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Ações do setor de saúde devem mostrar resultados modestos

Especialistas do Banco Safra destacam dinâmica desafiadora, bases de comparação difíceis em relação ao ano passado e ventos contrários da macroeconomia

saúde

No geral, o foco dos investidores deve permanecer em disciplina de custos e tendências de judicialização, segundo avaliação do Banco Safra | Foto: Getty Images

A temporada de resultados do segundo trimestre de 2025 deve trazer um tom geral mais fraco para o setor de Saúde, segundo a análise dos especialistas do Banco Safra. As empresas sob cobertura do banco devem apresentar resultados modestos de receita e pressão contínua nas margens, refletindo uma dinâmica ainda desafiadora no setor, bases de comparação difíceis em relação ao ano anterior e ventos contrários no cenário macroeconômico.

No segmento de seguros, o Safra espera tendências divergentes nos índices de sinistralidade médica (MLRs): a Hapvida (HAPV3) deve reportar deterioração, enquanto a SulAmérica (SULA11) provavelmente mostrará nova melhora. A mesma divergência deve ser observada em adições líquidas, com a SULA apresentando números positivos e a HAPV enfrentando mais um trimestre desafiador.

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No segmento odontológico, a Odontoprev (ODPV3) deve manter um ritmo sólido de crescimento de lucro por ação (EPS). Os hospitais também devem reportar compressão de margem, dado o alto nível de ocupação registrado no 2T24. Por outro lado, as empresas de diagnóstico devem apresentar desempenho mais resiliente, com crescimento de receita em torno de um dígito médio, margens estáveis e espaço para surpresas positivas no lucro líquido.

No geral, o foco dos investidores deve permanecer em disciplina de custos, tendências de judicialização, sinais iniciais para o segundo semestre de 2025 e em quaisquer atualizações ou indicações relacionadas a mudanças regulatórias.

ODPV3

Resultados operacionais estáveis. O Safra esperamos que a Odontoprev apresente um sólido crescimento de receita, impulsionado por um aumento de 3,7% ano contra ano no ticket médio e 62 mil adições líquidas no trimestre. O índice DLR ajustado (ajustado pela reversão de provisões no segmento individual) deve ficar em 41,4% (52 pontos-base pior a/a) devido a comparações difíceis. O Safra espera que as despesas com SG&A representem 25% da receita líquida (-80 pontos-base a/a). Como resultado, o EBITDA ajustado e o lucro líquido ajustado devem atingir R$172 milhões (+8% a/a) e R$134 milhões (+10% a/a), respectivamente.

RDOR3

SULA continua sendo o destaque, enquanto hospitais enfrentam alavancagem operacional fraca. O Safra espera números razoáveis para a Rede D’or, com crescimento de EBITDA na faixa dos dois dígitos médios e crescimento modesto de lucro por ação (EPS), impulsionado principalmente pelo desempenho robusto do segmento de seguros. Receita líquida consolidada esperada de R$13,755 milhões (+9% A/A), EBITDA ajustado de R$2,540 bilhões (+23% A/A) com expansão de margem de 204 pontos-base para 18,5%, e lucro líquido ajustado de R$1,058 milhão (+4% A/A).

A divisão hospitalar deve apresentar desempenho mais fraco, com receita crescendo 8% A/A para R$7,580 milhões, sustentada por 10.313 leitos operacionais e taxa de ocupação de 82,5% (-193 pontos-base A/A), enquanto o faturamento diário médio deve subir 6,5% A/A. O EBITDA ajustado dos hospitais deve cair 0,5% A/A para R$1,823 milhão, com margem contraindo 110 pontos-base para 25,1%.

Por outro lado, o segmento de seguros deve continuar apresentando resultados fortes, com receita subindo 12,3% A/A para R$8,265 milhões, sustentada por novo aumento de preços (6,5%). O índice MLR em caixa deve ficar em 80,5% (-380 pontos-base A/A e +120 pontos-base T/T), levando a um EBITDA ajustado de R$641 milhões (+170% A/A).

FLRY3

Entrega resiliente com margens estáveis. O Safra antecipa um trimestre com crescimento modesto de receita (+6,6% A/A vs. 5,8% no 1T25), sustentado principalmente pelo desempenho resiliente das marcas Fleury e A+, e pela contribuição da New Links, compensando parcialmente o desempenho fraco do segmento B2B. O banco não espera expansão na margem de EBITDA ajustado (26,4%), pois maiores glosas A/A e pressão contínua no segmento B2B, após o fim do contrato com o Hospital Sírio Libanês, devem compensar a diluição de SG&A. Esses fatores devem levar a um EBITDA ajustado de R$556 milhões (+7% A/A) e lucro líquido ajustado de R$181 milhões (+6% A/A).

VVEO3

Tendência difícil de receita, mas melhora de margem. O Safra espera que a Viveo registre receita líquida de R$2,769 milhões (+0,6% A/A e -0,6% T/T), mantendo ritmo de crescimento fraco em todas as unidades de negócio. Para Hospitais e Clínicas, o Safra projeta crescimento de +1,5% A/A; para Laboratórios e Vacinas, +8,0% A/A; para Serviços, -15,0% A/A; e para Varejo, +0% A/A. A margem bruta deve subir para 15,5% (+110 pontos-base A/A), impulsionada por aumentos de preços e maior eficiência.

Assim, o Safra espera EBITDA ajustado de R$170 milhões (+3,0% A/A), com margem de 6,1% (+14 pontos-base A/A). O capital de giro deve continuar pressionando a geração de caixa, com medidas para mitigar esse impacto previstas para os próximos trimestres.

MATD3

Outro trimestre com números pouco comparáveis devido à exclusão do GPD. o Safra está assumindo uma taxa de ocupação de 77,0%, 214bps menor A/A. No entanto, deve haver uma queda de 21% A/A nos dias de internação (+1% T/T) devido à exclusão do Grupo Porto Dias (GPD), o que, combinado com um aumento de 19% A/A no tíquete médio diário (+1% T/T), deve levar a uma redução de 5% A/A na receita bruta.

Além disso, glosas elevadas devem continuar pesando sobre a receita líquida no trimestre, e o reajuste salarial para enfermeiros e técnicos deve continuar pressionando os custos com pessoal. Como resultado, o Safra espera um EBITDA ajustado de R$122 milhões (-3% A/A e +17% T/T), com margem EBITDA ajustada de 21,8% (+41bps A/A e +103bps T/T). No resultado final, o Safra espera R$31 milhões (-11% A/A e +9% T/T).

HAPV3

Resultado fraco devido ao MLR mais alto A/A e dinâmica orgânica desafiadora. Os resultados do segundo trimestre de 2025 devem refletir aumento sequencial no MLR em caixa, seguindo padrão sazonal típico de piora de ~240 pontos-base vs. 1T. A dinâmica comercial tende a ser mais forte no 2T, mas a pressão competitiva na Região Sudeste e foco em iniciativas pós-integração levaram a tendências mais fracas.

O Safra espera receita líquida de R$7,631 milhões (+6,7% A/A), impulsionada por aumento de ticket médio, parcialmente compensado por perda líquida de -16 mil beneficiários (vs. -11 mil nos dados da ANS de abril–maio).

O banco estima MLR em caixa de 71,0% (+240bps T/T, -55bps A/A). EBITDA ajustado deve ser de R$858 milhões (-4,7% A/A), com margem de 11,2% (-135bps A/A), pressionada por MLR elevado e despesas de vendas em 7,3% da receita. Provisões para passivos contingentes devem ser de 1,7% da receita líquida, um pouco abaixo do 1T25 (1,9%). Lucro líquido ajustado estimado em R$324 milhões (-34% A/A).

DASA3

Melhora de margem puxada pela divisão Hospitalar. A divisão BU1 (Hospitais e Oncologia), a taxa de ocupação deve ser de 82,1% (+35bps A/A), com aumento de 5,5% A/A no ticket médio e queda de 76,9% A/A em dias de internação, devido à desconsolidação dos hospitais agora pertencentes à Ímpar (JV com Amil).

A margem bruta da divisão deve ser de 26,5% (+30bps A/A). Na BU2 (Laboratórios, Cuidados Coordenados e Outros), o Safra espera aumento de 9,5% A/A no número total de exames (PSC + B2B), com aumento de 2,7% A/A no preço médio por exame. A margem bruta da BU2 deve ser de 34% (estável A/A e -390bps T/T). Despesas com SG&A devem ser de 20,7% da receita líquida (estável A/A). A margem EBITDA consolidada deve melhorar para 19,8% (+289bps A/A e +127bps T/T).

ONCO3

Crescimento fraco de receita e compressão de margem devem aumentar dívida líquida. O Safra espera resultados fracos para a ONCO, com crescimento modesto de receita de 3,1% A/A (vs. +15,3% no 2T24), devido à limitação de exposição a alguns operadores. O Safra espera queda de 35% A/A no EBITDA para R$196 milhões, com contração de margem de 701bps A/A, principalmente por desalavancagem operacional.

O lucro líquido deve continuar pressionado A/A, devido à queda na alavancagem operacional e aumento das despesas financeiras. Por fim, o Safra espera aumento sequencial da dívida líquida.

QUAL3

Melhoras qualitativas em um trimestre ainda difícil. O portfólio de afinidade da Qualicorp deve sofrer uma perda líquida de 15 mil vidas, e a receita média por beneficiário deve aumentar levemente na comparação sequencial (+1,3% T/T), levando a uma receita líquida de R$362 milhões (-9,1% A/A e -2,3% T/T). O EBITDA deve ser pressionado pelo desalavancamento operacional e pelas contínuas contingências elevadas devido à judicialização do setor (3,5% da receita líquida vs. 2,7% no 2T24), resultando em um EBITDA de R$147 milhões e margem de 40,4% (-495bps A/A e +100bps T/T). Além disso, o EBITDA – CAC (que inclui os custos capitalizados de aquisição de clientes) deve atingir R$111 milhões (-27% A/A e -6% T/T), já que o Safra espera que a empresa aumente seu CAC como percentual da receita para impulsionar gradualmente as vendas brutas nos próximos trimestres. Por fim, o lucro líquido ajustado deve ficar em R$16 milhões (vs. R$13 milhões no 2T24).

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