Ibovespa tem potencial para alcançar os 170 mil pontos em 2026
Após o recuo do governo de Donald Trump em relação às tarifas contra produtos importados do Brasil, especialistas do Banco Safra atualizam projeções para a B3
01/08/2025
Recuo do governo Trump trouxe alívio para os mercados e ajudou a sustentar nossa tese de que a bolsa brasileira apresenta boas perspectivas para o médio prazo | Foto: Getty Images
Na tarde da última quarta-feira (30), o presidente dos EUA assinou o decreto que oficializa as tarifas de 50% sobre produtos brasileiros, mas abriu uma série de exceções que abrangem cerca de 40% das exportações brasileiras para os EUA, sobretudo de produtos industriais e commodities.
Com isso, o impacto negativo sobre o PIB brasileiro tende a ser menor do que o inicialmente estimado – em torno de -0,2 ponto porcentual, segundo o time de análise de economia do Banco Safra.
Entre os principais itens afetados pela tarifa de 50%, o Safra destaca o café, carnes e cacau. No entanto, por serem commodities, são mais aceitos em outros mercados.
Saiba mais
- Top 10 Ações: os melhores papéis para investir em agosto
- Análise de ações: as recomendações dos especialistas do Banco Safra
- Fundos imobiliários: preços indicam janela de oportunidade
Impacto do recuo de Donald Trump na projeção para o Ibovespa
Atualizando a análise sobre os possíveis impactos das tarifas, o Banco Safra destaca que o anúncio do governo Trump reduziu de forma relevante o risco de escalada do conflito comercial – um dos principais riscos monitorados pelos investidores –, além de aliviar a pressão sobre o governo brasileiro de oferecer apoio emergencial ao setor privado (o que poderia impactar negativamente a situação fiscal).
Além disso, considerando a relevância dos produtos ainda não isentos (como café, carnes e cacau), o mercado começa a vislumbrar espaço para o anúncio de uma nova rodada de exceções tarifárias.
Portanto, a notícia traz alívio para os mercados e ajuda a sustentar nossa tese de que a bolsa brasileira apresenta boas perspectivas para o médio prazo, pois conta com a avaliação ainda descontada de empresas de qualidade.
Qual foi o impacto do recuo nas tarifas?
Após o anúncio da isenção tarifária a diversos produtos brasileiros pelos EUA, o Ibovespa registrou recuperação inicial superior a 1%. No entanto, com a queda observada na quinta, dia 31, o índice ainda opera cerca de 4,5% abaixo do nível anterior ao do anúncio do tarifaço, em 9 de julho.
Nesse mesmo intervalo, os mercados emergentes apresentaram alta de aproximadamente 2%, sugerindo potencial de recuperação de preços em um cenário de maior estabilidade diante dos múltiplos ainda descontados em comparação com seus pares e com o histórico de longo prazo.
Fluxo de estrangeiros
Embora o saldo de recursos estrangeiros na B3 seja positivo em R$ 20,5bi em 2025, em julho as incertezas relacionadas às tarifas levaram a uma inversão do fluxo positivo dos últimos dois meses, e a bolsa apresentou saída mensal acumulada próxima a R$ 6bilhões.
Os especialistas do Safra acreditam que, com a estabilização das tensões comerciais, o movimento de rotação de recursos dos mercados norte-americanos em direção a mercados emergentes poderia continuar, potencialmente voltando a beneficiar o Brasil, especialmente se a temporada de resultados confirmar balanços ainda equilibrados e se os dados de inflação continuarem mostrando desaceleração.
Cenário para o Ibovespa mantido
O Safra reforça a visão positiva para o Ibovespa no médio prazo e mantém a projeção de 170 mil pontos para o meio de 2026, pois:
- (i) o múltiplo de negociação de 7,2x o P/L em 2026e está 28% abaixo da média histórica de 10 anos;
- (ii) o Banco Central encerrou o ciclo de alta de juros e haverá um potencial corte de juros em breve, beneficiando o mercado acionário; e
- (iii) o Safra vê fundamentos positivos para as empresas considerando os últimos resultados apresentados.
Cenário para as empresas
As empresas e os setores diretamente beneficiados pela mudança são Bens de Capital (Embraer), Papel e Celulose (Suzano) e Petróleo (PRIO), com efeito mais sensível sobre Embraer (EMBR3), que no dia do anúncio do decreto subiu 10,93%, acumulando alta próxima de 4% no mês e voltando para um patamar mais próximo das máximas históricas.