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Avanço das bets eleva endividamento e já ameaça afetar venda de imóveis

Impacto crescente das plataformas de apostas online (bets) aumenta endividamento das famílias e pesa sobre as vendas futuras de imóveis, segundo o Secovi

Secovi

Projetos diferenciados em localizações premium, com marcas internacionais, vistas exclusivas e assinaturas arquitetônicas devem continuar a ter desempenho superior | Foto: Getty Images

O crescimento das plataformas de apostas online (“bets”) está aumentando o endividamento das famílias e já ameaça afetar as vendas de imóveis em São Paulo, segundo o Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis (Secovi).

Analistas do Banco Safra estiveram reunidos com o diretor-executivo do Secovi, Ely Wertheim, para discutir o cenário atual do mercado imobiliário de São Paulo. Entre os principais tópicos abordados, o Safra destacas:

  • (i) dados preliminares de vendas de setembro;
  • (ii) escassez de mão de obra na cidade de São Paulo;
  • (iii) impacto inicial das medidas de liquidez implementadas pelo Banco Central do Brasil;
  • (iv) discussões sobre a reforma tributária.

Dados preliminares de setembro indicam recuperação gradual das vendas. Após dois meses de vendas mais fracas no Minha Casa, Minha Vida (MCMV), números preliminares de setembro sugerem uma retomada, refletindo normalização após um pico de novos lançamentos.

Ainda assim, o executivo expressou preocupação com o impacto crescente das plataformas de apostas online (“bets”), que podem aumentar o endividamento das famílias e pesar sobre as vendas futuras.

Wertheim atribuiu a revisão do Plano Diretor de São Paulo ao aumento dos lançamentos de alto padrão ao longo do ano, que deve começar a se normalizar daqui para frente.

Apesar do cenário macro mais desafiador, projetos diferenciados em localizações premium, com marcas internacionais, vistas exclusivas e assinaturas arquitetônicas únicas, devem continuar a ter desempenho superior.

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Escassez de mão de obra pressionar entregas de novos imóveis

Wertheim destacou que a falta de mão de obra qualificada está se tornando o novo normal. As construtoras enfrentam um cenário em que os canteiros de obras operam próximos ao período de carência de seis meses, dada a disponibilidade limitada de trabalhadores.

A demanda crescente por profissionais qualificados elevou significativamente os custos de mão de obra, enquanto a construção industrializada—principalmente concentrada no segmento MCMV—exige habilidades especializadas que continuam escassas.

O executivo ressaltou que milhões de brasileiros dependem de benefícios sociais e têm pouca disposição para retornar ao mercado formal, deixando as empresas sem solução de curto prazo para recompor a força de trabalho.

Novas medidas do SBPE devem trazer alívio para construtoras

A nova resolução do Banco Central do Brasil vai liberar 5% dos depósitos compulsórios dos bancos, dos quais ~80% devem ser destinados a financiamentos imobiliários e ~20% a empréstimos para construção.

Um reforço adicional de liquidez virá da liberação de 20% dos recursos do Fundo de Compensação de Variação Salarial (FCVS), permitindo que os bancos realoquem ativos antigos e ampliem gradualmente suas carteiras habitacionais.

A Caixa Econômica Federal (CEF) sozinha detém um saldo de R$19,5 bilhões no FCVS, embora o valor não deva ser liberado imediatamente. No total, a liberação de 5% dos compulsórios e 20% do saldo do FCVS pode destravar cerca de R$45 bilhões, fortalecendo o crédito imobiliário nos próximos 12 meses.

Reforma tributária deve adicionar complexidade

O executivo reiterou a posição do setor de que o mercado imobiliário não deve ser tratado como bem de consumo na reforma tributária.

Ele argumenta que a principal preocupação está nos maiores custos e na complexidade administrativa, que podem afetar desproporcionalmente o segmento de média renda, já que preços mais altos nesse segmento podem restringir ainda mais a demanda.

Além disso, enquanto as grandes construtoras têm escala e estrutura para absorver as mudanças, players menores podem enfrentar dificuldades para se manter competitivos. Isso provavelmente resultará em uma concentração ainda maior do setor daqui para frente.

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