Déficit primário do governo central em agosto fica abaixo do esperado
Resultado de agosto do governo central reforça a tendência observada ao longo de 2025, com desempenho fiscal melhor que o registrado em 2024
30/09/2025
Safra projeta desaceleração das receitas, em linha com o enfraquecimento da atividade econômica, e aceleração das despesas, impulsionada pela maior liberação e execução de gastos discricionários | Foto: Getty Images
O resultado fiscal do governo central em agosto surpreendeu positivamente, segundo análise do Banco Safra. O déficit primário foi de R$ 15,6 bilhões, inferior à projeção da própria instituição, que estimava um saldo negativo de R$ 18,1 bilhões. A melhora decorre, principalmente, de uma despesa total menor que o previsto.
A receita líquida somou R$ 174,2 bilhões no mês, com avanço real de 11,1% na comparação com agosto de 2024. Já a despesa total atingiu R$ 189,8 bilhões, crescendo 5,3% em termos reais. O desvio em relação às estimativas do Safra foi mais concentrado nas despesas, que ficaram R$ 3,7 bilhões abaixo do esperado. A receita líquida, por sua vez, foi R$ 1,2 bilhão menor que o projetado.
Entre as rubricas de despesa, o destaque ficou por conta das outras despesas obrigatórias, que apresentaram desvio de R$ 3,8 bilhões. Segundo o Safra, a surpresa baixista foi concentrada em linhas relevantes de gastos obrigatórios, como pessoal, créditos extraordinários, subsídios e subvenções, além de despesas obrigatórias com controle de fluxo.
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“O resultado de agosto reforça a tendência observada ao longo de 2025, com desempenho fiscal melhor que o registrado em 2024”, aponta o banco. Em agosto do ano passado, o déficit primário havia sido de R$ 22,2 bilhões. No acumulado do ano, a receita líquida apresenta crescimento real de 3,8% ante igual período de 2024, enquanto a despesa total avança 2,4%, indicando que as receitas seguem em ritmo mais acelerado que os gastos.
Em termos de proporção do PIB, a receita líquida correspondeu a 18,4%, enquanto a despesa total ficou em 18,7%, resultando em déficit primário de 0,3% do PIB — próximo ao limite inferior da meta fiscal de -0,25% do PIB.
Governo Central deve cumprir a meta fiscal em 2025
Para os próximos meses, o Safra projeta desaceleração das receitas, em linha com o enfraquecimento da atividade econômica, e aceleração das despesas, impulsionada pela maior liberação e execução de gastos discricionários. A estimativa para o encerramento de 2025 é de receita líquida em 18,3% do PIB e despesa total em 19,0%, o que configuraria um déficit primário de 0,7% do PIB.
Considerando os descontos de despesas não computadas para a meta — equivalentes a 0,45% do PIB — o banco mantém a avaliação de que o governo central deverá cumprir a meta fiscal neste ano.