A construtora MRV & Co (MRVE3) apresentou resultados operacionais mistos. Por um lado, a empresa teve uma forte atividade de lançamentos, que, combinada com números sólidos de vendas, resultou em um índice de vendas sobre oferta (VSO) de 22% em seu segmento principal.
Por outro lado, o fluxo de caixa da empresa ainda não mostrou uma melhora mais significativa, com queima de caixa no segmento de incorporação atingindo R$77 milhões — acima do esperado — (excluindo a entrada líquida de vendas de recebíveis).
MRV tem resultados operacionais sólidos em todas as frentes
Os lançamentos trimestrais da empresa totalizaram R$3,4 bilhões em VGV líquido, acima do esperado (+19% T/T; +54% A/A; +13% acima da estimativa do Safra), enquanto as vendas líquidas no segmento de incorporação atingiram R$2,7 bilhões (+24% T/T; +6% A/A; -4% abaixo do Safra).
A empresa também registrou um aumento de 5% T/T e 8% A/A no preço médio de venda, chegando a R$263 mil. Por fim, o índice VSO trimestral da MRV atingiu sólidos 22,2% (+2,2 p.p. T/T e +1,9 p.p. A/A), embora ainda 160 pontos-base abaixo da estimativa do Banco Safra.
Fluxo de caixa continua preocupante
A MRV encerrou o segundo trimestre com geração de caixa consolidada de R$142 milhões, dos quais R$215 milhões vieram da Resia, devido à venda do empreendimento Dallas West e de um terreno no trimestre.
Ainda assim, excluindo os R$47 milhões de entrada líquida com venda de recebíveis, a queima de caixa das operações principais foi de preocupantes R$77 milhões (vs. estimativa do Safra de geração de R$30 milhões).
Vale destacar que o desempenho fraco também refletiu um atraso de R$45 milhões no reconhecimento de receitas devido a mudanças na política de pagamentos da Caixa, além de um impacto de R$77 milhões por atrasos em certos incentivos habitacionais regionais.
Visão do Safra sobre os resultados da MRV
Por um lado, o momento operacional da empresa continua positivo, sustentado por mais uma rodada de lançamentos fortes e vendas sólidas. No entanto, o Safra espera uma reação negativa do mercado, já que o fluxo de caixa das operações principais ainda não apresentou melhora significativa.
No geral, o Safra mantém a recomendação Neutra para MRVE3, enquanto aguarda um progresso mais relevante na desalavancagem. O banco também adotou uma visão mais cautelosa quanto às futuras vendas de recebíveis, já que uma possível desaceleração econômica no segundo semestre de 2025 pode aumentar a inadimplência pro soluto e forçar maiores descontos nas vendas futuras, limitando ainda mais a esperada melhora no fluxo de caixa.