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Juros pressionam lucros das empresas de transporte, logística e locadoras

Aumento das despesas financeiras, impulsionado por juros elevados e alavancagem, afeta desempenho de ações; Localiza é destaque positivo

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O setor de transporte enfrenta um ambiente macroeconômico frágil, com resultados mistos, segundo análise do Banco Safra | Foto: Getty Images

A estratégia de investir em ações de empresas de logística, transporte e locação de veículos exige atenção à dinâmica operacional e financeira de cada companhia. Enquanto nomes como Localiza (RENT3), Movida (MOVI3) e Vamos (VAMO3) demonstram resiliência e potencial de valorização, mesmo diante de desafios macroeconômicos, outras como Armac (ARML3), JSL (JSLG3) e Simpar (SIMH3) enfrentam obstáculos mais severos que limitam o retorno no curto prazo.

No segmento de infraestrutura e logística, o desempenho misto reforça a importância de uma análise criteriosa, especialmente quanto à alavancagem financeira, eficiência operacional e capacidade de execução de projetos. Investidores devem considerar não apenas os resultados trimestrais, mas também o posicionamento estratégico, a gestão de riscos e as perspectivas de longo prazo de cada empresa.

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O setor de transporte enfrenta um ambiente macroeconômico frágil, com resultados mistos entre as empresas analisadas pelos especialistas do Banco Safra. O aumento das despesas financeiras, impulsionado por juros elevados e alavancagem, tem pressionado os lucros, mesmo diante de avanços operacionais em algumas companhias. confira os destaques do relatório do Safra sobre as empresas do setor:

Locadoras de Veículos

Localiza (RENT3): Forte recuperação, com lucro de R$ 712 mi (vs. prejuízo no segundo trimestre do ano passado). Pressão futura por nova baixa contábil.
Movida (MOVI3): Resultado neutro. Receita cresce 10%, mas lucro cai 1,2% devido a despesas financeiras.
Vamos (VAMO3): Resultado fraco. Lucro cai 72% a/a, afetado por retomadas de ativos e menor capex.
Armac (ARML3): Desempenho decepcionante. Lucro cai 71% a/a, com desafios operacionais e contratuais.

Infraestrutura e Logística
Rumo (RAIL3):
Resultado neutro. Receita cresce 6%, mas lucro cai 5% com alta de despesas financeiras.
Ecorodovias (ECOR3): Trimestre fraco. Lucro cai 33%, apesar de melhora operacional com Nova Raposo.
Motiva (MOTV3): Resultado neutro. EBITDA cresce 11%, mas despesas financeiras sobem 46%.
JSL (JSLG3): Prejuízo de R$18 mi. Crescimento operacional anulado por despesas financeiras.
Simpar (SIMH3): Prejuízo de R$106 mi. Impacto da alavancagem e resultados fracos das controladas.

Perspectivas para as ações de locadoras, logística e transporte

O relatório dos especialistas do Banco Safra apresenta uma visão sobre a temporada de resultados do segundo trimestre de 2025 para as empresas de transporte sob cobertura do banco. A expectativa é de um desempenho positivo para a Localiza, neutro para Rumo, Motiva e Movida, e negativo para Vamos, Armac, Ecorodovias, Simpar e JSL. No setor de infraestrutura, os resultados devem ser mistos:

Rumo (RAIL3; OP; R$31,70) tende a apresentar números neutros, com lucro líquido estimado em queda de 5% na comparação anual, para R$684 milhões, impactado por um aumento de 30% nas despesas financeiras líquidas, que devem atingir R$842 milhões. Por outro lado, a receita líquida deve crescer 6% no mesmo período, impulsionada por maiores volumes transportados, o que pode compensar parcialmente os efeitos negativos financeiros.

Ecorodovias (ECOR3; OP; R$9,10) deve registrar um trimestre fraco, com lucro líquido em queda de 33% na comparação anual, para R$184 milhões, devido a um aumento de 58% nas despesas financeiras, reflexo da elevada alavancagem (dívida líquida/EBITDA em 4,0x) e das taxas de juros mais altas. No entanto, o desempenho operacional deve continuar em trajetória de melhora, com EBITDA ajustado projetado para crescer 16% no ano, alcançando R$1,3 bilhão, impulsionado pela operação da rodovia Nova Raposo.

Motiva (MOTV3; OP; R$17,90) deve apresentar um trimestre neutro, com lucro líquido estável em R$409 milhões. O EBITDA ajustado deve crescer 11% na comparação anual, apoiado pelo início das operações na rodovia Sorocabana e pelo aumento de 15% no EBITDA do segmento de aeroportos — unidade prevista para desinvestimento até o fim do ano. Ainda assim, o desempenho operacional pode ser ofuscado por um aumento de 46% nas despesas financeiras líquidas, que devem atingir R$1,1 bilhão.

Locadoras de veículos: perspectivas variadas

Localiza (RENT3; OP; R$54,60) deve apresentar resultados sólidos, sustentados por aumentos contínuos de tarifas nas divisões de aluguel de carros (RAC) e gestão de frotas. A projeção é de crescimento de 9,8% na receita líquida anual, com expansão de 330 pontos-base na margem EBITDA ajustada, para 33,5%, refletindo maior eficiência operacional. O lucro líquido estimado é de R$712 milhões, revertendo o prejuízo de R$570 milhões registrado no 2T24, impactado por uma baixa contábil não recorrente de R$1,7 bilhão. Apesar da recuperação, o papel pode continuar pressionado no curto prazo, diante da possível divulgação de nova baixa contábil relacionada à isenção fiscal sobre veículos novos, que afeta o valor recuperável da frota.

Movida (MOVI3; Neutra; R$9,10) deve apresentar um trimestre neutro, com lucro líquido estimado em R$42 milhões, queda de 1,2% na comparação anual. A receita deve crescer 10%, impulsionada por tarifas mais altas nos segmentos RAC (+15%) e GTF (+14%). No entanto, o aumento de 17% nas despesas financeiras pode limitar o crescimento do lucro.

Vamos (VAMO3; OP; R$7,40) deve apresentar um trimestre fraco, com lucro líquido projetado em R$65 milhões, queda de 72% na comparação anual e 39% na trimestral. O resultado reflete o aumento nas retomadas de ativos (+87% trimestral) e a desaceleração nos investimentos, que afetam a utilização da frota e a geração de receita. As despesas financeiras também devem crescer (+12,8% trimestral e +42% anual), pressionando ainda mais a rentabilidade.

Armac (ARML3; Neutra; R$5,80) também deve apresentar desempenho fraco, com lucro líquido estimado em R$16 milhões, queda de 71% na comparação anual. O resultado é impactado por um aumento de 32% nas despesas financeiras, totalizando R$96 milhões. A empresa enfrenta dificuldades para sustentar o crescimento da receita de aluguel (-6% anual, +2% trimestral), e rescisões contratuais devem gerar perdas não recorrentes adicionais.

Logística: resultados fracos generalizados

JSL (JSLG3; OP; R$11,00) deve reportar prejuízo líquido de R$18 milhões no 2T25. Apesar do crescimento de 11% na receita e no EBITDA, o aumento de 20% nas despesas financeiras, para R$296 milhões, deve anular os ganhos operacionais.

Simpar (SIMH3; Neutra; R$7,10) também deve apresentar prejuízo, estimado em R$106 milhões. Embora a Movida deva ter desempenho neutro, os resultados fracos de Vamos e JSL, somados à elevada alavancagem da holding, devem continuar pressionando os resultados consolidados.

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