Inflação dá sinais de alívio e taxa Selic pode cair no fim do ano
Projeções de inflação futura tendem a cair, o que deverá permitir que o Banco Central inicie um ciclo de corte de juros em dezembro deste ano, avalia o Banco Safra
30/06/2025
O Safra considera que a melhora do cenário de inflação disseminada aumenta a probabilidade redução maior do IPCA nos últimos meses do ano | Foto: Getty Images
O Banco Safra reduziu de 5,1% para 4,9% a projeção da inflação oficial medida pelo IPCA para 2025, ainda acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário nacional (CMN), de 4,5%. A projeção é inferior à média do consenso do mercado financeiro.
O Safra considera que a melhora do cenário de inflação disseminada aumenta a probabilidade redução maior do IPCA nos últimos meses do ano, o que tende a contribuir para levar a inflação para 3,8% em 2026.
Segundo a análise dos especialistas do Safra, os resultados benignos da inflação vão aparecer ao longo do segundo semestre deste ano, num cenário de moderação na atividade econômica e taxa de câmbio contida, que tendem a reduzir as expectativas do consenso do mercado.
Isso, por sua vez, reduzirá as projeções de inflação do Banco Central do Brasil para o horizonte relevante e trará a confiança necessária para que a autoridade monetária inicie um ciclo de corte de juros em dezembro deste ano, avalia o Safra.
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Sinais de alívio da inflação
O Safra destaca as evidências da desinflação em curso. O IGP-M, que retrata principalmente a inflação ao produtor, registrou variação mensal de -1,67%, resultado sensivelmente inferior às projeções do mercado, que rodavam próximas de -1,00% na comparação mensal.
Houve surpresa na deflação de petróleo e na de produtos agropecuários, movimento liderado pelas quedas de milho, café e ovos. Destaque também para a leve deflação do núcleo do IPA industrial, métrica que expurga do cálculo itens com peso elevado, como alimentos e minério de ferro, e que tem forte relação com o componente de bens industriais do IPCA.
Os preços ao consumidor mostram fotografia similar. O IPCA-15 de junho marcou alta de 0,26% na comparação mensal, ante a nossa previsão de 0,33% m/m e mediana do mercado em 0,30% m/m.
A abertura mostrou uma deflação de alimentos alinhada com a nossa expectativa, beneficiada pela queda dos produtos in natura. Já os bens industriais tiveram variação próxima de zero e tendem a repassar nas próximas leituras o alívio de preços registrado nas fábricas.
Em termos de política monetária, a dinâmica mais benigna que a prevista para a inflação de serviços é a grande notícia, segundo relatório do Safra. Parte da surpresa baixista se deu por uma variação menor de Passagem Aérea, item com inflação volátil e que costuma ser excluído das medidas de núcleo. Mas, o Safra destaca também o arrefecimento nos Serviços Subjacentes, que inclui aluguéis e alguns serviços intensivos em mão de obra.