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Ações de transportes e infraestrutura enfrentam cautela de investidor global

Incerteza política, custos de financiamento e compressão de margens devem manter as ações de transporte e infraestrutura sensíveis ao sentimento de risco global

Transporte infra cautela

Previsão de volatilidade até as eleições mantém investidores conservadores com baixa exposição às ações, enquanto players oportunistas buscam oportunidades táticas em empresas defensivas como Localiza, Motiva e Rumo | Foto: Getty Images

Investidores globais estão cautelosos em relação às ações do setor de transportes e infraestrutura, refletindo ceticismo político, incerteza institucional e menor atratividade das ações brasileiras no curto prazo. A análise é dos especialistas do Banco Safra.

Embora empresas de transporte e infraestrutura sejam reconhecidas pela qualidade, o risco político elevado limita fluxos estrangeiros, e casos como Ambipar (AMBP3) e Braskem (BRKM5) aumentaram preocupações com solvência em companhias alavancadas.

O sentimento piorou desde o início de 2025, com destaque para os seguintes fatres, segundo análise do Safra:

  • (i) ruído político e erosão institucional antes das eleições;
  • (ii) medidas intervencionistas (tributos, tarifas, inflação); e
  • (iii) tensões diplomáticas com os EUA.

Ações de transporte devem enfrentar volatilidade até as eleições

Entre as empresas, Localiza (RENT3) e Motiva MOTV3) seguem como nomes mais respeitados, enquanto Rumo (RAIL3) e Ecorodovias (ECOR3) atraem interesse por concessões de longo prazo, mas com dúvidas regulatórias.

Simpar (SIMH3), Vamos (VAMO3) e Movida (MOVI3) foram analisadas sob ótica de crédito, com cautela devido à alavancagem.

A visão predominante é de alta volatilidade até as eleições, mantendo investidores conservadores com baixa exposição, enquanto players oportunistas podem ver oportunidades táticas em empresas defensivas como Localiza, Motiva e Rumo.

Saiba mais

Cenário para investimentos no Brasil

Na última semana, o Banco Safra promoveu diversas reuniões com investidores institucionais globais, incluindo fundos hedge, gestores long-only e firmas de investimentos alternativos.

As discussões focaram em atualizar as visões sobre o cenário macroeconômico e político do Brasil, bem como sobre o posicionamento das empresas cobertas pelo Safra.

De forma geral, o tom foi cauteloso, refletindo uma combinação de ceticismo político, incerteza institucional e atratividade reduzida das ações brasileiras no curto prazo em comparação com seus pares.

O Brasil continua no radar global, mas sob escrutínio crítico. Embora a qualidade de várias empresas de transporte e infraestrutura continue sendo reconhecida, o risco político elevado ainda limita os fluxos estrangeiros no curto prazo.

O engajamento dos investidores permanece altamente seletivo, reforçando a importância de governança, previsibilidade e execução consistente para sustentar a confiança institucional.

Sentimento dos Investidores

O sentimento em relação ao Brasil se deteriorou significativamente desde o início de 2025. Investidores que antes esperavam estabilização macroeconômica agora destacam três preocupações principais:

  • (i) Erosão institucional e aumento do ruído político antes das eleições de outubro;
  • (ii) Medidas intervencionistas como impostos sobre estrangeiros, inflação, tarifas pressionadas e desafios específicos de setores (ex.: alavancagem), vistos como sinais de risco elevado;
  • (iii) Fricções diplomáticas entre os EUA e o Brasil, que aumentam os riscos geopolíticos e comerciais.

O consenso predominante é que o Brasil voltou a carregar um desconto político estrutural, limitando o apetite de curto prazo por exposição em ações e levando a maioria dos investidores a adotar uma postura de espera.

Percepções específicas por empresa

As percepções variaram significativamente entre as empresas cobertas. Localiza (RENT3) e Motiva (MOTV3) continuam sendo os nomes mais bem compreendidos e respeitados entre os investidores globais.

As conversas se concentraram em disciplina de avaliação e entrega operacional, com fundos de longo prazo mantendo exposição a esses negócios de alta qualidade, dado o menor nível de alavancagem em comparação com os pares e o histórico de execução mais forte.

Rumo (RAIL3) e Ecorodovias (ECOR3) atraíram atenção específica de investidores institucionais maiores devido aos seus fluxos de caixa ligados à infraestrutura e concessões de longo prazo.

No entanto, persistem dúvidas sobre ajustes tarifários e previsibilidade regulatória. A Ecorodovias, em particular, foi vista por fundos táticos como uma oportunidade de negociação, dada sua sensibilidade à volatilidade macroeconômica.

Enquanto isso, Simpar, Vamos e Movida foram discutidas principalmente sob a ótica de crédito, após recentes roadshows internacionais de dívida realizados pelas respectivas gestões.

O feedback foi moderadamente cauteloso, com investidores apontando para alavancagem elevada e vulnerabilidade de lucros em um ambiente prolongado de juros altos.

Visão de mercado e implicações táticas

A visão dominante entre os gestores de ativos é que a volatilidade permanecerá elevada durante o ciclo eleitoral presidencial, em 2026. A combinação de incerteza política, custos de financiamento elevados e compressão de margens deve manter as ações de transporte e infraestrutura sensíveis ao sentimento de risco global.

Investidores conservadores e long-only provavelmente continuarão subalocados até que haja maior visibilidade institucional. Por outro lado, investidores oportunistas e soberanos podem ver a atual volatilidade como um ponto de entrada tático, especialmente em empresas com fundamentos defensivos e perfis de crescimento sustentável, como Localiza, Motiva e Rumo.

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