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Copom mantém taxa de juros em 15% ano ano

Decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central de manter os juros no nível atual era amplamente esperada pelo mercado financeiro

Copom Bacen Safra

Manutenção da taxa Selic nos atuais 15% ao ano era amplamente esperada pelo mercado financeiro | Foto: Getty Images

O comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu manter os juros nos atuais 15% ao ano, conforme a expectativa unânime do mercado financeiro. As 36 instituições ouvidas pela Bloomberg sobre a Selic esperam manutenção da taxa.

No comunicado sobre a decisão unânime, o colegiado informa que “o ambiente externo se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos”. Em relação ao mercado interno, o Copom informa que “os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual”.

“O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza”, destaca o comunicado. 

Horas, antes, o Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, anunciou o primeiro corte de juros em nove meses. Com o corte de 0,25 ponto percentual, as taxas de juros americanas caíram para a faixa de 4% a 4,25% ao ano.

O comunicado do Copom indica que a taxa de juros deve persistir no nível atual: “O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado”.

Na reunião anterior, em julho, o Copom interrompeu a sequência de altas da taxa Selic, que está no maior patamar desde 2006.
Em agosto, o a inflação oficial medida pelo IPCA teve a primeira deflação em um ano. No acumulado em 12 meses, o índice acumula inflação de 5,13%. Para o Safra, a taxa Selic pode começar a cair no fim do ano.

Saiba mais

O atual movimento de melhora gradual na inflação tende a ganhar ímpeto, segundo a análise do Safra, na medida em que o mercado de trabalho mostrar distensionamento, atuando para reduzir a ainda elevada inflação de serviços. O banco mantém a projeção de crescimento de 2,1% para o PIB real em 2025. 

Íntegra do comunicado do Copom

Confira a íntegra do comunicado do Copom que manteve a taxa Selic em 15% ao ano:

“O ambiente externo se mantém incerto em função da conjuntura e da política econômica nos Estados Unidos. Consequentemente, o comportamento e a volatilidade de diferentes classes de ativos têm sido afetados, com reflexos nas condições financeiras globais. Tal cenário exige particular cautela por parte de países emergentes em ambiente marcado por tensão geopolítica.

Em relação ao cenário doméstico, o conjunto dos indicadores de atividade econômica segue apresentando, conforme esperado, certa moderação no crescimento, mas o mercado de trabalho ainda mostra dinamismo. Nas divulgações mais recentes, a inflação cheia e as medidas subjacentes mantiveram-se acima da meta para a inflação.

As expectativas de inflação para 2025 e 2026 apuradas pela pesquisa Focus permanecem em valores acima da meta, situando-se em 4,8% e 4,3%, respectivamente. A projeção de inflação do Copom para o primeiro trimestre de 2027, atual horizonte relevante de política monetária, situa-se em 3,4% no cenário de referência (Tabela 1).

Os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, seguem mais elevados do que o usual. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se (i) uma desancoragem das expectativas de inflação por período mais prolongado; (ii) uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais positivo; e (iii) uma conjunção de políticas econômicas externa e interna que tenham impacto inflacionário maior que o esperado, por exemplo, por meio de uma taxa de câmbio persistentemente mais depreciada. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se (i) uma eventual desaceleração da atividade econômica doméstica mais acentuada do que a projetada, tendo impactos sobre o cenário de inflação; (ii) uma desaceleração global mais pronunciada decorrente do choque de comércio e de um cenário de maior incerteza; e (iii) uma redução nos preços das commodities com efeitos desinflacionários.

O Comitê segue acompanhando os anúncios referentes à imposição de tarifas comerciais pelos EUA ao Brasil, e como os desenvolvimentos da política fiscal doméstica impactam a política monetária e os ativos financeiros, reforçando a postura de cautela em cenário de maior incerteza. O cenário segue sendo marcado por expectativas desancoradas, projeções de inflação elevadas, resiliência na atividade econômica e pressões no mercado de trabalho. Para assegurar a convergência da inflação à meta em ambiente de expectativas desancoradas, exige-se uma política monetária em patamar significativamente contracionista por período bastante prolongado.

O Copom decidiu manter a taxa básica de juros em 15,00% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.

O cenário atual, marcado por elevada incerteza, exige cautela na condução da política monetária. O Comitê seguirá vigilante, avaliando se a manutenção do nível corrente da taxa de juros por período bastante prolongado é suficiente para assegurar a convergência da inflação à meta. O Comitê enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados e que não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso julgue apropriado.

Votaram por essa decisão os seguintes membros do Comitê: Gabriel Muricca Galípolo (presidente), Ailton de Aquino Santos, Diogo Abry Guillen, Gilneu Francisco Astolfi Vivan, Izabela Moreira Correa, Nilton José Schneider David, Paulo Picchetti, Renato Dias de Brito Gomes e Rodrigo Alves Teixeira.

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