A receita do Mercado Libre (MELI34) ficou 4% acima das estimativas, impulsionada pela expansão do e-commerce em todas as regiões (exceto Argentina) e pelo bom desempenho da unidade fintech.
Na Argentina, o GMV (volume bruto de mercadoria) pode ter sido impactado por um aumento na take rate (+1100bps A/a). Apesar disso, a margem EBIT foi de 12,2%, uma queda de 216bps A/a e 198bps abaixo da estimativa, devido à redução na margem bruta e ao aumento das despesas de vendas.
O lucro líquido foi de US$523 milhões, queda de 2% A/a, pressionado por maiores despesas financeiras e alíquota de imposto. O destaque positivo foi o Mercado Pago, com margem NIMAL praticamente estável (23% vs. 22,7%) graças a:
- (i) taxas positivas na operação de cartão de crédito (break-even neste trimestre) e NIMAL positiva da coorte de 2023, e
- (ii) redução na cobertura de provisão para 143%.
A alavancagem se manteve saudável, com dívida líquida/EBITDA de 1,1x.
Análise do Safra sobre os números do Mercado Libre (MELI34)
O Mercado Libre (MELI34) continua sendo o principal operador de e-commerce da América Latina, com forte crescimento de receita e ganho de participação.
Apesar das quedas no EBIT e no lucro líquido, o Banco Safra destaca positivamente a evolução do Mercado Pago, especialmente na frente de cartões de crédito, cuja volatilidade é natural em ambientes de crescimento acelerado.
O Safra acredita que o momento pode oferecer oportunidades atrativas de entrada nas ações. Além disso, a companhia segue gerando forte fluxo de caixa, sustentando investimentos na plataforma e suportando ganhos contínuos de participação de mercado.
E-commerce continua à frente da concorrência
A receita líquida do e-commerce foi de US$3,8 bilhões (+45% A/a e 3% acima da estimativa), impulsionada por:
- (i) expansão do GMV para US$15,3 bilhões (+21% A/a), com 550 milhões de itens vendidos (+30% A/a), refletindo maior oferta de frete grátis no Brasil (a partir de R$19) e aceleração do 1P, principalmente em eletrônicos, compensando o menor ticket médio (-8% A/a);
- (ii) melhora da take rate para 21% (+42bps A/a, mas 49bps abaixo da estimativa), com ampliação de serviços oferecidos.
A empresa também reduziu o custo de frete para vendedores na faixa de R$79–R$200, o que impactou a take rate.
Receita por região: Brasil (US$2,1 bi, +25% A/a), México (US$992 mi, +24% A/a), Argentina (US$520 mi, +69% A/a) e Outros (US$204 mi, +25% A/a). A receita com anúncios cresceu 38bps A/A.