Empresas de consumo não essencial fecham trimestre positivo
As quatro empresas do setor com ações acompanhadas pelo Banco Safra apresentaram resultados positivos: C&A, Guararapes, Vivara e Azza
08/05/2025
A C&A Modas manteve seu forte ritmo de crescimento de receita | Foto: Getty Images
A rede C&A (CEAB3) foi o destaque no primeiro trimestre entre as empresas do setor o setor de consumo de itens não essenciais (consumo discricionário). As quatro empresas do setor com ações acompanhadas pelo Banco Safra apresentaram resultados positivos.
A C&A Modas manteve seu forte ritmo de crescimento de receita (13% de crescimento na comparação das vendas de mesmas lojas), conseguindo entregar crescimento de dois dígitos mesmo com a divisão de Fashiontronics sendo atualmente um fator negativo para as vendas.
Além disso, a divisão Fashiontronics continua a capturar uma sólida expansão de margem bruta (+920bps a/a) devido à mudança no mix, e a divisão Financeira conseguiu entregar resultados saudáveis, surpreendendo com crescimento de 26% a/a no lucro líquido, apesar da queda nas receitas.
O Banco Safra mantém a visão positiva para o papel, pois espera que a empresa continue liderando frente aos pares em termos de receita e entregue expansão de margem bruta ao longo do ano.
A Vivara (VIVA3) também manteve sua forte tendência de crescimento de receita, com alta de 15% a/a, e conseguiu entregar sólida expansão de margem EBITDA (+410bps), apesar da base de comparação difícil na margem bruta, o que sugere uma perspectiva positiva para o 2S25, à medida que a base se normaliza. A empresa continua sendo uma das opções mais seguras em termos de fundamentos operacionais, com crescimento resiliente de receita, baixa alavancagem em 0,4x dívida líquida/EBITDA e um valuation atrativo (9,7x P/L 2025), segundo análise do Safra. Os dias de estoque permanecem em nível elevado e devem ser um ponto de atenção para os investidores.
Quanto à AZZAS (AZZA3, fusão entre Arezzo&Co e Grupo Soma), a empresa manteve um sólido crescimento de receita de dois dígitos (+14% a/a), embora ligeiramente (-2%) abaixo das expectativas do Safra. O principal destaque do resultado foi a forte expansão da rentabilidade, já que a empresa descontinuou grande parte das despesas relacionadas a M&A, indicando que pode ter finalizado a reorganização pós-aquisição e pode começar a focar mais na captura de sinergias. Considerando isso e o valuation atrativo (10,6x P/L 2025) frente aos pares, o Safra segue otimista com a tese.
A Guararapes (GUAR3) entregou alta de 11% no quesito vendas de mesmas lojas e margem bruta acima das expectativas, mantendo um portfólio assertivo e precificação eficiente, além de continuar capturando eficiências em sua planta. Além disso, a divisão financeira continua entregando resultados sólidos (+210bps a/a de expansão de margem), enquanto reduz a inadimplência. Embora a empresa ainda não tenha conseguido converter todos os ganhos de rentabilidade em lucro líquido e a geração de caixa tenha sido levemente impactada (à medida que prepara os estoques para o 2T), a expectativa do Safra é otimista para os próximos trimestres.
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C&A (CEAB3)
Resultados sólidos impulsionados por forte crescimento de receita e expansão de rentabilidade em todas as divisões. A C&A Brasil apresentou resultados acima do esperado no 1T25. O crescimento de Vendas de Mesmas Lojas de 13% levou a um aumento de 11% nas vendas consolidadas (+3% acima das estimativas do Safra). A margem bruta expandiu 110bps para 54,1% (+70bps vs. Safra), impulsionada
por Fashiontronics. A margem EBITDA de 15,2% (+270bps a/a) superou as expectativas em 270 bps devido a grandes ganhos de
eficiência no C&A Pay. Por fim, o lucro líquido de R$3 milhões reverteu o prejuízo ajustado de -R$61 milhões do 1T24 e superou as
estimativas do Safra em R$ 62 milhões, principalmente devido ao desempenho do C&A Pay e menores despesas financeiras. No varejo, as vendas cresceram 13,4% a/a e ficaram 3% acima da estimativa do Safra.
Por segmento:
- (i) vendas de vestuário de R$1,4 bilhão cresceram 16% a/a e ficaram 3% acima dos números do Safra; e
- (ii) vendas de Fashiontronics caíram 3% a/a e ficaram em linha com a estimativa do Safra.
A margem bruta do varejo de 52,5% expandiu 190bps a/a (+60bps vs. Safra), como resultado de:
- (i) crescimento de 60bps a/a na margem bruta de vestuário, acima da expectativa e representando o 15º trimestre consecutivo de aumento de margem; e
- (ii) aumento de +920 bps na margem bruta da divisão Fashiontronics, devido à maior participação de produtos de beleza.
Estes fatores destacam as eficiências capturadas com a implementação do modelo push-pull, com sortimento de produtos aprimorado e precificação mais dinâmica. O C&A Pay foi uma surpresa positiva. A carteira de empréstimos de até 360 dias caiu 4% a/a e as receitas caíram 14%, amplamente em linha com as estimativas, dada a política de crédito mais conservadora da empresa, o que levou à queda de 60bps a/a na inadimplência. Ainda assim, os ganhos de eficiência em despesas e menores perdas com crédito mais do que compensaram a queda na receita, levando a um resultado positivo de R$33 milhões na divisão, crescimento de 26% a/a e superando as estimativas do Safra em cerca de R$40 milhões.
Vivara (VIVA3)
Forte surpresa positiva no EBITDA impulsionada por maior eficiência nas despesas com vendas, gerais e administrativas. A empresa
reportou vendas de R$660 milhões, alta de 15% a/a e em linha com a estimativa do Banco Safra. Como esperado, o segmento Life foi novamente o destaque, crescendo 31% a/a e representando 20% das vendas totais—ante 18% no 1T24. As vendas em lojas físicas aumentaram 16% a/a, impulsionadas pela abertura de 53 lojas Life nos últimos 12 meses, juntamente com crescimento de 10% a/a em Vendas de Mesmas Lojas. Apesar da pressão na margem bruta (-30bps a/a e -160bps vs. estimativa), principalmente devido ao maior número de funcionários na planta, a empresa conseguiu melhorar seu EBITDA em 410bps a/a para 18,8%. Essa melhora foi impulsionada
principalmente por menores despesas com vendas atribuíveis a:
- (i) menores despesas com pessoal relacionadas a comissões sobre vendas; e
- (ii) ajustes nas despesas de marketing.
O EBITDA ajustado ex-IFRS 16 atingiu R$101 milhões, alta de 54% a/a e 29% acima do número do Safra. O lucro líquido de R$115 milhões ficou 190% acima da estimativa do Safra, impulsionado por um crédito de imposto de renda de R$44 milhões (comparado a R$10 milhões no 1T24) e melhor desempenho operacional. Em relação à alavancagem, a empresa mantém um balanço sólido e uma posição de dívida líquida de R$292 milhões ou 0,4x dívida líquida/EBITDA.
Azzas (AZZA3)
EBITDA surpreende positivamente. A Azzas reportou receita recorrente consolidada de R$3,3 bilhões, alta de 14% a/a e ligeiramente abaixo da estimativa do Safra. A margem bruta de 54,8% (+50bps vs. Safra) aumentou 30bps a/a impulsionada pela diluição de custos, bem como pela melhora no mix de canais, com maior participação de sell-out. A margem EBITDA ajustada de 15,9% expandiu 120bps a/a e ficou 180bps acima da estimativa do Safra, sustentada por uma redução de 90bps nas despesas recorrentes, já que a empresa conseguiu aumentar a alavancagem operacional e reduzir uma parte importante das despesas pós-fusão. Como resultado, o lucro líquido ajustado atingiu R$118 milhões (+80% vs. Safra), impulsionado pelo melhor resultado operacional. A dívida líquida ficou em R$2,1 bilhões (+18% vs. 4T23), após uma emissão de debêntures de R$600 milhões com o objetivo de alongar o prazo das debêntures com vencimento no 2S25. A empresa consumiu cerca de R$104 milhões em fluxo de caixa operacional ao preparar seus estoques para o próximo trimestre (+50 dias t/t, -5 dias a/a). Com isso, a alavancagem dívida líquida/EBITDA encerrou o trimestre em 1,3x. Divisão de vendas por unidade de negócios:
- (i) Vestuário Feminino atingiu R$1,24 bilhão (+27% a/a), em linha com as estimativas, impulsionado por aumento de 57% no sell-in para lojas multimarcas;
- (ii) Vendas de Vestuário Democrático ficaram em R$639 milhões (+19% a/a), superando estimativas do Safra em 2% devido ao forte sell-out no e-commerce e lojas próprias, com megastores melhorando a percepção da marca;
- (iii) Vestuário Masculino: R$388 milhões (+13% a/a), superando as estimativas em 10% apesar do foco da empresa em rentabilidade; e
- (iv) Calçados & Acessórios: R$1,04 bilhão (+2,8% a/a) continuaram decepcionando, ficando 6% abaixo das estimativas, devido ao
- fraco desempenho no canal sell-in, à medida que os franqueados ajustam seus portfólios.
Guararapes (GUAR3)
Bons resultados operacionais ainda aguardam conversão em maior rentabilidade no lucro líquido e geração de caixa. A empresa reportou resultados sólidos, com vendas de R$2,2 bilhões, alta de 11% a/a e 2% acima das estimativas. A margem bruta aumentou 200bps a/a (+230bps vs. estimativas do Safra), com expansão sólida tanto na divisão de mercadorias quanto na de serviços financeiros. A margem EBITDA consolidada foi de 11,7% (+110bps a/a; 100bps acima do Safra), com aumento das despesas com vendas visando impulsionar as receitas. O prejuízo líquido foi de -R$27 milhões, frente à estimativa do Safra de -R$21 milhões, devido a impostos sobre a renda acima do esperado, impulsionados por maiores pagamentos de tributos na divisão de serviços financeiros. Em termos de alavancagem, a empresa apresentou deterioração na razão dívida líquida/EBITDA, que ficou em 0,8x no trimestre contra 0,4x no 4T24. Isso se deve principalmente ao aumento dos estoques, com a empresa se preparando para o segundo trimestre, o que resultou em fluxo de caixa operacional negativo de -R$270 milhões. A receita com produtos atingiu R$1,6 bilhão (+12% a/a), sustentada por crescimento de Vendas de Mesmas Lojas de 12,8% (+230bps a/a). A margem bruta de produtos expandiu 250bps a/a, passando de 48,0% para 50,5%—a maior para um primeiro trimestre nos últimos sete anos—impulsionada pelo uso mais eficiente da planta industrial da Guararapes e melhorias na precificação. O EBITDA de mercadorias totalizou R$109 milhões, com margem de 7%, +90bps a/a e 80bps acima da estimativa, como resultado da maior margem bruta. No lado de serviços financeiros, a Midway superou as expectativas, conseguindo crescer levemente sua carteira de crédito (+2% a/a), ao mesmo tempo em que melhorou a taxa de inadimplência de empréstimos com mais de 90 dias de atraso (-660bps a/a). A receita líquida foi de R$617 milhões, alta de 8% a/a e 8% acima da estimativa, enquanto a margem EBITDA ficou em 20,4% (+210bps a/a), superando as expectativas do Safra em 110bps, impulsionada por menores descontos e perdas com crédito como resultado de uma política de crédito mais cautelosa.