A Axia Energia (ELET3), antiga Eletrobras, divulgou resultados IFRS abaixo das estimativas do Banco Safra, com EBITDA excluindo equivalência patrimonial atingindo um valor negativo de R$ 2,8 bilhões, versus estimativa de R$ 4,6 bilhões,
consenso de R$ 5,0 bilhões e R$ 11,4 bilhões no ano anterior.
Isso se deve principalmente a despesas não recorrentes de R$ 7,0 bilhões relacionadas ao reconhecimento de perdas na venda da Eletronuclear.
O EBITDA regulatório ajustado (excluindo equivalência patrimonial e outros ajustes) foi de R$ 5,5 bilhões (queda de 4% ano a ano), ainda 18% acima da nossa estimativa e 10% acima do consenso, refletindo melhores resultados no mercado de curto prazo na unidade de geração (GenCo), com menor exposição aos impactos do GSF.
A empresa reportou prejuízo líquido de R$ 5,4 bilhões, abaixo da nossa estimativa de lucro de R$ 2,0 bilhões. Também foi anunciada a distribuição de R$ 4,3 bilhões em dividendos, conforme segue:
- (i) R$ 2,08 por ação preferencial classe B (PNB), implicando um rendimento de 3,4%;
- (ii) R$ 1,89 por ação ordinária (ON), implicando um rendimento de 3,3%.
A data ex será 17 de novembro, e os dividendos serão pagos em 19 de novembro. A empresa atualizou seu portfólio de energia para 2025–2027, o que implica vendas adicionais de energia (média de 212 MW usando o ponto médio do volume comercializado em cada ano).
Observamos um volume maior de energia comprada para 2025.
Resultados da Axia Energia (ELET3) no 3T25
As receitas, excluindo linhas de construção, ficaram abaixo do estimado (-9% vs. Safra) e estáveis em relação ao ano anterior, como resultado de:
- (i) aumento nas receitas de transmissão devido a ajustes tarifários, menor ajuste de parcela e incorporação de investimentos em reforços, que compensaram a revisão do RBSE;
- (ii) maiores vendas no mercado de curto prazo, parcialmente compensadas pela;
- (iii) venda de usinas térmicas; e
- (iv) menores volumes totais vendidos.
Os custos e despesas totais, excluindo construção, D&A e os impactos não recorrentes da venda da Eletronuclear, ficaram 10% abaixo das estimativas do Safra, refletindo menores custos com energia comprada (provavelmente devido à estratégia de alocação da empresa, que reduziu a exposição ao GSF).
As despesas ajustadas com PMS (excluindo impactos não recorrentes de vendas de ativos) foram de R$ 1,5 bilhão (queda
de 6% ano a ano e em linha com a estimativa do Safra).
O prejuízo reportado é explicado pelo impacto da Eletronuclear e maiores despesas financeiras, parcialmente compensadas por melhores resultados de equivalência patrimonial.
A alavancagem atingiu 2,1x dívida líquida/EBITDA (vs. 1,5x no 2T25), refletindo maiores pagamentos de dividendos e
investimentos mais robustos.
Por fim, a empresa reduziu o saldo de empréstimo compulsório para R$ 11,7 bilhões, ante R$ 12 bilhões no trimestre anterior.
Visão do Safra sobre os resultados da Axia
Os resultados operacionais foram considerados fortes e a distribuição de dividendos inesperada, segundo o Safra. Os resultados operacionais ajustados foram sólidos devido à boa estratégia de alocação da empresa e ao controle de custos, embora os números reportados tenham sido impactados negativamente por itens não recorrentes.
Além disso, as provisões foram novamente reduzidas. A distribuição inesperada de dividendos deve ser bem recebida pelos investidores. Este é o segundo trimestre em que a empresa surpreende com a distribuição de dividendos.