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Varejistas de consumo não essencial encerram trimestre positivo

As empresas de consumo não essencial seguem cautelosas em relação ao segundo semestre de 2025, diante do risco de desaceleração decorrente dos juros altos


A temporada de resultados do primeiro trimestre foi majoritariamente positiva para as empresas de consumo não essencial (consumo discricionário) cobertas pelo Banco Safra.

As companhias seguem cautelosas em relação ao segundo semestre de 2025, à medida que se preparam para uma possível desaceleração no consumo diante de um cenário de juros elevados.

Os principais destaques positivos do trimestre foram C&A Brasil (CEAB3), AZZAS (AZZA3), Lojas Renner (LREN3) e Alpargatas (ALPA4). A C&A superou as expectativas do Safra devido à rentabilidade da categoria de vestuário e à economia de despesas no C&A Pay, enquanto a AZZAS começou a mostrar sinergias de despesas.

Além disso, LREN e ALPA conseguiram apresentar uma recuperação sólida, apoiadas por uma base de comparação fraca. Por outro lado, os desempenhos de Natura & Co (NTCO3) e Grupo SBF (SBFG3) foram decepcionantes segundo análise do Banco Safra.

No caso de NTCO, despesas “não recorrentes” e a operação da Avon Internacional continuaram a impactar negativamente, enquanto a SBFG apresentou crescimento fraco de vendas e perdeu alavancagem operacional devido às mudanças em curso na Fisia.

Olhando à frente, os analistas do banco Safra acreditam que a maioria das empresas que se destacaram nesta temporada de resultados deve continuar apresentando números sólidos. Além disso, os players de vestuário devem se beneficiar de um inverno mais frio em 2025 em comparação ao ano passado.

Vestuário Mainstream

No primeiro trimestre de 2025, todos os varejistas de vestuário apresentaram resultados positivos sólidos. A C&A manteve-se à frente dos pares em termos de crescimento de Vendas de Mesmas Lojas (+13,0% a/a), seguida por Lojas Renner (+10,8% a/a) e Guararapes (+10,7% a/a). As três varejistas também expandiram a rentabilidade.

A C&A conseguiu aumentar margens ao melhorar o segmento Fashiontronics. A Guararapes continuou a aumentar a eficiência na planta industrial e foi assertiva na precificação. Já a Renner aumentou a margem bruta com melhor gestão de estoques e conseguiu recuperar alavancagem operacional com o crescimento mais forte. Nas divisões financeiras, as três empresas continuaram apresentando resultados positivos, já que a menor inadimplência e perdas de crédito compensaram os efeitos negativos de uma política de crédito mais conservadora sobre as receitas.

Dito isso, o C&A Pay foi a maior surpresa em relação às expectativas do Safra, já que a empresa conseguiu reduzir as despesas da divisão em 25% a/a, apesar de uma queda de 14% nas receitas, mantendo um Lucro Líquido saudável.

Calçados Mainstream

A Alpargatas apresentou um primeiro trimestre de 2025 positivo. A divisão doméstica continuou a mostrar recuperação consistente na Receita, enquanto a divisão internacional ainda pesou sobre os volumes. Ainda assim, a rentabilidade expandiu significativamente em ambas as divisões, apoiada por um estoque renovado após as baixas de 2024.

Os volumes domésticos cresceram 14% a/a, enquanto os volumes internacionais caíram 16% a/a. Com os estoques finalmente normalizados em 2025, a empresa conseguiu expandir a margem EBITDA em 700 bps a/a, superando as expectativas. Em relação ao Grupo SBF, a companhia reportou um resultado negativo, em linha com as expectativas do Safra. As vendas foram fracas a/a, como esperado.

Por outro lado, a margem bruta expandiu 90 bps a/a devido à melhora no mix de produtos da Centauro e à maior rentabilidade da Fisia nos canais DTC. No entanto, a margem EBITDA caiu 140 bps devido ao aumento das despesas com SG&A e à perda de alavancagem operacional, já que as vendas no canal atacado recuaram 19% a/a. Luxo Acessível. O crescimento no segmento de Luxo Acessível permaneceu em dois dígitos no trimestre.

A Vivara apresentou um conjunto sólido de resultados, com rentabilidade acima das expectativas. A empresa continuou a mostrar melhorias expressivas a/a. A Receita cresceu dois dígitos, ainda impulsionada pela categoria Life, que manteve desempenho de destaque. Além disso, a companhia continuou a obter economias de despesas, levando a uma expansão de 410 bps na margem EBITDA a/a e superando as estimativas em 370 bps. Em relação à AZZAS, a empresa continuou a entregar crescimento de dois dígitos na maioria das unidades de negócio.

Além disso, a AZZAS superou a estimativa de margem EBITDA em 180 bps, já que a maior parte das despesas relacionadas a M&A não será mais incorrida e a empresa começou a capturar sinergias de despesas, conforme destacado na teleconferência.

Varejo Geral

A Smart Fit manteve sua tendência atual e apresentou mais um conjunto de resultados fortes e consistentes. A expansão de 33% a/a na Receita reforça a assertividade da precificação, execução do plano de expansão e capacidade de retenção de clientes. Além disso, continuou a entregar aumento de rentabilidade (margem bruta +30 bps a/a), apesar do ritmo agressivo de abertura de lojas.

As lojas maduras continuaram sendo o destaque, com as lojas de 2023 já atingindo margem bruta de 53%, e o processo de maturação das novas unidades ainda deve ser um motor de expansão de margem daqui para frente. Em relação à Natura, o 1T25 foi negativo, já que a empresa continuou sendo fortemente impactada por custos de transformação “não recorrentes” e despesas operacionais acima do esperado.

No total, os custos de transformação “não recorrentes” impactaram a rentabilidade em R$190 milhões, levando a um prejuízo líquido de -R$151 milhões no trimestre. O ponto positivo foi a marca Natura na América Latina, que apresentou crescimento sólido de 19% a/a em moeda constante, mas isso foi ofuscado por maiores despesas operacionais e custos de transformação, além de um grande impacto negativo de ~R$180 milhões com variação cambial nas despesas financeiras.


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