O Banco Safra apresentou a prévia de resultados das empresas sob nossa cobertura no setor de serviços básicos (utilities). O Safra espera resultados mistos no 3T25 para todos os segmentos. As geradoras (GenCos) devem ser negativamente impactadas por restrições de geração (curtailment) e GSF (estimados em cerca de 30% e 65%, respectivamente), parcialmente compensados por um maior despacho térmico (+27,9% A/A, resultado de menor afluência hídrica) e preços spot mais altos (+47,3% A/A), o que pode beneficiar as geradoras térmicas e empresas com energia descontratada.
Distribuidoras
As distribuidoras (DisCos) devem apresentar crescimento de volume estável em relação ao ano anterior, mas as margens devem se beneficiar das atualizações da Parcela B e do bom controle de custos.
Transmissoras
As transmissoras (TransCos) devem incorporar os reajustes anuais de RAP (média de +9,2%) no 3T, embora um ajuste negativo de RBSE deva parcialmente compensar esse efeito.
Saneamento
As empresas de saneamento (SanCos) devem reportar volumes mais fracos (devido às temperaturas), mas reajustes tarifários e eficiência de custos devem ajudar a compensar o impacto.
Gestão de resíduos
No segmento de gestão de resíduos, espera-se aumento nos volumes e nas taxas de tratamento (gate fees). Os destaques positivos devem ser Energisa e Eneva, enquanto Auren deve ser o destaque negativo.
Os volumes cativos devem continuar caindo, mas o segmento residencial tende a melhorar. Segundo a EPE (Empresa de Pesquisa Energética), os volumes combinados de julho e agosto caíram 0,2% A/A, e o mercado cativo recuou 3,6% A/A, refletindo a migração de consumidores cativos para o mercado livre.
No entanto, o consumo residencial aumentou 3,7% A/A, impulsionado pelo maior uso de aquecimento devido às temperaturas mais baixas na maior parte do país e melhores condições macroeconômicas.
O consumo comercial caiu 2,1% A/A, impactado pelo avanço da geração distribuída (GD) e pela menor necessidade de climatização no período.
O consumo industrial recuou 1,3% A/A, pressionado pelos setores de metalurgia, químico e papel e celulose. O desempenho regional foi misto: o Norte (liderado pelo segmento industrial) e o Nordeste (liderado pelo residencial) foram destaques positivos.
Por outro lado, o segmento industrial pesou sobre o desempenho do Sudeste e Centro-Oeste. O Sul apresentou desempenho estável, ainda afetado pelo efeito-base das enchentes do ano passado no Rio Grande do Sul. Hidrologia, preços spot, GSF e curtailment.
No 3T25, a hidrologia atingiu 71% da média de longo prazo do sistema, superior aos 57% observados no 3T24. O preço médio spot foi de R$ 252,3/MWh (+47,3% A/A), enquanto o GSF ficou em 64,9%, ante 79,2% no 3T24.
Os preços spot mostraram um spread médio menor, de cerca de R$ 7,24 (-40,8% A/A). A geração térmica aumentou 27,9% A/A, como resultado da decisão do ONS de preservar os níveis dos reservatórios diante de um cenário hidrológico mais seco.
Nas renováveis, a geração solar cresceu 24,7% A/A, enquanto a hidrelétrica caiu 7,2% A/A. Quanto ao curtailment, esperamos uma média de cerca de 30%, com maiores impactos no Sudeste (~44%) e Nordeste (~35%).
Resumo dos resultados esperados para as empresas de Utilities
O Banco Safra espera resultados mais fracos para as geradoras (GenCos), devido ao cenário de curtailment e GSF ainda elevados e preços spot altos, o que deve afetar negativamente Auren e Engie.
Por outro lado, Eneva deve se beneficiar da inclusão de novos ativos no portfólio e da alta geração térmica. As distribuidoras (DisCos) devem apresentar volumes estáveis, com otimização de custos gerenciáveis, o que deve beneficiar a Energisa. Sabesp e Copel também devem apresentar resultados sólidos, impulsionados por medidas de eficiência de custos.