, o Monumento às Bandeiras, que foi finalizado em 1953 e pode ser visto em frente ao Parque do Ibirapuera, em São Paulo.
“O monumento tem indígenas, negros, mestiços e italianos, que representam o esforço coletivo na construção de São Paulo”, explica a curadora da exposição.