Fed deve promover dois cortes nos juros até o fim de 2024
Projeção do Banco Safra é que o banco central americano realize duas reduções de 0,25 ponto percentual nas reuniões de setembro e dezembro
17/06/2024
Autoridade monetária pode se sentir mais confortável em relaxar a política monetária com ao longo do segundo semestre | Foto: Getty Images
Com os últimos dados apontando uma desaceleração da atividade econômica dos Estados Unidos, além do arrefecimento da inflação, o Federal Reserve (Fed) deve se sentir mais confortável para promover dois cortes de 0,25 ponto percentual no intervalo da taxa de juros.
A projeção consta em relatório do Banco Safra, que prevê os cortes acontecendo nas reuniões de 17 e 18 de setembro e 17 e 18 de dezembro.
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Em maio, a inflação americana (CPI) ficou virtualmente zerada (alta de 0,01% na variação mensal, com ajuste sazonal), com o núcleo reduzindo de 0,29% em abril para 0,16% na variação mensal com ajuste sazonal.
Com a atividade econômica gradualmente desacelerando, em meio às políticas fiscal e monetária mais restritivas, e o mercado de trabalho menos apertado, também por conta do aumento de oferta de trabalhadores, as pressões de preços devem seguir moderando ao longo do ano.

Alguns itens que têm sido fonte relevante de pressão inflacionária nos últimos meses desaceleraram, como seguro de veículo e serviços hospitalares. Por outro lado, a inflação de aluguel novamente não registrou progresso, com o aluguel autoimputado (owners equivalent rent – OER) subindo 0,43%, mesmo ritmo dos três meses anteriores (Gráfico 2).
Dado que esse único componente tem peso de 33,4% do núcleo, sua contribuição foi de 0,14% do total de 0,16% registrado no mês. Assim, os serviços excluindo o aluguel e o componente volátil de passagem aérea subiram apenas 0,06% ante 0,46% em abril.

Atividade econômica
Em paralelo ao arrefecimento da inflação, a atividade econômica tem demonstrado gradual moderação. A política monetária se encontra em patamar restritivo e suas consequências já aparecem no crédito para consumidores e para empresas. Do lado fiscal, o aumento de déficit havido em 2023 será parcialmente revertido neste ano, em que o resultado primário deve encerrar em -2,7% do PIB.
A moderação da atividade também é refletida no mercado de trabalho. O ritmo de criação de empregos reportado pelas empresas acelerou novamente em maio, mas a população ocupada caiu em mais de 400 mil pessoas, o que pressionou a taxa de desemprego, que subiu para 4%.
Outras métricas vêm sinalizando a perda de vigor do mercado de trabalho, como a redução dos pedidos voluntários de demissão e dos postos de trabalho em aberto.
O mercado de trabalho menos pressionado tem permitido uma gradual redução do crescimento dos salários, o que além de contribuir para frear a demanda dos consumidores, beneficia os custos trabalhistas das empresas, com reflexos sobre a inflação.
Tudo isso corrobora a visão de que o Fed pode se sentir mais confortável para cortar juros nos EUA até o fim deste ano.