Gerdau e Usiminas são destaques entre as ações do setor siderúrgico
Especialistas do Safra ajustam as estimativas para as siderúrgicas brasileiras após a posse de Donald Trump e considerando também o risco Brasil
31/01/2025
O Safra avalia que o quarto trimestre foi o “fundo dos lucros”, e considera que os preços do aço doméstico estão aumentando e os custos de produção por tonelada se normalizaram | Foto: Getty Images
O Banco Safra ajustou as estimativas para as ações das empresas de siderurgia, considerando uma visão mais negativa sobre os preços do aço nos Estados Unidos, inflação dos custos de produção (COGS) e deterioração do risco-país no Brasil. O banco manteve as preferências e recomendações e reduziu as estimativas e preços-alvo para Gerdau (GGBR4: Compra; 32% de potencial de alta) e Usiminas (USIM5: Neutro; 21% de potencial de alta).
Os especialistas do Safra observam que o quarto trimestre foi o “fundo dos lucros”, e consideram que os preços do aço doméstico estão aumentando e os custos de produção por tonelada (COGS/t) se normalizaram. Sendo assim, informam que as ações da Gerdau e Usiminas devem ser negociadas com base no crescimento dos lucros daqui para a frente.
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Para apoiar a preferência relativa entre as ações, o Safra definiu um perfil de risco-retorno melhor em nas estimativas para a Gerdau, se variáveis-chave (ou seja, preços de commodities e câmbio) se estabilizarem nos níveis do quarto trimestre de 2024.
Além disso, o Safra considera múltiplos de valuation mais atraentes e retornos. E o fator surpresa é mais forte para a Gerdau, se a economia dos EUA mudar sob o novo mandato de Trump e as iniciativas internas amadurecerem mais rapidamente.
Novo cenário para investir em ações das siderúrgicas
Para contextualizar o cenário, se os preços do aço no Brasil e nos EUA se estabilizarem nos níveis estimados para o quarto trimestre, a Gerdau seria negociada a 3,7x EV/EBITDA estimado para 2025 e com 4% de rendimento de fluxo de caixa, um múltiplo muito mais atraente do que o da Usiminas, que seria negociada a 4,9x EBITDA estimado para 2025 e -10% de rendimento.
No front interno, a Gerdau estima que projetos estratégicos concluídos até o primeiro trimestre de 2025 poderiam gerar R$ 2,6 bilhões em EBITDA incremental na maturidade total, enquanto para a Usiminas acreditamos que a maior parte da redução de custo por tonelada após a renovação do alto-forno #3 já foi refletida nos resultados.
Ajustando finamente as estimativas e considerando um aumento de 190bps no custo de capital próprio (Ke); o Safra introduziu preços-alvo mais baixos para o final de 2025. O banco considera a deterioração do risco-país no Brasil, o que resultou, em média, em um aumento de +190bps no Ke, composto por um risco-país de 4,18% + prêmio de risco de ações de 6,12% + risco-país de 260bps + beta de 1,2 para a Gerdau (PA: R$23,5 vs. R$24,1 antes); e risco-país de 300bps + beta de 1,3 para a Usiminas (PA: R$6,8 vs. R$7,0).
O Safra reduziu o EBITDA estimado para 2025 e 2026 da Gerdau em 8%, em média, para R$11,2 bilhões (2% abaixo do consenso VA) e R$11,4 bilhões (4% abaixo), respectivamente, ao incorporar volumes de vendas mais fracos, preços mais baixos do aço nos EUA em dólares e custos de produção mais altos por tonelada também em dólares.
Isso resulta na Gerdau sendo negociada a 3,8x EBITDA estimado para 2025 (vs. uma média de 5 anos de 4,2x) e 4% de rendimento de fluxo de caixa. O safra também reduziu o EBITDA estimado para 2025 e 2026 da Usiminas em 7%, em média, para R$ 2,8 bilhões (5% abaixo do consenso VA) e R$3,2 bilhões (1% abaixo), respectivamente, ao incorporar custos de produção mais altos por tonelada, que mais do que compensam um aumento nos volumes de vendas e preços do aço.
Isso resulta na Usiminas sendo negociada a 3,3x EBITDA estimado para 2025 (vs. uma média de 5 anos de 4,2x) e -3% de rendimento de fluxo de caixa.
Riscos para nossas teses de investimento do Safra em siderurgia:
- (i) estabilidade nos preços do aço doméstico, já que esperamos um aumento nos preços do aço no curto prazo;
- (ii) uma estabilização mais rápida dos preços do aço nos EUA;
- (iii) custos de produção de aço se estabilizando em níveis diferentes das nossas expectativas;
- (iv) preços do minério de ferro divergindo das nossas previsões base; e
- (v) mudanças inesperadas nos planos de capex.