O desempenho da receita do Grupo Casas Bahia (BHIA3) veio 6% acima da expectativa do Banco Safra, com o bom desempenho das lojas físicas (B&M) e do marketplace (3P) mais do que compensando o desempenho do canal 1P, ainda impactado pelo cenário macroeconômico e pelo plano de reestruturação.
Além disso, o EBITDA superou nossas estimativas em 8%, impulsionado por uma margem bruta maior e diluição das despesas com vendas, gerais e administrativas (SG&A).
Lucro líquido das Casas Bahia em linha com a estimativa
O destaque positivo do trimestre foi a melhora no ciclo de caixa (redução de 4 dias, devido ao aumento de 21 dias no prazo com fornecedores, que compensou o aumento de 17 dias no giro de estoques), com impacto positivo no fluxo de caixa operacional.
No entanto, a empresa registrou uma queima de caixa de R$770 milhões (aumento da dívida líquida), incluindo quase R$1 bilhão em créditos tributários nos últimos 12 meses.
Avaliação do Safra
Apesar do resultado melhor que o esperado e do fluxo de caixa positivo após capex no trimestre — o que indica que a reestruturação começa a dar frutos —, vemos os resultados como negativos, já que a dívida líquida aumentou R$770 milhões (incluindo quase R$1 bilhão em créditos tributários) nos últimos 12 meses.
Esse fato reforça o desafio da companhia em reverter o prejuízo líquido em meio a um cenário macroeconômico difícil, que impacta negativamente tanto as vendas quanto as despesas financeiras. Por isso, o Safra reitera a recomendação de venda.
Melhora nas vendas
A Casas Bahia registrou crescimento de 10% A/A na receita bruta (+5% vs. estimativa do Safra), impulsionado por um aumento de 18% A/A nas vendas do canal 3P e de 16% A/A nas lojas físicas (B&M), que mais do que compensaram a queda de 2% nas vendas do canal 1P, já que a empresa priorizou itens do core business, com margens maiores, e reduziu a exposição ao canal B2B.
A receita líquida totalizou R$7 bilhões, um aumento de 4% A/A e +6% vs. estimativa do Safra.
Melhora nas margens
O lucro bruto foi de R$2,1 bilhões, com margem bruta de 30,2%, alta de 20 pontos-base A/A e 95 pontos-base abaixo da nossa estimativa, alinhada aos níveis históricos, impulsionada pelo crescimento da receita do marketplace (+18% A/A) e por um melhor equilíbrio entre produtos e serviços no mix de vendas.
O EBITDA ajustado foi de R$570 milhões (+47% A/A, já que o 1T24 foi impactado negativamente pelo plano de reestruturação), 8% acima da estimativa do Safra, com margem de 8,2%, 16 pontos-base acima da nossa projeção, devido à alavancagem operacional.
A empresa registrou prejuízo líquido ajustado de R$408 milhões, comparado a um prejuízo de R$261 milhões no 1T24 e à nossa estimativa de R$417 milhões, devido a maiores despesas financeiras.
Fluxo de caixa
O destaque positivo do trimestre foi o aumento de 21 dias no prazo com fornecedores, que mais do que compensou o aumento de 17 dias no giro de estoques para sustentar as vendas do 1T25. Os analistas do banco Safra destacam que a empresa registrou fluxo de caixa operacional após capex de R$879 milhões nos últimos 12 meses. No entanto, houve uma queima de caixa de R$770 milhões (aumento da dívida líquida), incluindo quase R$1 bilhão em créditos tributários no período.