Embraer escapa do tarifaço; mas setor de bens de capital é atingido
Fabricante brasileira de aviões entra na lista de isenções dos Estados Unidos, mas outras empresas de bens de capital são afetadas no setor de bens de capital
31/07/2025
Embraer se beneficiou da isenção tarifária, reduzindo significativamente o impacto esperado, segundo o Banco Safra | Foto: Getty Images
A Casa Branca publicou oficialmente uma ordem executiva impondo uma tarifa total de 50% sobre as exportações brasileiras. A tarifa de 10% anunciada pelo presidente Donald Trump permanece em vigor, e a nova ordem executiva adiciona mais 40%, citando preocupações com a segurança nacional.
Notavelmente, certos produtos foram isentos, incluindo aeronaves civis e seus componentes, bem como veículos de passageiros e autopeças. Notícia altamente positiva para a Embraer (EMBR3).
Com a isenção das tarifas adicionais, os especialistas do Banco Safra entendem que os produtos da Embraer continuarão sujeitos apenas à tarifa existente de 10%, o que deve resultar em um impacto estimado de US$ 80 milhões em 2025 — significativamente menor do que se a tarifa total de 50% tivesse sido aplicada, valor que já estava incorporado em nossas projeções.
O Banco Safra reitera a recomendação de compra para a Embraer (EMBR11), apoiada por sua carteira de pedidos em nível recorde, uma perspectiva favorável para o segmento de jatos executivos e o aumento contínuo das vendas da família E2 — todos fatores que devem impulsionar a lucratividade sustentada nos próximos anos.
Além disso, o impulso crescente da plataforma C-390 no segmento de Defesa fortalece ainda mais as perspectivas de crescimento de longo prazo da empresa.
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Ações de bens de capital
No relatório Safra sobre Bens de Capital, os especialistas do banco tratam do choque tarifário – reflexões iniciais sobre a tarifa de 50% e suas implicações para nossa cobertura, detalhamos o impacto esperado da tarifa de 50% em cada empresa.
A visão geral do Safra permanece inalterada para todas as empresas — exceto para a Embraer, que se beneficiou da isenção tarifária, reduzindo significativamente o impacto esperado.
WEG (WEGE3)
Recomendação neutra; Preço-alvo R$49,80) – impacto mais indireto, embora significativo.
A ordem executiva isentou certos produtos — como transformadores, motores e sistemas de climatização (HVAC) — mas apenas aqueles destinados ao uso em aeronaves, que o Safra acredit representar apenas uma pequena parcela da demanda total. O banco estima uma exposição direta à tarifa de aproximadamente 7% da receita total da empresa.
O impacto mais relevante que prevemos é uma possível redução na demanda pelos produtos da WEG, já que clientes podem optar por concorrentes com menor exposição tarifária ou adiar decisões de investimento. Três pontos importantes:
- (i) Uma parte significativa das exportações da WEG a partir do Brasil é de transformadores — um segmento com oferta global restrita, o que pode permitir ajustes de preços. No entanto, esses ajustes provavelmente não compensarão totalmente o impacto da tarifa de 50%, o que pode afetar a rentabilidade.
- (ii) A WEG já possui iniciativas para mitigar esses efeitos, como a expansão da capacidade produtiva nos EUA (em andamento) e o uso da capacidade ociosa da Regal para transferir parte da produção para fora do Brasil. Embora as exportações de motores do Brasil para os EUA possam ser prejudicadas — devido à forte presença local dos concorrentes —, a aquisição da Regal oferece flexibilidade para realocar a produção.
- (iii) A implementação da tarifa pode levar à desvalorização do real (BRL), o que pode compensar parcialmente a pressão sobre a receita da WEG ao ser convertida para moeda local.
Além disso, vale destacar que o governo Trump também aumentou a tarifa sobre o cobre (cerca de 30% do custo de matéria-prima da empresa), o que pode pressionar ainda mais a rentabilidade.
Frasle (FRAS3)
Recomendação de compra; Preço-alvo R$34,10) – notícia aparentemente positiva.
Ao que tudo indica, a tarifa adicional de 40% não será aplicada a veículos de passeio, caminhonetes leves ou suas autopeças. Assim, os produtos da Frasle devem continuar sujeitos à tarifa de 10%, conforme anunciado anteriormente..
Esse nível tarifário é favorável para a Frasle, oferecendo vantagem competitiva em relação aos concorrentes chineses. A América do Norte representou cerca de 13% da receita da Frasle em 2024, com a maior parte (~80%) proveniente de exportações a partir do Brasil.
Randoncorp (RAPT4)
Recomendação de compra; Preço-alvo R$10,40) – impacto marginal
A Randon (RAPT4) tem exposição indireta às tarifas dos EUA por meio da Frasle. O Safra estima uma exposição de cerca de 2,8% da receita consolidada de 2024 (~R$716 milhões), devido a aproximadamente R$412 milhões em exportações da Frasle via Brasil.
Iochpe-Maxion (MYPK3)
Recomendação de Compra; Preço-alvo R$17,50) – perspectiva levemente negativa
O Safra espera um impacto direto limitado, já que suas exportações a partir do México continuam se beneficiando do acordo USMCA. No entanto, tarifas globais podem reduzir a demanda por veículos, afetando negativamente os volumes da empresa na América do Norte.
Marcopolo (POMO4)
Recomendação de compra; Preço-alvo R$10,60) – não deve ser impactada
O plano tarifário atual não deve afetar diretamente a Marcopolo, já que a empresa não exporta ônibus para os EUA. Assim, o Safra reitera a Marcopolo como principal escolha (top pick).