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Copom encerra ciclo de aperto e mantém taxa de juros em 15% ao ano

Taxa básica de juros (Selic) deve permanecer no atual patamar até o último trimestre, quando a queda da inflação deve permitir o início do afrouxamento monetário

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O Copom informou que acompanha com particular atenção a imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza | Foto: Getty Images

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) anunciou a manutenção da taxa básica de juros (Taxa Selic) em 15% ano ano, conforme amplamente esperado pelo mercado financeiro. A decisão encerra um ciclo de sete altas seguidas que elevaram os juros ao patamar mais elevado desde julho de 2006.

No comunicado oficial, o Copom cita o tarifaço do presidente Donald Trump contra os produtos importados do Brasil e reafirma a posição de cautela sobre o cenário da economia brasileira: “O ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos. Consequentemente, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos têm sido afetados, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica”.

“O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”, diz o comunicado.

O Copom sinalizou na última reunião, em junho, a decisão de fazer uma pausa no ciclo de alta para avaliar melhor os impactos acumulados do ajuste até o momento. A expectativa é de a taxa Selic fique estacionada por tempo suficientemente prolongado para desacelerar o crescimento da economia e conter as expectativas de inflação.

Saiba mais

Os especialistas do Banco Safra esperam que próximas leituras de acompanhamento dos preços continuem mostrando uma inflação “bem-comportada”.

A previsão do Safra é a de que a taxa Selic permanecerá no atual patamar até o último trimestre deste ano, quando o processo de queda da inflação deve possibilitar o início de um ciclo de corte nos juros, tornando a política monetária menos recessiva.

O cenário traçado pelo Safra indica que a taxa Selic pode cair para 14,50% ao ano até dezembro de 2025 e para 11,50% até o final de 2026.

O comitê de investimentos do Banco Safra mantém a recomendação para investidores sobre boas oportunidades no segmento de renda fixa, com taxas de juros próximas de patamares historicamente altos, o que garante um ótimo ponto de entrada para o investidor de longo prazo.

Os especialistas do Safra seguem atentos às perspectivas macroeconômicas e eventuais mudanças nas projeções que possam ter impacto nos investimentos.

Íntegra do comunicado do Copom sobre a manutenção dos juros

Confira a íntegra do comunicado do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) sobre a decisão de manter a taxa básica de juros (Selic) nos atuais 15% ao ano:

O ambiente externo está mais adverso e incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos, principalmente acerca de suas políticas comercial e fiscal e de seus respectivos efeitos. Consequentemente, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos têm sido afetados, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica tem apresentado, conforme esperado, certa moderação no crescimento, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 5,1% e 4,4%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,4% no cenário de referência.

Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

O Comitê tem acompanhado, com particular atenção, os anúncios referentes à imposição pelos EUA de tarifas comerciais ao Brasil, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. Além disso, segue acompanhando como os desenvolvimentos da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.

O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. Em se confirmando o cenário esperado, o Comitê antecipa uma continuação na interrupção no ciclo de alta de juros para examinar os impactos acumulados do ajuste já realizado, ainda por serem observados, e então avaliar se o nível corrente da taxa de juros, considerando a sua manutenção por período bastante prolongado, é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que seguirá vigilante, que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.”

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