Setor de consumo básico amplia vendas e Pão de Açúcar queima caixa
Relatório do Banco Safra analisa os resultados do Grupo Mateus, Pague Menos e Pão de Açúcar, e destaca queima de caixa de R$ 1 bilhão em 12 meses da PCAR3
06/05/2025
A análise do Banco Safra destaca que a rede Pão de Açúcar registrou ganho participação de mercado no primeiro trimestre de 2025 no estado de São Paulo | Foto: Getty Images
O Grupo Mateus (GMAT3) apresentou um resultado positivo no primeiro trimestre de 2025, superando as estimativas do Banco Safra de EBITDA e lucro líquido. No entanto, o principal destaque do trimestre foi o giro de fornecedores, já que a companhia o aumentou em 10 dias, o que é fundamental para destravar valor na ação. Em relação ao giro de estoques, que também subiu 10 dias na comparação com o mesmo período do ano anterior, os especialistas do Safra esperam que normalize no segundo trimestre de 2025.
A rede Pague Menos (PGMN3) também apresentou um resultado positivo combinando os seguintes fatores:
- (i) crescimento, com vendas em mesmas lojas subindo +17% a/a;
- (ii) melhora de rentabilidade, com a margem EBITDA aumentando +102bps a/a; e
- (iii) desalavancagem, com a relação dívida líquida/EBITDA caindo -0,7x a/a.
Por fim, os resultados da rede Pão de Açúcar (PCAR3) continuaram mostrando uma evolução positiva no desempenho operacional (em termos de crescimento e margens, mas principalmente margem bruta). No entanto, a queima de caixa da companhia (R$1 bilhão em 12 meses, excluindo vendas de ativos) ainda é uma preocupação.
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Grupo Mateus (GMAT3)
O Grupo Mateus apresentou resultados sólidos no primeiro trimestre de 2025, apesar das vendas em mesmas lojas fracas em atacarejo, com tendência positiva para o ciclo de caixa à frente. A companhia reportou receita bruta de R$ 9,4 bilhões, alta de 13% em relação ao mesmo período do ano passado, com abertura líquida de 17 lojas em 12 meses e
crescimento consolidado de vendas em mesmas lojas de 5,2% a/a, abaixo da inflação de alimentos de 12 meses (7,7%) e do desempenho do CRFB (6,9%). A companhia também reportou crescimento de vendas em mesmas lojas nos primeiros 4 meses do ano no atacarejo (C&C), que ficou em 3,1% a/a, mostrando uma aceleração em relação ao 1T25 (1,3%), enquanto o crescimento consolidado de vendas em mesmas lojas em 4 meses atingiu 7,1%. Divisão da receita por formato:
- (i) C&C, +12% a/a em R$5,3 bilhões;
- (ii) Varejo, +4% a/a em R$2,1 bilhões;
- (iii) B2B, +30% a/a em R$1,8 bilhão; e
- (iv) Eletro, -3% a/a.
A companhia melhorou sua margem bruta em 60bps a/a (+46bps vs. estimativa do Safra), impulsionada pela maturação de lojas na Região Nordeste e iniciativas para aumentar a rentabilidade do B2B. Além disso, o ritmo acelerado de crescimento e a eficiência nas despesas gerais, administrativas e com vendas, apesar da expansão de lojas, resultaram em
um aumento de 40bps a/a na margem EBITDA ajustada, que atingiu 6,4% (40bps acima da estimativa do Safra de 6,0%). Como resultado, o EBITDA ajustado totalizou R$ 534 milhões, alta de 30% a/a, 7% acima do Safra. A margem EBITDA da operação Nordeste melhorou para 7,0% em 12 meses, ante 5,4% em 2024. O lucro líquido ajustado foi de R$319 milhões, aumento de 33% a/a e 9% acima da estimativa do Safra — beneficiado por uma alíquota efetiva menor devido a imposto diferido sobre provisões —, gerando um impacto positivo de R$9 milhões. Por fim, a companhia apresentou um ciclo de caixa estável, devido ao aumento de 10 dias no giro de fornecedores, que foi compensado pelo aumento de 10 dias nos estoques devido à estratégia comercial da companhia para as vendas de Páscoa. O Banco Safra espera que o giro de fornecedores normalize no 2T25. Além disso, a GMAT encerrou o primeiro trimestre de 2025 com um balanço sólido e uma posição de dívida líquida de R$ 615 milhões (ou uma razão dívida líquida/EBITDA de 0,3x).
Pague Menos (PGMN3)
Surpresa positiva no EBITDA com menores despesas gerais, administrativas e com vendas. A rede Pague Menos reportou receita bruta de R$ 3,6 bilhões, alta de 17% a/a (+2% vs. estimativa do Banco Safra), com aumento de 17% a/a das vendas em mesmas lojas (SSS de lojas maduras subindo 16,3% a/a), juntamente com a abertura líquida de 1 loja em 12 meses. Além disso, a produtividade das lojas aumentou 16% a/a, atingindo uma receita média mensal por loja de R$731 mil (vs. R$628 mil no 1T24), com base nos esforços da companhia em:
- (i) vendas digitais (19% das vendas, alta de 420bps a/a);
- (ii) maior número de tickets (+7,1% a/a) e ticket médio (+9,3% a/a).
Em termos de mix, os destaques foram produtos de marca e genéricos (alta de 24% e 21% a/a, respectivamente), seguidos por OTC e HPC (alta de +14,5% e 7% a/a, respectivamente). A margem bruta caiu 46bps a/a para 28,7% (61bps abaixo da estimativa do Safra) devido a um mix de vendas mais fraco, maiores descontos e menor volume de bonificações e incentivos da indústria. Tal impacto foi compensado por uma maior diluição das despesas gerais, administrativas e com vendas (+148bps a/a). Consequentemente, a margem EBITDA subiu 102bps a/a, levando a um EBITDA ajustado de R$150 milhões, alta de 55% a/a e 9% acima da estimativa do Safra. O lucro líquido foi de R$13 milhões no trimestre, contra prejuízo de R$23 milhões no 1T24 e estimativa do Safra de -R$16 milhões, devido à melhora no desempenho operacional. Por fim, em termos de fluxo de caixa, a análise do banco Safra destaca a redução de 10 dias no ciclo de caixa a/a, apoiada por uma melhora relevante nos estoques (redução de 9 dias a/a), combinada com uma redução de 2 dias a/a nas contas a receber.
Pão de Açúcar (PCAR3)
Margens melhoraram, mas geração de caixa continua sendo uma preocupação. As vendas totais atingiram R$5 bilhões, alta de 5% a/a (+2% vs. Safra):
- (i) as vendas do portfólio premium foram de R$ 2,5 bilhões (+3% a/a, +1% vs. Safra), com crescimento de vendas em mesmas lojas de +6,5% a/a parcialmente compensado pela redução de área (-3 lojas em 12 meses);
- (ii) as vendas das lojas mainstream somaram R$ 1,6 bilhão (-1% a/a, em linha com o Safra), com crescimento de vendas em mesmas lojas de +6,6% a/a mais do que compensado pelo fechamento de 8 lojas em 12 meses;
- (iii) as vendas das lojas de bairro foram de R$635 milhões (+19% a/a, +2% vs. Safra), devido à combinação de crescimento de vendas em mesmas lojas de +7,8% a/a e aumento no número de lojas (+47 em 12 meses);
- (iv) as vendas diretas (Aliados) totalizaram R$256 milhões (+17% a/a, +16% vs. Safra); e
- (v) as vendas de outros negócios totalizaram R$69 milhões (+10% a/a).
A análise do Banco Safra destaca que a companhia registrou ganho de 40bps a/a de participação de mercado neste trimestre no estado de São Paulo. A margem bruta de 27,2% subiu 43bps a/a (apenas +1bps vs. Safra), à medida que o plano de reestruturação continua dando resultados, apoiado por:
- (i) maior eficiência e precisão nas negociações comerciais;
- (ii) melhorias operacionais contínuas entre bandeiras e formatos, sustentando ganhos de rentabilidade sustentáveis;
- (iii) crescimento da receita de mídia no varejo.
Como consequência, o EBITDA ajustado ex-IFRS atingiu R$186 milhões (+3% a/a), com margem de 3,9% (+47bps a/a), já que as despesas gerais, administrativas e com vendas sobre a receita foram ligeiramente melhores a/a (apenas 4bps). O prejuízo líquido ajustado das operações continuadas totalizou R$95 milhões vs. R$403 milhões no 1T24, devido à melhora no desempenho operacional. Por fim, a companhia registrou uma queima de caixa de 12 meses (variação da dívida líquida) de R$681 milhões, que inclui o impacto positivo da venda de ativos e do recente aumento de capital (R$335 milhões). Excluindo esses eventos, a queima de caixa teria sido de R$1 bilhão em 12 meses, o que é a
principal preocupação dos especialistas do Banco Safra com o caso.