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Estratégias de financiamento com crédito privado

Captação de dívida e análise da estrutura de capital: análise dos especialistas Yuri Machado e Roberto Pasqualini, do Banco Safra, sobre o mercado de crédito privado

Linha de trem com morro verde e céu azul ao fundo, alusivo ao marco ferroviário

O mercado de crédito privado se tornou importante fonte de financiamento, ao passo que dependência por fontes do BNDES reduziu-se ao longo dos anos | Foto: Getty Images

O mercado de crédito privado brasileiro bateu recorde em volume de emissão em 2024, refletindo o forte apetite do investidor por títulos de renda fixa em um cenário de juro elevado, além dos efeitos de mudanças normativas que tiveram como consequência o aumento do fluxo comprador nesse mercado.

Em um ambiente favorável para captação de recursos via dívida, procuramos explorar como ficaram as métricas de liquidez e alavancagem de um grupo de companhias com resultados trimestrais e sob nossa cobertura.

A princípio, categorizamos as empresas em quatro grupos distintos, com base em características como alavancagem, gestão de caixa e estratégia de expansão.

O objetivo é mapear riscos de curto prazo e o impacto das captações na estrutura de capital e na capacidade de investimento das companhias, abordando também como as condições macroeconômicas e setoriais influenciaram essas dinâmicas.

Ao todo, estimamos que nos 9M24, esse grupo de 38 companhias levantaram R$133 bilhões, distribuídas em 69 operações, que incluem debêntures, CRAs, CRIs, bonds e financiamentos via BNDES.

Em operações de crédito privado, foram levantados R$86 bilhões, de um total de R$388 bilhões nos 9M24 no mercado como um todo (dados Anbima).

O mercado de crédito privado se tornou importante fonte de financiamento, talvez a principal para alguns grupos, ao passo que dependência por fontes do BNDES reduziu-se ao longo dos anos.

Saiba mais

Crédito privado como fonte de financiamento

Classificamos os grupos de acordo com os critérios abaixo:

Grupo 1: Empresas alavancadas com investimentos estratégicos. Inclui setores como energia elétrica, saneamento e rodovias. Essas empresas captaram R$47 bilhões no período analisado, representando 21% da dívida bruta consolidada desse grupo ao final de 2023, com foco em projetos de expansão e melhoria operacional.

Grupo 2: Empresas alavancadas com desafios de geração de caixa. Envolve setores intensivos em capital, como locação de veículos e papel e celulose. Apesar da robustez operacional, enfrentam maiores custos de dívida devido ao aperto monetário, impactando o fluxo de caixa livre.

Grupo 3: Empresas desalavancadas sem grandes investimentos planejados. Este grupo, que inclui as companhias BRF e Cyrela, realizou emissões para reforçar a liquidez. A estratégia de atuação nos 9M24 foi sustentar rentabilidade e manter a alavancagem em patamar controlado.

Grupo 4: Empresas desalavancadas com investimentos planejados. Empresas desse grupo mantém projetos relevantes no curto prazo, estão com espaço para alavancagem (média de 1,2x) e apresentam desempenho operacional positivo em nossa avaliação.

Conforme mostrado na Figura 1, quase 73% da dívida levantada pelas companhias analisadas veio através de crédito privado, enquanto uma parcela mínima veio do BNDES. Bonds também foram um instrumento relevante de financiamento, com as companhias FS, Movida, Raízen, Vale, Petrobras e Eletrobras acessando o mercado externo.

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