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Hora de travar o juro real na máxima histórica com títulos do Tesouro

Banco Safra reforça a recomendação de entrada nos títulos do Tesouro (NTN-B), alongando os prazos da carteira para travar os juros reais nas máximas históricas

Juro real

Nível atual do juro real reforça a atratividade das NTN-Bs como instrumento de proteção de patrimônio e oportunidade de ganhos com queda da inflação e dos juros básicos | Foto: Getty Images

As taxas de juros reais — ou seja, o rendimento acima da inflação — dos títulos públicos indexados ao IPCA, conhecidos como NTN-Bs (Notas do Tesouro Nacional série B), estão próximas das máximas históricas. À medida que o processo de desinflação da economia se consolidar, com queda gradual dos índices de preços e queda dos juros, o potencial de ganho com esses títulos aumenta.

No atual cenário, os NTN-Bs se tornam uma alternativa interessante para quem busca proteção contra a inflação e rentabilidade consistente. O investidor que aplica atualmente nesses papéis garante um “carrego” — termo usado para descrever o rendimento acumulado ao longo do tempo — superior à inflação, além de ter potencial de ganhos adicionais caso o Banco Central avance no ciclo de cortes da taxa básica de juros, a Selic.

A NTN-B paga ao investidor uma taxa fixa acrescida da variação do IPCA, o índice oficial de inflação. Essa taxa fixa é chamada de juro real, pois representa o ganho efetivo acima da inflação. É esse juro que serve como referência para avaliar a atratividade da renda fixa e o custo de oportunidade de outros investimentos.

Os especialistas do Banco Safra consideram a probabilidade de cortes de juros ainda em 2025, visto os sinais de arrefecimento na atividade econômica e cenário inflacionário benigno, com quedas graduais nas projeções de mercado.

O Safra recomenda a alocação em NTN-Bs com prazos mais longos, aproveitando o momento favorável para travar taxas elevadas por mais tempo.

Confira abaixo a recomendação do Safra de alocação em NTN-B como forma de travar o juro real.

Saiba mais

Hora de travar o juros real

Atualmente, o juro real medido pela NTN-B segue em patamar historicamente elevado, batendo a máxima dos últimos 15 anos (Figura 1) e permanecendo entre os mais altos do mundo ao longo de 2025. Esse nível de juros reflete, dentre outros fatores, a cautela dos operadores do mercado frente cenário fiscal, inflação e incertezas externas. Pela ótica do investidor, esse nível do juro real reforça a atratividade das NTN-Bs como instrumento de proteção de patrimônio e, ao mesmo tempo, abre oportunidade de ganhos potenciais conforme ocorra o processo de desinflação e o Banco Central avance no ciclo de corte de juros.

O que justifica o nível elevado do juro real?

Conforme mostrado na Figura 1 acima, a alta ocorre de forma mais consistente desde meados de 2023 e se deve a vários motivos, mas destacadamente, decorrente do aumento da dívida pública, expectativas de inflação fora da meta, expansão da concessão de crédito – contribuindo para aquecer a economia – desvalorização cambial e cenário externo.

Esses fatores ampliaram a incerteza sobre a sustentabilidade fiscal do governo, elevando o prêmio de risco exigido pelos investidores e, consequentemente, mantendo os juros reais em patamares elevados.

No campo monetário, o Banco Central voltou a subir juros em 2024, diante do risco de desancoragem da perspectiva de inflação decorrente de uma economia resiliente e incentivos fiscais que pressionam as contas públicas.

No cenário externo, o juro elevado pressionou as curvas locais e o câmbio apresentou forte volatilidade, seja por questões comerciais, conflitos geopolíticos e fatores políticos internos.

Queda à vista! Quais fatores levariam a uma queda dos juros reais?

O movimento do juro real é amplamente influenciado por fatores atrelados à política monetária e fiscal, além de sentir os efeitos indiretos vindo das curvas Treasuries (EUA) e fluxo cambial.

No campo monetário, o discurso do Copom mantém rigidez quanto a manutenção do juro elevado para assegurar a convergência da inflação para a meta. Ainda assim, há probabilidade de cortes em 2025, visto os sinais de arrefecimento na atividade econômica – influenciado pelo desempenho de setores sensíveis ao crédito, tais como indústria de transformação e construção civil –, a desaceleração na concessão de crédito e a acomodação do nível de desemprego. Além disso, o cenário inflacionário é benigno, com quedas graduais nas projeções de mercado.

O comportamento do juro nominal (Selic) e da NTN-B estão fortemente correlacionadas. A expectativa do índice IPCA convergindo para dento do intervalo da meta de 3,5% do Banco Central abre espaço para corte de juros de forma gradual, mas ainda com atenção ao risco fiscal e a volatilidade cambial.

Nos EUA, o corte nos juros pode trazer algum alívio ao câmbio brasileiro, conforme o spread entre o juro brasileiro e americano se amplie e aumente o fluxo de dólares para cá. Todavia, a alta na inflação nos EUA e possível persistência adiciona uma camada de preocupação para o FED. As Treasuries mantiveram tendência de queda no último mês, principalmente nos vértices mais curtos, reduzindo pressão sobre ativos locais.

Há também uma correlação entre a mediana das projeções de inflação do Focus e o comportamento das taxas reais das NTN-Bs. Revisões para baixo nas expectativas de inflação costumam abrir espaço para fechamento das taxas reais e valorização dos papéis indexados ao IPCA.

Atualmente, a mediana da expectativa de inflação para 2026 no Focus está em 4,28% a.a., dentro do teto da meta. Nesse mesmo vértice, a NTN-B 2026 negocia a 9,45% real, o que implica uma inflação implícita de 4,43% a.a., com base na pré 2026 de 14,28%. Ou seja, o mercado embute prêmio de inflação ligeiramente superior ao consenso do mercado, refletindo um risco adicional.

Hora de travar o juro real!

Diante dos números da atividade econômica local e menor pressão do cenário externo, há espaço para fechamento no juro real a NTN-B, saindo das máximas históricas e gerando ganhos de rentabilidade.

Desse modo, no universo de títulos públicos, a preferência de aplicação dos especialistas do Banco Safra vai para ativos NTN-B com prazos mais alongados, acima de 5 anos.

Conforme visto na Figura 5, o potencial de rentabilidade das NTN-Bs é superior ao CDI em quase todos os vértices.

A vantagem de alongar é aproveitar o retorno elevado por mais tempo na carteira.

Qual o potencial de ganho?

A valorização do preço da NTN-B – e o ganho do investidor – vai depender do nível de queda da taxa real e a duration do título.

A Figura 6 traz uma tabela de sensibilidade para quedas de 25 bps, 50 bps e 100 bps nas NTN-Bs e a respectiva valorização do título (em percentual) – por exemplo, queda de 50 bps implicaria um ganho de 3,6% no preço da NTN-B 2035. Os maiores ganhos se concentram nos títulos com maior duration, reforçando nosso argumento para aumentar exposição em ativos de longo prazo. Vale lembrar que as quedas na NTNB (quando ocorrerem) devem ser graduais e que o retorno acumulado deve ser na mesma proporção.

Íntegra da análise do Banco Safra sobre ‘Recomendação de alocação em NTN-B’.

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