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Banco do Brasil deve ter alívio com novas medidas regulatórias

Duas medidas afetam diretamente o tratamento contábil e o potencial caminho de recuperação da rentabilidade do agronegócio para o Banco do Brasil (BBAS3)

Fachada, de baixo para cima, do Banco do Brasil, dono da BB Seguridade, espelhado, com destaque para o logo, em dia ensolarado

A BB Seguridade apresentou bons resultados sobre o quarto trimestre de 2021, com lucro líquido de R$ 1,226 bilhão | Foto: Agência Brasil

Duas novas medidas regulatórias devem dar alívio temporário para o Banco do Brasil (BBAS3). O governo editou a Medida Provisória (MP) nº 1.314/2025, criando um amplo programa de renegociação de dívidas rurais (sendo R$12 bilhões com recursos do BNDES), e o Banco Central do Brasil publicou a Resolução CMN nº 5.244/2025, alterando a Resolução nº 4.966/2021, que flexibiliza os critérios de cura para empréstimos com parcelas superiores a 3 meses.

Ambas as medidas afetam diretamente o tratamento contábil e o potencial caminho de recuperação da rentabilidade do agronegócio para o Banco do Brasil.

Enquanto a MP estabelece um arcabouço para renegociação voluntária da dívida dos produtores em condições mais favoráveis, a resolução suaviza os critérios de cura, permitindo que os bancos reclassifiquem antecipadamente empréstimos de longo prazo fora do estágio 3, desde que os devedores demonstrem capacidade de pagamento por pelo menos 90 dias antes da reclassificação.

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Análise do Safra sobre a ação do Banco do Brasil (BBAS3)

Os especialistas do Banco Safra avaliam que o impacto é positivo para o Banco do Brasil no curto prazo. Atualmente, há uma carteira não vencida de R$12,5 bilhões classificada como estágio 3 (~50% do total do estágio 3) e, considerando esse valor como melhor estimativa para renegociações, projetamos um upside de NII em torno de R$2 bilhões por ano, relacionado à retomada do reconhecimento de juros quando movidos para estágio 2.

Embora isso traga um claro vento favorável contábil para as receitas, os especialistas afirmam não ter certeza sobre reversões de ECL, dado que não há mudança material no risco de crédito, mas sim melhores condições para gestão do passivo dos clientes.

Nesse cenário, o BB poderia registrar cerca de R$1,5 bilhão adicional de lucro líquido em 2026 e, potencialmente, menor pressão nas ECL nos próximos trimestres, a partir do quarto trimestre de 2025.

Em resumo, a perspectiva de curto prazo do BB melhora, com menor ônus contábil, retomada da receita de juros e menor pressão de capital, reduzindo a assimetria para uma posição vendida baseada apenas em resultados de curto prazo.

No entanto, segundo o Safra os fundamentos permanecem fracos — o setor do agronegócio continua altamente alavancado, a resolução estrutural da inadimplência ainda está distante e os riscos estão aumentando no crédito ao consumidor em todo o sistema e na exposição a PMEs dentro do BB.

Assim, o Safra não acredita que haja assimetria positiva nos fundamentos, mas vê investidores defendendo a tese com base no valuation barato do BB, especialmente antes de uma possível mudança no ciclo monetário do país e dos cenários políticos de 2026.

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