A Telefônica Brasil (VIVT3) reportou resultados do primeiro trimestre de 2025 amplamente em linha comas estimativas do Banco Safra e do consenso do mercado, com receita líquida total atingindo R$14,39 bilhões (+6,2% a/a) e EBITDA totalizando R$5,70 bilhões (+8,1% a/a), refletindo sólido desempenho operacional e controle disciplinado de custos.
Além disso, a empresa divulgou potenciais benefícios financeiros de aproximadamente R$ 4,5 bilhões com a migração de sua concessão de linha fixa, incluindo a venda de ativos de cobre e imóveis, juntamente com economias recorrentes de custos à medida que elimina gradualmente a infraestrutura legada.
O Banco Safra avalia a divulgação desse benefício financeiro aumentado como um passo positivo, pois fornece maior visibilidade sobre as potenciais melhorias no fluxo de caixa desse processo.
O Safra reitera a recomendação de Compra para Vivo, com um preço-alvo de R$ 32 por ação. Crescimento do MSR foi apoiado pelo pós-pago, com TIM à frente. O
MSR da Vivo atingiu R$9,27 bilhões no primeiro trimestre de 2025, um aumento de 6,5% a/a, impulsionado pelo forte crescimento do pós-pago (+10,3% a/a, vs. +13,9% para TIM), que acelerou de +9,1% a/a no 4T24.
Isso foi apoiado por ajustes anuais de preços e um aumento de 7,7% a/a na base de clientes pós-pagos, que atingiu 67,4 milhões. O pós-pago agora representa 85,6% do MSR total da Vivo (acima de 82,7% há um ano), refletindo a capacidade da empresa de capturar clientes de maior valor e reduzir o churn (rotatividade de clientes).
Por outro lado, a receita pré-paga caiu -11,4% a/a (vs. -10,9% para TIM), uma queda mais acentuada do que os -3,3% a/a vistos no 4T24, refletindo a migração contínua de clientes para planos pós-pagos e atividade de recarga mais fraca.
Crescimento da linha fixa ainda impulsionado pelo FTTH, mas o ritmo está desacelerando
A receita fixa da Vivo atingiu R$4,21bn no 1T25, um aumento de 6,2% a/a, apoiada pelo forte crescimento do FTTH (+10,6% a/a) e Dados Corporativos, TIC & Serviços Digitais (+15,8% a/a). No entanto, o crescimento do FTTH continua a desacelerar (de +17,1% a/a no 2T24, +14% no 3T24 e +12,4% no 4T24), o que, em nossa opinião, reflete um mercado mais maduro e uma competição intensificada.
A base de FTTH atingiu 7,2mn conexões (+12,9% a/a), com 211k adições líquidas no trimestre, enquanto o ARPU permaneceu estável em R$89,6.
A receita fixa digital B2B cresceu 29,9% a/a para R$883 milhões, reforçando a posição da Vivo no segmento corporativo. EBITDA sólido, com suporte da receita e controle de custos.
O EBITDA foi de R$5,70 bilhões no 1T25, um aumento de 8,1% a/a e estritamente em linha com nossa estimativa (-0,3% de desvio). A margem EBITDA atingiu 39,6%, um aumento de 70bps a/a, refletindo uma combinação de forte crescimento da receita e controle disciplinado de custos.
As despesas operacionais cresceram 5,2% a/a, ligeiramente abaixo da inflação, com despesas de pessoal aumentando 7,6% a/a devido a ajustes salariais e expansão do quadro de funcionários, enquanto os custos comerciais e de infraestrutura aumentaram 5,4% a/a, impulsionados pela manutenção da rede e maior atividade comercial.
Por outro lado, outras despesas operacionais caíram 10,6% a/a, refletindo maiores recuperações de impostos, parcialmente compensadas por provisões aumentadas para passivos contingentes e menores vendas de cobre, que devem se normalizar ao longo de 2025.
As despesas de D&A aumentaram 10,4% a/a, principalmente devido à depreciação acelerada dos ativos de cobre legados, que devem ser eliminados até o 2T26.
Como resultado, o EBIT aumentou 4,1% a/a para R$1,99bn, também em linha com as expectativas. O lucro líquido atingiu R$1,06 bilhões, um aumento de 18,1% a/a.
Este forte desempenho no resultado final foi impulsionado por sólidos resultados operacionais e uma carga tributária menor do que o esperado, apesar de uma linha de despesas financeiras de R$569 milhões, uma queda de 17,1% a/a, devido a menores despesas relacionadas a passivos contingentes legais e uma posição de caixa mais forte (+22,3% t/t).
Assim, a margem líquida expandiu 70bps a/a para 7,4%, apoiada por um efeito tributário positivo. Transformando linhas antigas em novo dinheiro: R$4,5 bilhões em ganhos potenciais com migração de voz fixa para regime de autorização.
A Telefônica anunciou que os benefícios financeiros totais potenciais da migração de sua concessão de linha fixa para um regime de autorização são de aproximadamente R$4,5 bilhões (vs. previsão do Safra de ~R$3 bilhões, que consideravam apenas vendas de cobre e imóveis).
Isso inclui cerca de R$3 blhões da venda de cabos de cobre recuperados, além de R$1,5 bilhões adicionais da venda de ativos reversíveis, incluindo imóveis e centrais de linha fixa, líquidos de custos de desmontagem.
Além disso, a empresa espera capturar economias recorrentes de custos à medida que elimina gradualmente suas redes baseadas em cobre, beneficiando principalmente as linhas de custos comerciais e de infraestrutura, com eficiências totais esperadas até 2028.
A migração contínua de clientes de linha fixa baseada em cobre para tecnologias mais modernas também deve melhorar a qualidade do serviço e otimizar a utilização dos ativos.
Telefônica Brasil anuncia R$500 milhões em IoE
A Telefônica também anunciou que seu Conselho de Administração aprovou a distribuição de R$50 milhões em juros sobre capital próprio (IoE), equivalente a R$0,154 por ação (bruto). As ações serão negociadas ex-IoE em 23 de maio de 2025, com pagamento esperado até 30 de abril de 2026. A distribuição representa um yield de aproximadamente ~1% com base no preço de fechamento de hoje.