A construtora Tenda (TEND3) apresentou resultados mais fracos no 2º trimestre, com lucro 12% abaixo do esperado. Esse desempenho mais fraco refletiu principalmente uma maior participação dos empreendimentos do programa “Pode Entrar” na composição da receita, o que, junto com as margens menores da Alea, levou a uma queda de 1,6 ponto percentual (p.p.) na margem bruta ajustada em relação ao trimestre anterior, chegando a ainda saudáveis 32% (1,8 p.p. abaixo da estimativa do Safra). A Alea é a divisão da Tenda especializada na construção de casas pré-fabricadas, focada em atender a demanda por moradia para famílias com renda de até R$ 7 mil.
Desembolsos maiores para a Alea também resultaram em uma queima de caixa de R$95 milhões, pior do que o esperado. Por fim, a empresa revisou suas projeções para 2025, mantendo a estimativa de lucro líquido inalterada, com a queda nas projeções da Alea sendo totalmente compensada pela revisão positiva da Tenda.
A receita líquida da Tenda foi de R$992 milhões (+15% em relação ao trimestre anterior e +28% em relação ao mesmo período do ano anterior), em linha com a estimativa do Safra.
O desempenho ainda se beneficiou de uma menor participação de provisões, que representaram 2,5% da receita bruta (-1,6 p.p. em relação ao trimestre anterior e -1,7 p.p. em relação ao ano anterior).
Por outro lado, a margem bruta ajustada caiu 1,6 p.p. no trimestre, para 32,0% (+2,6 p.p. em relação ao ano anterior e -1,8 p.p. em relação ao Safra), refletindo uma queda de 2,3 p.p. na Alea (para 4,5%) e de 1,3 p.p. no segmento principal (para 35,1%).
Excluindo os empreendimentos do “Pode Entrar”, a margem bruta ajustada da Tenda foi de 36,5% (-0,2 p.p. no trimestre), enquanto a margem da carteira de projetos atingiu 41,5% (+0,3 p.p. no trimestre).
O lucro líquido da empresa totalizou R$77 milhões, abaixo da estimativa do Safra de R$88 milhões. Esse resultado mais fraco também refletiu um aumento de 25% nas despesas gerais e administrativas (G&A) em relação ao trimestre anterior, parcialmente compensado por provisões menores (-59% no trimestre), resultando em um retorno sobre patrimônio líquido (ROE) anualizado saudável de 26,1% (-1,5 p.p. no trimestre e +24,1 p.p. no ano), mas ainda 6 p.p. abaixo da projeção do Safra.
Além disso, a Tenda reportou uma queima de caixa de R$95 milhões maior do que o esperado (excluindo entrada líquida de vendas de recebíveis e recompra de ações), comparado à queima de R$38 milhões no 1T25. Vale destacar que o desempenho ainda refletiu um impacto de R$61 milhões devido à mudança na política de pagamentos da Caixa e alguns atrasos em programas habitacionais regionais (Rio Grande do Sul e Ceará).
A alavancagem financeira da empresa permanece saudável, com dívida líquida/patrimônio líquido de 26,3% (+2,2 p.p. no trimestre e -17,7 p.p. no ano), mas sobe para 75% quando consideradas as obrigações de cessão de crédito (+10 p.p. no trimestre e -10 p.p. no ano).
Revisões nas projeções para 2025
A empresa também revisou suas projeções para 2025, aumentando as estimativas para o segmento Tenda para:
- (i) R$4,1 bilhões–R$4,3 bilhões em vendas líquidas (antes: R$3,8 bilhões–R$4 bilhões); e
- (ii) margem bruta de 36%–37% (antes: 34%–36%). Por outro lado, manteve a previsão de vendas da Alea (R$700 milhões–R$800 milhões), mas reduziu a projeção de margem bruta para 6%–10% (antes: 20%–24%).
No geral, a projeção consolidada de lucro líquido permanece inalterada (R$360 milhões–R$400 milhões), com o ponto médio 4% abaixo da nossa estimativa.
Visão do Safra sobre os resultados da Tenda (TEND3)
Os resultados do 2T da Tenda ficaram abaixo das estimativas do Safra e do consenso, com a maior volatilidade nos lucros podendo gerar uma reação negativa do mercado.
A geração de caixa também ficou aquém das expectativas, o que o Safra acredita estar ligado principalmente à reestruturação das operações da Alea.
Por outro lado, o Safra vê com bons olhos o aumento nas projeções da Tenda, que compensam totalmente a queda nas estimativas da Alea.
O Banco Safra mantém a recomendação de “Outperform” para as ações da Tenda, pois a perspectiva de melhora nos lucros deve apoiar a desalavancagem da empresa. O banco projeta um ROE de 37% em 2025 e de 46% em 2026, com as ações sendo negociadas a uma avaliação atrativa de 4,7x P/L para 2026E..