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Embraer escapa do tarifaço; mas setor de bens de capital é atingido

Fabricante brasileira de aviões entra na lista de isenções dos Estados Unidos, mas outras empresas de bens de capital são afetadas no setor de bens de capital

Embraer

Embraer se beneficiou da isenção tarifária, reduzindo significativamente o impacto esperado, segundo o Banco Safra | Foto: Getty Images

A Casa Branca publicou oficialmente uma ordem executiva impondo uma tarifa total de 50% sobre as exportações brasileiras. A tarifa de 10% anunciada pelo presidente Donald Trump permanece em vigor, e a nova ordem executiva adiciona mais 40%, citando preocupações com a segurança nacional.

Notavelmente, certos produtos foram isentos, incluindo aeronaves civis e seus componentes, bem como veículos de passageiros e autopeças. Notícia altamente positiva para a Embraer (EMBR3).

Com a isenção das tarifas adicionais, os especialistas do Banco Safra entendem que os produtos da Embraer continuarão sujeitos apenas à tarifa existente de 10%, o que deve resultar em um impacto estimado de US$ 80 milhões em 2025 — significativamente menor do que se a tarifa total de 50% tivesse sido aplicada, valor que já estava incorporado em nossas projeções.

O Banco Safra reitera a recomendação de compra para a Embraer (EMBR11), apoiada por sua carteira de pedidos em nível recorde, uma perspectiva favorável para o segmento de jatos executivos e o aumento contínuo das vendas da família E2 — todos fatores que devem impulsionar a lucratividade sustentada nos próximos anos.

Além disso, o impulso crescente da plataforma C-390 no segmento de Defesa fortalece ainda mais as perspectivas de crescimento de longo prazo da empresa.

Saiba mais

Ações de bens de capital

No relatório Safra sobre Bens de Capital, os especialistas do banco tratam do choque tarifário – reflexões iniciais sobre a tarifa de 50% e suas implicações para nossa cobertura, detalhamos o impacto esperado da tarifa de 50% em cada empresa.

A visão geral do Safra permanece inalterada para todas as empresas — exceto para a Embraer, que se beneficiou da isenção tarifária, reduzindo significativamente o impacto esperado.

WEG (WEGE3)

Recomendação neutra; Preço-alvo R$49,80) – impacto mais indireto, embora significativo.

A ordem executiva isentou certos produtos — como transformadores, motores e sistemas de climatização (HVAC) — mas apenas aqueles destinados ao uso em aeronaves, que o Safra acredit representar apenas uma pequena parcela da demanda total. O banco estima uma exposição direta à tarifa de aproximadamente 7% da receita total da empresa.

O impacto mais relevante que prevemos é uma possível redução na demanda pelos produtos da WEG, já que clientes podem optar por concorrentes com menor exposição tarifária ou adiar decisões de investimento. Três pontos importantes:

  • (i) Uma parte significativa das exportações da WEG a partir do Brasil é de transformadores — um segmento com oferta global restrita, o que pode permitir ajustes de preços. No entanto, esses ajustes provavelmente não compensarão totalmente o impacto da tarifa de 50%, o que pode afetar a rentabilidade.
  • (ii) A WEG já possui iniciativas para mitigar esses efeitos, como a expansão da capacidade produtiva nos EUA (em andamento) e o uso da capacidade ociosa da Regal para transferir parte da produção para fora do Brasil. Embora as exportações de motores do Brasil para os EUA possam ser prejudicadas — devido à forte presença local dos concorrentes —, a aquisição da Regal oferece flexibilidade para realocar a produção.
  • (iii) A implementação da tarifa pode levar à desvalorização do real (BRL), o que pode compensar parcialmente a pressão sobre a receita da WEG ao ser convertida para moeda local.

Além disso, vale destacar que o governo Trump também aumentou a tarifa sobre o cobre (cerca de 30% do custo de matéria-prima da empresa), o que pode pressionar ainda mais a rentabilidade.

Frasle (FRAS3)

Recomendação de compra; Preço-alvo R$34,10) – notícia aparentemente positiva.

Ao que tudo indica, a tarifa adicional de 40% não será aplicada a veículos de passeio, caminhonetes leves ou suas autopeças. Assim, os produtos da Frasle devem continuar sujeitos à tarifa de 10%, conforme anunciado anteriormente..

Esse nível tarifário é favorável para a Frasle, oferecendo vantagem competitiva em relação aos concorrentes chineses. A América do Norte representou cerca de 13% da receita da Frasle em 2024, com a maior parte (~80%) proveniente de exportações a partir do Brasil.

Randoncorp (RAPT4)

Recomendação de compra; Preço-alvo R$10,40) – impacto marginal

A Randon (RAPT4) tem exposição indireta às tarifas dos EUA por meio da Frasle. O Safra estima uma exposição de cerca de 2,8% da receita consolidada de 2024 (~R$716 milhões), devido a aproximadamente R$412 milhões em exportações da Frasle via Brasil.

Iochpe-Maxion (MYPK3)

Recomendação de Compra; Preço-alvo R$17,50) – perspectiva levemente negativa

O Safra espera um impacto direto limitado, já que suas exportações a partir do México continuam se beneficiando do acordo USMCA. No entanto, tarifas globais podem reduzir a demanda por veículos, afetando negativamente os volumes da empresa na América do Norte.

Marcopolo (POMO4)

Recomendação de compra; Preço-alvo R$10,60) – não deve ser impactada

O plano tarifário atual não deve afetar diretamente a Marcopolo, já que a empresa não exporta ônibus para os EUA. Assim, o Safra reitera a Marcopolo como principal escolha (top pick).

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