As empresas do setor de serviços públicos essenciais, como água, gás e energia, devem apresentar resultados moderados relativos ao quarto trimestre, segundo a prévia de resultados relatada pelo Banco Safra.
O relatório do Safra considera os seguintes parâmetros:
- (i) As distribuidoras (DisCos) devem apresentar um crescimento menor nos volumes de vendas em comparação com os trimestres recentes, principalmente devido às comparações difíceis com o ano passado e à contínua expansão da geração distribuída;
- (ii) As geradoras (GenCos) devem ter suas margens prejudicadas pelos eventos de redução e pelos elevados níveis de déficit hídrico (~20% no trimestre), combinados com altos preços spot (média de R$216,7/MWh no trimestre), o que deve afetar os players hidrelétricos com posições curtas em contratos de energia;
- (iii) Os resultados das transmissoras (TransCos) devem mostrar uma pequena redução anual, principalmente devido a um reajuste tarifário fraco para as receitas anuais.
Destaques do setor de serviços públicos essenciais
O destaque positivo do Banco Safra para o setor é a Equatorial (EQTL3), enquanto os destaques negativos devem ser Auren (AURE3) e Taesa (TAEE11).
Em relação à distribuição de dividendos, o Banco Safra espera os maiores rendimentos no trimestre da CPFL (CPFE3) (7,8%), mas também pagamentos extraordinários da Cemig (CMIG4) (5,7%) e Copel (CPLE3) (3,2%).
Mercado cativo em tendência de queda devido a temperaturas mais amenas
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), os volumes combinados no trimestre cresceram 1,6% A/a, com a demanda industrial mantendo o impulso, enquanto os volumes nos segmentos residencial e comercial enfraqueceram.
O setor industrial manteve um crescimento sólido (alta de 4,2% A/a), liderado pelas indústrias de metalurgia, automotiva e alimentícia. O consumo residencial mostrou tendências mistas, aumentando 4,6% em outubro, mas diminuindo em novembro (-0,7%) e dezembro (-0,6%) devido a temperaturas mais amenas.
A demanda comercial enfraqueceu ao longo do trimestre, com um crescimento modesto de 0,9% em novembro, seguido por uma queda mais acentuada de 2,9% em dezembro.
Além disso, Neoenergia (NEOE3), Energisa (ENGI3), Equatorial (EQTL3) e Copel (CPLE3) já divulgaram suas orientações de volume, confirmando desempenhos mais fracos no segmento residencial. Hidrologia, perspectiva de geração, preços spot e GSF. No 4T24, a hidrologia atingiu 87% da média de longo prazo (LTA) no sistema, bem abaixo dos 128% vistos no 4T23.
A hidrologia nas regiões Nordeste e Norte foi ainda menor (56% e 61% da LTA, respectivamente), mas foi parcialmente ajudada pela região Sul (124% da LTA).
Os preços spot médios atingiram R$216,7 por MWh contra R$77,7 por MWh no 4T23, um aumento de 179,0% A/a, enquanto o Fator de Escalonamento de Geração (GSF) ficou em 79,9%, deixando os players hidrelétricos com posições curtas potencialmente expostos a riscos.
No geral, a geração de renováveis aumentou A/a devido a recursos eólicos mais fortes e ao início de novos projetos (unidades de grande escala e GD). Por outro lado, esperamos níveis mais altos de redução anual, potencialmente levando a impactos negativos nos resultados do 4T24.
Neste trimestre, a geração térmica aumentou 43,7% A/a, o que pode ajudar os resultados da Eneva.
Resumo dos resultados
Esperamos resultados trimestrais relativamente mais fracos para todos os segmentos, devido ao impacto da redução e à hidrologia ainda fraca (GenCos), volumes de vendas moderados para o mercado cativo (DisCos) e um reajuste tarifário moderado para as receitas (TransCos).
No entanto, algumas DisCos devem se beneficiar de um aumento tarifário e de uma recuperação (expansão de margem) em algumas unidades (este é o caso da Equatorial e Sabesp).
No caso das GenCos, o foco deve estar na atualização do portfólio de energia devido aos preços mais altos no trimestre (e, como resultado, podemos ouvir boas notícias da Eletrobras).
Além disso, algumas empresas devem enfrentar comparações difíceis devido a ativos vendidos no final de 2023 e durante 2024 (este é o caso da Copel e Cemig).
A Eneva deve enfrentar o efeito oposto, com a consolidação de novos ativos ajudando na comparação anual. A maioria das empresas de utilidades já anunciou dividendos referentes ao 2S24, mas CPFL, SBSP e Eletrobras devem anunciar seus pagamentos anuais.
Também devemos esperar anúncios adicionais de rendimentos razoáveis da Cemig e Copel. A Sabesp também teve ganhos pontuais e pode decidir pagar dividendos adicionais.